Vermelho reluzente

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Mandem reforços para a sala!

Os passos me acompanhavam como um pretexto para meu leito de morte. Minha cabeça conseguia seguir os espectros deixados para trás na movimentação dos guardas em câmera lenta e transformava todas as palavras em zumbidos profundos.

Eu estraguei tudo.

A porta se abriu num baque e de repente me vi presa em uma maca.

A qual estou até o momento me debatendo como um animal raivoso. Somente meu corpo emite algum som. Minutos se passaram? Horas? Dias? O relógio parado ao topo da porta me deixou completamente sem noção de tempo.

Vejo o cômodo com diversas correntes fixas nas paredes de pedra irregular. No fundo, ferramentas cirúrgicas e mesinhas móveis.

A sala de extração.

Forçando a amarra em meu pescoço para virar a cabeça, visualizo uma das mesinhas. Bisturis afiados, luvas, seringas e uma amigável furadeira parecem me aguardar para a sessão.

Talvez se...

Com minha destra presa tento alcançar o bisturi na ponta. Sinto meu dedo roçar na lâmina, mas no momento em que acredito conseguir a porta volta a se abrir. Deixo a ideia de lado.

Trinco a mandíbula irada e meu sangue congela em reação contrária. Não posso excluir meu medo, porém posso optar por não transparece-lo.

—Te subestimei, não é?—o Presidente entra acompanhado de seus seguranças fiéis.

—Não sabem o que estão fazendo.—encaro o teto.

—Não vamos discutir sobre o certo e o errado, vamos discutir sobre seus amiguinhos teimosos.—ele vem até mim e apoia suas mãos uma de cada lado da minha cabeça, me forçando a olhá-lo—Estão gastando forças sem necessidade... Podem brincar de esconder o coleguinha ou matar alguns guardas o quanto quiserem, não vão conseguir sair da montanha.

Não pira.

Jasper e os outros estão em segurança e Bellamy ainda está infiltrado. Saberão o que fazer.

—Por que não faz logo o que tanto quer fazer?—semicerro os olhos—Me mata, Cage.

—Por favor, não pense que será tão fácil.—ele ri com escárnio e se afasta brincando com uma seringa—Quero que continue viva e reencontre seus amigos, que os veja nessa mesma maca e perceba como seus esforços foram jogados no lixo quando for a última da fila.

Engulo em seco.

—Você é a porra de um sádico.

Seu sorriso some enquanto parece se perder em algum pensamento distante e infeliz.

—Acredite ou não, não fico contente em fazer isso, apenas prossigo por um bem maior regado por ressentimento.—meneia a cabeça depositando a seringa na superfície arranhada—Também mataram dos nossos... Não sei deixar barato.

Franzo as sobrancelhas.

—E quem começou com tudo isso?—rosno pressionando os dentes uns contra os outros, não é possível que esse lunático esteja cego.

O homem esboça um sorriso amargo sem mostrar os dentes.

—Quem estava te ajudando?—indaga com firmeza deixando tudo o que falei para o atingir de lado.

—Ninguém.

Ele pigarreia e arruma sua postura andando até a porta.

—Podem iniciar, tenho coisas mais pertinentes a fazer.—para de repente e se vira para mim—Talvez seja bom eu falar que você matou a única médica de fato experiente para as extrações, não estranhe caso façam algo errado. Quando eu voltar espero que tenha mudado de ideia.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora