Capítulo 9

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{POV. Anna Elis}

  Não abra, você não pode abrir essa porta. Ela é uma assassina, o que ela faria contigo se abrir essa porta? Não abra a porra da porta!
  Minha mente gritava isso, mas meu estomago gritando de fome dizia outra coisa, e, ainda por cima, o frigobar de meu quarto estava vazio. Acho que umas 3 horas já se passaram desde que cheguei da escola e presenciei o que pode ser minha sentença de morte. Anna Kariênina estava aos beijos com outra garota no quarto dela, ela estava semi nua e eu petrifiquei na hora. Dane-se se ela estava ficando com outra mulher, a questão é que ela estava traindo meu pai na casa dele e ainda por cima na véspera do meu aniversário.
  Anna Kariênina realmente não pareceu muito diferente do que eu imaginava, uma golpista que está se aproveitando de meu pai. Mas Anna Kariênina é uma golpista diferente, ela pode me matar de várias maneiras que ninguém saiba, esconder o corpo nos quintos dos infernos e não pagar por isso.
  Mas eu tinha que fazer algo, por mais que eu não chamasse sempre Paul de pai, ele é meu pai e não posso deixar que ele caia em um golpe como esse.
Anna Kariênina não batia mais em minha porta e não ouvi mais movimento algum, então resolvi que tinha que sair e comer algo, talvez se eu ficar cercada pelos empregados na cozinha ela não faça nada.
  Vamos, Anna Elis, seja corajosa e faça algo útil pelo menos uma vez na vida. Essa mulher não pode chegar e te intimidar assim, ela não é nada. Bom, eu também não, mas essa não é a questão agora.
  Assim que me levanto do chão e abro a porta, me arrependo imediatamente.
  Anna Kariênina estava colada na outra parede com os braços cruzados, agora totalmente vestida, e os seus olhos se fixaram frios nos meus, tentei fechar a porta novamente mas já era tarde e ela me empurrou. Meu coração se acelerou e a raiva por essa mulher queimou por mim de uma maneira insana.

- Saia do meu quarto agora! - Gritei.
- Não saio até você me ouvir. - Kariênina rebateu.
- Ouvir? Ouvir o que? Que você trouxe sua amante para dentro da casa do meu pai? Não preciso ouvir, pois vi com meus próprios olhos. - A raiva por essa mulher me deixava louca, eu estava discutindo com uma assassina, e não sentia medo algum.
- Não é nada disso que você pensa, sua idiota. Só não quero que conte isso a alguém.
- Não me chame de idiota! - Lhe interrompo. - Você que é uma golpista de quinta, mal casou com ele e já está lhe traindo!
- Você sequer chama ele de pai e vem querer lutar pela honra dele? Não seja hipócrita.
- Hipócrita é você que traz sua amantezinha de merda para cá sem sequer assinar os papéis, meu pai com certeza não vai mais querer casar com você. - Retruquei soltando um sorriso de desdém.
- Garota, você não sabe de nada, então não se meta. - Agora quem desdenhou foi Anna Kariênina.
- Você é uma filha da puta aproveitadora e assassina! - Disparei com raiva.

  Eu poderia me arrepender assim que vi Anna Kariênina se aproximar de vez, mas o ódio dentro de mim era tão forte que não senti mais nada além disso.

- E você é o que, hein, Anna Elis? Uma idiota, hipócrita e mimada que se acha superior e evoluida, rejeitando o dinheiro do tráfico que coloca todo santo dia a comida no teu prato. Então não venha falar do que eu sou, como se fosse uma ofença, pois você não sabe da missa a metade para eu chegar onde cheguei. Então para de ser mimada e aceita a vida que tem! - Anna Kariênina disse tais palavras tão cruéis com tanta convicção que me deixaram sem reação, pois não esperava por essa. - E vê se fica com essa boca fechada, sua mimada do caralho! - Ela apontou para mim e logo andou até a porta de meu quarto.
- Sua babaca arrogante! - Foi a única coisa que consegui dizer enquanto ela fechava minha porta com força.

  Cai na cama rosnando frustrada por ter perdido a discussão, sentindo meu coração disparar, passo as mãos pelo cabelo e me joguei sobre os lençóis com as palavras de Anna Kariênina pairando sobre minha mente.
  Ela não estava certa. Não! Ela não podia está! Eu não sou assim!
[...]

  Passei o dia todo em uma mistura de raiva com decepção, decepção por ter ouvido palavras tão duras de uma pessoa que mal me conhece.
  É confuso, eu sei.
  Mas, a verdade, é que desde ontem quando essa mulher colocou os pés na sala de minha casa que minha vida é um turbilhão de confusões, virou de cabeça para baixo. Anna Kariênina fez nascer um fogo de ódio dentro de mim que aumentou ainda mais após a briga de hoje, sinto que ela quer roubar tudo que tenho. E que não posso deixar isso acontecer.
  Não a vi mais o restante do dia todo pois fiquei trancada no quarto e Lúcia me fez o favor de me levar uma bandeja com jantar, e também não tive cabeça para pintar nada. Já se passava das 22:30 da noite e eu esperava Paul, sentada apenas de camisola com um roupão por cima, na sala folheando uma revista velha que estava por aqui. Eu tinha que conversar com ele, tinha que o alertar. Ouço a porta se abrir e dou um salto quando o vejo entrar.

- O que faz aqui há essa hora? Achei que estaria pintando. - Ele diz assim que ver.
- Precisava falar com você. - Paul me olha a espera da continuação.

  Merda, como eu conto para alguém que essa pessoa está sendo corno?

- Eu vi Anna Kariênina aos beijos com uma mulher no quarto dela hoje, acho que ela já deve ter esse caso há algum tempo. Paul ela está te enganando... - Ele me interrompe.
- Kariênina me falou sobre isso. - Ele solta e eu uni minhas sobrancelhas horrorizada.
- O que?! Você sabia que ela tinha um caso?
- Sim, e ela me ligou para avisou que você as tinha visto. - Ele disse aquilo como se não fosse nada.
- Mas, o que está acontecendo? É alguma espécie de trisal ou relacionamento aberto? Mas que porra... - Ele me interrompe.
- Minha intimidade não é do seu interesse, Elis, e a única coisa que ordeno é que você não diga o que viu a ninguém. - Abro minha boca para questionar mas Paul é incisivo. - Não conte para ninguém, Anna Elis! Nem para aquela tua amiga meio perturbada. Uma palavra sobre Anna Kariênina, e eu te jogo para fora dessa casa, Anna Elis.

  Paul encerra, ele nunca havia sido tão duro comigo, muito menos me ameaçado dessa forma. Ele anda até a escada, onde me surpreendendo ao ver Anna Kariênina no topo apenas com uma camisola longa preta de cetin com um robe aberto também longo de cetin preto.
  Ela estava de lado apoiada na parede ostentando um sorriso vitorioso para mim, enquanto Paul foi até ela e lhe deu um selinho demorado, ele pôs a mão na cintura dela e saíram.
  Meu estômago embrulhou e eu caí sentada no sofá, ainda complemente perdida com o que eu tinha acabado de presenciar.
  Que merda está acontecendo?
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora