Jus drein jus daun

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Já haviam se passado algumas horas.

Saber que Lincoln está preso me lembra do primeiro contato que tivemos com ele no antigo acampamento. Se encontra da mesma maneira. Amarrado. O diferencial é que estamos buscando um meio de salvá-lo.

Fiquei um tempo dentro da nave com Bellamy conversando sobre coisas banais enquanto Octavia se fazia incapaz de estabelecer distância do piso superior, até que decidi sair pra espairecer.

A brisa da noite me envolve calma e refrescante. Um relaxante para os meus músculos e minha cabeça dolorida pelos pensamentos. Era disso que precisava para poder me focar outra vez no nosso desafio.

Lincoln.

Ele é um ceifador. Todo esse tempo pensávamos que era refém dos montanheses ou tinha morrido após ter sido levado. Sinceramente, não sei se era melhor como estava antes ou agora depois de encontrá-lo. Se tornou um ser irracional, programado para matar qualquer um na sua frente, não temos certeza se tem como reverter.

Pego o rádio que tomei do guarda no meu bolso e chamo por Clarke. Imagino que também não tenha ideia do que fazer, mas uma cabeça a mais pensando sempre ajuda. Ela logo responde e parte ao nosso encontro.

Querendo que o tempo passe num piscar de olhos, me distraio andando de um lado ao outro abraçando o próprio corpo.

Mount Weather. Ceifadores. Nosso povo. Não, foco! Temos um problema maior no momento.

Assim que escuto passos em folhas secas se aproximando, me viro na direção, reconhecendo a loira junto a Finn.

—Graças a Deus!—solto o ar aliviada por ter chegado antes dele recobrar a consciência.

—O que aconteceu?—indaga parando ao meu lado enquanto Finn se mantém em silêncio.

ELE ACORDOU!—Oc grita do andar de cima.

Bem na hora.

—Veja você mesma.—respondo tensa e entro na nave esperando que eles me sigam.

Subo a escada e posso ver Bellamy e Octavia a uma certa distância de Lincoln. Me coloco ao lado deles e olho para Clarke se afastando da escotilha.

O homem se debate produzindo grunhidos estranhos e violentos com a boca.

—Lincoln? O que houve com ele?—a Griffin murmura espantada analisando a situação—É um ceifador...—conclui.

—Tem como ajudar ele?—Octavia pergunta se posicionando ao lado da loira.

—Eu não sei.

Clarke continua olhando-o com uma expressão indagativa. Ela se aproxima lentamente enquanto ele puxa as correntes e faz o som estridente ecoar pelo ambiente.

De forma brusca, para, como se estivesse engasgando com sua própria saliva, mas volta ao seu normal em instantes.

—Está convulsionando.—a loira diz e abaixa seu olhar—O que aconteceu com a perna dele?

Puxo o ar e comprimo os lábios sentindo a culpa me atingir. O sangue ensopando a calça perfurada me atinge com mil toneladas.

—Atirei nele.—admito.

Ela deixa seu foco repousar sobre mim como se tentasse desvendar toda a história por trás.

—Clarke, ele perdeu muito sangue.—Bellamy leva a atenção dela de volta a Lincoln.

A garota é encorajada a se aproximar uma segunda vez, não evitando um pequeno susto ao protesto selvagem dele.

—Iluminem o pescoço para mim.

OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100 Onde histórias criam vida. Descubra agora