Sempre e para sempre

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—Diga que não teve nada a ver com isso. Diga, então estará livre.

—Não estava se importando com Clarke e Maddie, agora está se comovendo comigo?—minhas costas doem sobre o banco—Digo que faça o acordo de paz. Salvará a mim, salvará seu irmão, salvará Indra e a si mesma.

—Sabe que não posso.

—O que exatamente te impede?—Octavia se cala, imagino que morda os lábios. Ouço a respiração ruidosa da recuperação—Ao menos minha consciência ficará limpa.

—Está abrindo mão do Thomas?

Jogada baixa.

—Estou apenas dizendo a verdade. Você dita as regras por aqui, Rainha Vermelha.—sento, com a mãos apoiadas atrás viro a cabeça por completo na sua direção—Mude, volte ao que era antes. Não pense em mim agora, pense no seu irmão. Vai jogar o seu próprio sangue naquela arena?

—Tenho tudo o que preciso para avançar ao Vale. Eu não vou perder o apoio de Wonkru... Sei que precisam de Blodreina para conquistar o que merecem.—seu queixo treme e seus olhos marejam em súplica contida. Um pedido que nunca será atendido—Se não terei sua resposta, então me desculpe, fiz o que pude.

—Espero que seu travesseiro seja macio para dormir bem à noite.—o amargor se espalha por meu rosto batido—Ah, e não se preocupe com Thomas, voltarei inteira.

Um olhar duro é tudo o que recebo antes que a porta volte a se fechar num rangido.

Se eu queria dizer a verdade? Queria gritar. Queria tatuar minha falsa inocência. O que tentei foi jogar todas as apostas na consciência de Octavia sobre a mesa. Ou ela cedia, ou eu queimava. E então o fogo agora me rodeia, mais perto a cada minuto.

Se eu serei capaz de matar Bellamy Blake? Isso é algo que minha alma não permite cogitar. O tive momentos atrás. Não esperava que a efemeridade recaísse sobre nós, não mais, talvez pudesse ser real daquele instante em diante. A arena se aproxima, sei que o verei de novo, mas não como desejo. Acho maravilhoso como ama quebrar promessas.

Apenas digo que: se fizerem da batalha algo pra valer, não ficarei para trás. Ainda tenho por quem lutar. O que me resta é esperar, e rezo para que seja a última vez em que faço do maldito teto frio meu amigo. Puxo o ar e o solto vagarosamente, sentindo a sua importância no meu corpo. Algo simples e leve para se pensar. Abro os olhos e passeio ao redor. O cômodo familiar traz Kane à mente. Espero que esteja em melhores condições, aqui vamos de mal a pior.

Ouço passos. Sabia que chegaria uma hora, mas não dentro de cinco minutos.

—Gladiadores, à arena.—é o que diz o homem grandalhão quando a porta é destrancada novamente.

"Tommy, queria poder te mostrar que existe beleza no Mundo. Se eu não conseguir, espero que Ben seja capaz", profiro em pensamento. Ele não estará lá, nunca que estaria. É a maneira que encontro de estruturar um até logo, já que o adeus não se encaixa nos meus planos. Thomas merece uma vida feliz, pacífica e cheia de amor, não viver nesse cenário. É um pesadelo. Um pesadelo sem fim.

Engulo uma tempestade e ressuscito a indiferença. Octavia terá o que quer. Esperava a ganhar de volta, porém não se pode salvar quem não quer ser salvo.

Avanço em direção à arena me desvencilhando do guarda, subindo a mão como sombra aos olhos quando a luz radiante do dia em conjunto com as odiosas do bunker atingem minhas íris. O clima aos preparativos do embate é sempre o mesmo: sanguinário, ensurdecedor e enjoativo. Gritos. É o necessário a se retratar. Liberam passagem e sou a primeira exposta ao centro. Me sinto um motivo de vergonha com vaias, porém me mantenho. Indra é a segunda a ser arrastada. Se põe ereta e se posiciona ao meu lado.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora