Anna Kariênina tinha apenas 10 anos quando seu pai foi injustamente acusado de assassino, e anos depois faleceu na cadeia. Doze anos depois, Kariênina se tornou uma assassina profissional após ser adotada e treinada por uma família de mafiosos, agor...
Mal chego aos corredores da San Diego School e o sinal toca, todas as portas se abrem e os alunos saem. Merda! Perdi a primeira aula. Avisto os cabelos morenos de minha melhor amiga e ela revira os olhos ao me ver.
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- Chegou atrasada de novo, Elis? Conhece algo chamado despertador? - Elena praticamente grita assim que chega perto de mim. - Não tenho culpa se o desgraçado resolveu descarregar hoje. - Bufo indo até meu armário pegar os materiais das próxima aulas. - A primeira aula era de história dos indigenas americanos, o professor quer que seja pintados quadros inspirados nas obras do povo. - Minha melhor amiga explica enquanto fechamos nossos armários ao mesmo tempo, e batemos com nossas testas nos armários, dramatizando. - Bela touca, hein, Anna. - Ouço uma voz feminina desdenhar, e eu aperto minha mão em punho tentando me conter. - Cobra. - Elena resmungou enquanto nos viramos de novo para o corredor.
Se tratava de Savana, uma desgraçada filha de franceses que se acha a última Coca-Cola do deserto, desde chegou aqui há 5 anos só sabe fazer da minha vida um inferno. Todos aqui me julgam, sabem de quem sou filha e adoram jogar na minha cara, nunca disse nada a Paul então por isso ele nunca fez nada. Todos acham que podem falar o que quiserem comigo, Savana e suas duas cadelas imitadoras que não saem do pé dela, imitam tudo em Savana, até mesmo o cabelo super liso e loiro oxigenado. Sinceramente eu nem ligo mais para o que falam de mim, quando era mais nova me machuquei muito com isso, hoje isso não faz mais tanta diferença, por mais que exista aquela eu interna que quer sair, gritar, xingar e quebrar a cara de alguém. Tenho cabelos castanhos e cacheados que caem até as costelas, eu nunca soube muito bem como cuidar deles já que a maioria das meninas tem cabelo liso, seja natural ou com química, não sei para quem herdei essa herança maldita já que meus pais são ambos loiros. Olhos escuros e expressivos, pele clara e magra, sei que posso ter meus atributos mas, comparada com as outras garotas, não sei se sou lá essas coisas.
- Mas essa touca está horrível mesmo, amiga. Tira isso e deixa esses cabelos a mostra. - Elena sugere. - Não tive tempo de arrumar, estão mais feios que o normal. - Suspiro cansada dessa mesma conversa sempre. - Você não é feia, Elis, muito menos teu cabelo. Você só precisa se aceitar e se amar mais. Pelo amor de Deus! - Elena diz a mesma ladainha de sempre e eu reviro os olhos. - Eu preciso é estudar, vamos para a aula. - Digo começando a andar. - Eu ainda vou ver você linda e assumindo esses cachos, vai ser a coisa mais linda que vou ver na vida. - Elena diz animada e eu sorri.
Sinceramente, não sei o que seria de mim sem Elena nessa escola, ela se tornou a única coisa boa que há em meus dias. Ela tem esse jeito meio extrovertido comigo, mas é tão tímida quanto eu em questão ao público, ela chegou no mesmo ano que Savana e logo ficamos amigas. Ela é empoderada e acho lindo como defende sua cor para ter seu lugar de direito, eu queria ter a coragem dela de assumir meu lugar de direito em minha própria vida mas, a única coisa que penso é em fugir dela. Talvez, algum dia eu tome coragem e, assuma quem eu sou. Mas não sei se descobrir quem eu sou é uma prioridade agora, se bem, que há anos eu empurro essa questão, e continuo sem saber quem eu sou, qual o meu lugar.
