Radioactive pond

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Se dormi essa noite, não passou de alguns minutos.

Fiquei até tarde ao lado de Raven. A chuva esmurrando as paredes e o burburinho das pessoas surgindo de cada canto escuro da Arca. Seis meses. É tudo o que temos até aparecerem soluções melhores do que deixar para fora mais da metade do nosso povo. Clarke cuidou de um grupo de delinquentes que fizeram apostas ao exterior do acampamento, felizmente não evoluíram da vermelhidão. Se Monty e Harper não estivessem pegando no pé do Jordan, ele seria um dos cabeças da brilhante ideia.

Levanto minha cabeça que está apoiada nos meus braços dobrados sobre a mesa e me empurro para trás na cadeira com cuidado em fazer barulhos excessivos. A mecânica cochila no sofá não há muito tempo, e Bellamy saiu para cuidar da patrulha quando a chuva cessou.

A ideia de selar a Arca segue de pé, mesmo com suas consequências. Pessoas foram recrutadas após o discurso incentivador de Clarke por uma chance de prosperarmos no fim disso tudo; todos nós. Apenas deixou de lado o pequeno limite do futuro-improvisado-bunker. Claro, que ponto poderia ser mais insignificante do que esse? Segundo a loira: a esperança supera a realidade.

É a primeira vez em que discordamos em meses.

Levanto e caminho para fora da sala nas pontas dos pés. Talvez ar seja tudo o que eu precise para ter um empurrãozinho no quesito ajudar. Fujo dos corredores íngremes e me sento no degrau da saída. O céu não tem estrelas e a lua se esconde tímida nas nuvens.

Seria épico gravar esse momento se não fosse triste.

—Hey, florzinha amarela que vi logo ali!—Jasper caminha até mim embolado após parecer ter sido expulso de uma barraca—Andei te procurando, por onde esteve?—seu riso fácil me alcança com um hálito terrível.

—Jasper, o que você bebeu?—tento não fechar minha cara, forçando um sorriso.

O garoto senta ao meu lado praticamente se jogando e acaba deitando para trás no piso.

—Cara, como o céu tá solitário.—fala como um garoto curioso. Ele bate as costas da mão na minha e faz um sinal me convidando para deitar. Sem muito o que fazer, aceito—Sinto uma conexão.

O frio do metal me faz ter arrepios e eu respiro relaxada pela melhor postura da minha coluna.

—O quê? Se sente solitário?—deixo as mãos sobre a barriga.

Pff... Não! Minhas queridas plantinhas me fazem bem.—o vejo sorrir sem jeito—Digo com você.

—Uma conexão comigo?

—Foi isso o que acabei de dizer.—revira os olhos balançando a cabeça como se eu fosse tola—Não viu como nos unimos na CL?—franzo o cenho com o que parece receber o nome de uma droga pouco pesada—Cidade. Da. Luz. É o melhor apelido até agora. Cidade dos Desesperados é horrível!

—Tem razão.—rio fraco—Mas nos unimos pela causa errada, Jas.

Ele se vira bruscamente para mim, apoiando uma mão na testa como se o mundo desse cambalhotas ao seu redor.

—Que merda está dizendo?—me encara desacreditado—Aquele chip era tudo pra mim.—volta a se jogar no chão com um arrepio balançando seu corpo—Clarke estragou tudo!

—Ela nos salvou.

Penso na ironia que é dizer isso quando o novo apocalipse nos aguarda. Provavelmente devesse ter usado outras palavras para descrever a situação. Um "nos libertou" bastaria.

—Se continuar com isso, vou te deletar da minha lista de amigos.—boceja.

Segundos depois, Jasper está roncando. Continuo ao seu lado em silêncio, até que o sol nos presenteie com seus primeiros raios.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora