Manhã vazia

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| Pode conter gatilhos |

Vadiazinha rasa. Jus drein jus daun. Ela se foi. O coração bate. Era isso que você queria, não era? Você é a porra de um narcisista. Outro traidor. O sangue corre nas veias. Porque a gente faz o que quer! Ou o quê? Vai me enfocar? Não tem força para lidar com isso. O rosto se encharca com o corpo tremendo.

Matou aquelas pessoas.

—Não... P-podia ter sido... diferente...

Droga, preciso me concentrar! Buscar uma saída e me recompor, não ouvirei os gritos do passado... Não posso! Não quero! É apenas uma sala escura...

Uma. Sala. Escura!

• POV's Bellamy Blake •

Meu braço alcança a superfície da cama quando viro para o outro lado trocando de posição. A ausência de algo me causa incômodo. Abro os olhos relutante.

Percebo que estou sozinho no momento em que busco Beatriz com o olhar e não a encontro em canto algum do dormitório. Claro, tarefas. Deve estar auxiliando alguém do acampamento e me condenando por ter acordado tão tarde.

Passo a mão no rosto afastando o sono e me levanto vestindo as roupas rapidamente.

Me recordando do episódio de ontem, vejo que preciso falar com ela. Era óbvio que o que quer que Kane tenha dito nesse "algo inesperado" a abalou profundamente, portanto, deixo o quarto com as energias pouco recarregadas e saio à sua procura.

Octavia é a primeira que vejo no caminho, seus cabelos estão escorridos e deduzo que esteja chovendo.

Ah, Bell...—murmura como se eu fosse a última pessoa que desejasse ver—O que faz aqui?

Paro à sua frente e cruzo os braços não dando importância para sua expressão desgostosa.

—Já é de manhã, também tenho coisas a fazer.—arqueio as sobrancelhas com um sorriso sem mostrar os dentes para fugir da seriedade fria.

—Não, não é.—ri breve sem humor algum—Faltam algumas horas para o sol nascer, irmãozão.

Olho ao redor com estranheza e observo as luzes acesas nos corredores. Nenhum ponto indica que esteja de dia ou de noite, apenas minha intuição. Então, se não é de manhã, onde ela está?

—Viu a Bia por aí?—questiono voltando meu foco.

—Pelo que vê, acabei de voltar ao acampamento. Não tem ninguém além dos guardas lá fora.—passa as mãos no cabelo e torce seus fios que respingam água no piso—Por quê? O que aconteceu?

Oc me fita com julgamento, me fazendo estreitar os olhos.

—Acordei e ela não estava mais lá, achei que estivesse trabalhando com os outros.

Um sentimento de inquietação é injetado aos poucos nas minhas veias. Pode ter ido tomar água ou coisa do tipo, mas estamos na Terra, não custa me certificar de seu paradeiro e ter a certeza de que está segura.

—Ela só pode estar caminhando por aí... Não tem muito o que fazer nesse temporal.—desfaz sua postura firme.

Talvez por me ver com uma pontada de preocupação, minha irmã decide tolerar com mais facilidade minha presença. Sei que não faz por mim, mas sim por sua amiga, o que já está de ótimo tamanho.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora