Acordo e sinto minha cabeça latejar.
—Merda...—resmungo levando a mão até o lugar dolorido, devo ter batido quando apaguei.
Lentamente, me voltam as lembranças do que ocorreu. Os guardas invadindo a cela e eu e Octavia sendo sedadas. Octavia... o que aconteceu? Onde estou? Porque tudo treme? Ah, claro, estamos em uma missão suicida ao planeta Terra. Quase me esqueci.
Pisco algumas vezes me acostumando com a claridade e abro os olhos de vez. Sinto um incômodo em meu pulso e vejo que nele possui uma pulseira estranha.
Monitoramento de sinais vitais?
Torno a olhar ao redor, me deparando com diversos deliquentes, dos quais eu não conheço nem metade. Cada um preso por seu cinto de segurança em seu devido assento, porém, sempre existem os rebeldes, e neste exato momento estão se divertindo na gravidade zero.
—Hey, não quer se juntar a nós?—um deles me pergunta se aproximando com um sorriso zombeteiro e passando a mão em seus fios castanhos flutuantes de cabelo. Os brilhantes olhos verdes parecem tentar me induzir.
—Não, eu prefiro viver.—sorrio cínica e ele logo se afasta frustrado.
—Olha quem acordou.—diz alguém na fileira da frente. Me viro na direção da pessoa.
—Wells? O quê o filho do Chanceler faz aqui?—indago estranhando sua presença. Acho que perdi muita coisa no meu período de detenção, pois até onde sei, Wells não possui coragem nem de machucar uma mosca para se colocar nessa posição.
—Isso não importa muito agora.
Nossa atenção é desviada para uma transmissão do Chanceler Jaha no telão principal, não me fazendo conter uma revirada breve de olhos.
—Sejam bem-vindos, delinquentes da Arca, vocês foram os escolhidos para serem enviados de volta à Terra.—jovens resmungam coisas do tipo "vamos morrer", zoam Wells ou demonstram revolta com a aparição do líder—Na nave, encontrarão instruções do que devem fazer para sobreviver. Encarem isso como uma nova oportunidade, como uma forma de serem desculpados por seus crimes, então bo...—neste momento, a transmissão é cortada e uma turbulência nos envolve em cheio, me fazendo agarrar o cinto com força.
Sempre quis saber como seria ir para a Terra, mas agora tenho certeza que é uma mistura horrível de pânico e ansiedade que eu odiaria reviver.
—Acabamos de adentrar na atmosfera! Se segurem!—gritam e eu aperto os olhos torcendo para que acabe logo.
Depois de um tempo agonizante, sinto nosso contato com o solo e tudo se torna silencioso.
—Acho que estamos vivos.—abro meus olhos um de cada vez e desencosto a cabeça do assento para ter a certeza de que falei a verdade. Encontro alguns feridos e percebo que outros infelizmente não tiveram muita sorte com o impacto da reentrada. Levo uma mão até a trava do cinto e me solto, assim como todos fazem no momento.
Levanto e tento procurar por Octavia, que não tinha visto desde que acordei aqui. Abro espaço entre algumas pessoas e meus olhos a avistam na beira de uma pequena rodinha que envolvia um guarda da Arca em frente à saída, acredito que o sortudo escolhido para nos supervisionar. Me preparo para chamar por seu nome, mas então noto sua expressão, que por mais curioso que pareça, exala algo que interpreto como felicidade.
Só a via assim quando...
—Bellamy?—ela pergunta com um sorriso se formando no rosto.
Quando falava de seu irmão mais velho.
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OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100
FanfictionComo um planeta que fora dominado pela radiação durante quase um século poderia transmitir um ambiente acolhedor ou até mesmo seguro para alguém? Regada por ainda mais ameaças e hostilidade, capaz de destruir qualquer um que ouse baixar a guarda, es...