A última Duplicata

Capítulo 62 - Sem humanidade

No meio de tanta guerra, tinha que existir alguma paz.

Eu achava que o pior sentimento era perder alguém que se ama, mas estava errada. O pior é quando você percebe que perdeu a si mesma.

- Parte de mim deseja esquecer... Esquecer que o conheci. E descobrir o que ele era, e tudo o que aconteceu depois. - Eu proseava fixada em um lugar qualquer da sala. Stefan me abraça. Como era bom sentir um abraço masculino, forte. O problema é: Não era eles. - Eu tenho enfrentado essa parte de mim... pensando que se eu a reprimisse, ela iria embora. Mas ela não vai. E agora que eu aceitei isso, ela não pode me controlar mais. E eu não quero me sentir assim. Mas não dá, com tudo o que aconteceu, nem assim eu consigo esquecê-lo. - Eles tentavam me desvendar, me entender - Eu estou apaixonada pelo Klaus.

Porém, eu não vou ser uma daquelas meninas patéticas, cujo o mundo para de girar por causa de algum cara. Eu vou começar de novo. Ser alguém novo. É a única maneira de conseguir superar. Afinal de contas, nada é mais importante que o laço familiar.

Enquanto todos estavam digerindo a situação, subi para arrumar minhas coisas no quarto de hospedes.

- Você acredita nisso? - Caroline sussurra para Elena.
- Vou atrás dela. - Stefan entra na conversa e vem atrás de mim...

Faz muito tempo que deixei de acreditar que o amor resolve tudo. Fiquei feliz por estar naquele ambiente familiar.

- Anna, o que aconteceu? - Stefan tentava me entender. Era o único que conseguia. O único que de alguma forma, passou pela mesma coisa.

- Por que estou chorando? Estou tão cansada de chorar. - Ele limpa uma lagrima que descia de meus olhos. - Sei que de alguma forma isto parece ser estranho para você. Considerando que eles vieram para nos matar. Mas, no começo havia algo em estar com o Elijah que... parecia preencher meu vazio. É como se eu sentisse que eu estava viva.

- E o Klaus? Como se apaixonou por ele depois de tudo? - Stefan prestava atenção em cada palavra que eu falava sem julgar, mas sim como um psicólogo tentando entender a paciente.

- Klaus... ele me afetou de uma forma inexplicável. Nunca me senti tão forte quanto me sinto quando estou com ele. Nunca senti como se tivesse um proposito de vida da forma que eu sinto quando estou com ele. E não importa o que eu faça, não consigo evitar.

- Quando se apaixona por alguém, não sei se da para evitar. - Ele me abraça fortemente. Com tanto carinho. - Mas, preste atenção, Anna. Sei o que é viver na pele do Elijah. E, se por algum motivo as coisas não derem certo entre vocês mais, então você não poderá mais olhar para trás. Senão, no fim das contas, isso vai destruí-lo... - Ele conclui. Stefan sabia mais do que todo mundo como era ser trocado. 

- Eles foram as únicas pessoas que me estiveram comigo o tempo todo. - Continuei.

- Eu estive. - Stefan me olha com os olhos lacrimejantes.

Solto uma risada um pouco sem graça. As incertezas desse momento tomaram conta da minha cabeça.

- Claro que estive... - ele da uma pequena risada tímida sem esperança - Anna, você é a pessoa mais linda e incrível que eu tive o prazer de conhecer. Eu sempre ia estar do seu lado.

Eu estava no único lugar do mundo onde poderia estar. Eu me sinto muito calma quando estou perto dele. Mas o amor, a amizade, é isso: uma espécie de simbiose. E naquela ocasião, seu amor me bastava. Mas não era o suficiente para me fazer esquece-los.

E eu fiz. Desliguei. Desliguei minha humanidade. E agora sim, eles teriam um problema.

Todo esse lado exaltado que tinha eu o perdi. É isto que mudou.

A vida realmente dá reviravoltas estranhas. Cada passo era mais difícil que o anterior. Desejar que tivesse sido de outro modo não fará com que tenha sido.

— Ela tinha o sorriso mais malicioso que já vi numa mulher. A alma dela parecia perdida.

E de uma coisa eu tinha certeza... precisaremos de ajuda.