Capítulo 55

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{POV. Anna Elis}

Dois dias já se passaram, marcas avermelhadas e roxas ainda estavam em minhas mãos pela surra que dei em Alana, elas estavam trêmulas enquanto eu estava sentada em um dos bancos que havia no enorme tribunal de julgamentos. Ao meu redor estavam todos os Borges, e até mesmo Diego e seu pai havia vindo, os outros bancos ocupados por convidados do júri.
A minha frente depois de barra de madeira e dos policiais que faziam a segurança estava os locais onde iriam ficar os júris, o juiz, o promotor de acusação e o advogado de Anna Kariênina e a mesma. Eu a vi apenas duas vezes durante esses dias mas isso não era o suficiente para nós, ficar apenas meia hora arquiteta planos e fazendo promessas vagas de que tudo vai ficar, é a coisa mais torturante que já fizemos. Eu não quero a ver por apenas meia hora, eu a quero por uma vida inteira ao meu lado, e enlouquecerei se esse tribunal nos decretar o contrário.
Engoli seco quando as portas se abriram e o juiz entrou, levantamos em respeito enquanto todos os júris, promotor e Stefam também entraram.

- Bom dia a todos, sejam bem vindo ao julgamento da ré Anna Kariênina Ralph Vegas, acusada de assassinar a vítima Dorgles Stone Lins. - O juiz disse no microfone e voltamos a nos sentar. - Podem trazer a ré.

Meu coração se acelerou e eu apertei as barras no joelho do vestido preto de mangas compridas que eu usava, as portas se abriram e vi Anna Kariênina sendo trazida com dois policiais segurando seus braços. Meu coração se partiu em mim pedaços e meu queixo tremeu as algemas em suas mãos e até mesmo correntes nos pés, eles a tratavam como um animal, nem mesmo um animal deveria ser tratado assim com tanta ignorância.
Anna Kariênina me notou mesmo em meio a tantas pessoas, e debaixo daquela feição cansada dos dias na cadeia, ela ainda conseguiu me lançar um sorriso fraco. Como se dissesse aquelas palavras que ainda não foram pronunciadas, mas sabia que estava lá, não precisávamos delas para expressar nosso amor.

- Promotor, comece a declaração do crime. - Indicou o juiz após Anna Kariênina se sentar ao lado de Stefan.
- Meretissímo, a acusada esteve na casa da vítima e estava no mesmo recinto que o senhor Dorgles quando ele foi morto. A ré lega que estava lá a trabalho, pois precisava de dinheiro e começou a trabalhar como prostituta em uma aliança com a mulher chamada madame Dalila, então durante o seu trabalho, houve divergências em questões aos gostos de seu cliente e em discussão, ele acabou a ferindo com um golpe de faca na barriga. - O promotor, um homem idoso de cabelos brancos começou a contar. - Detalhe, meretissímo: a acusada o golpeou com várias fachadas pelo peito e abdômen, e uma brusca abertura na garganta do homem. Outro detalhe: a arma não foi encontrada no recinto pelo perito. - Ele encerrou e eu engoli seco.
- Defesa por favor. - O juiz disse e Stefan levantou arrumando sua bata de advogado, e eu estava quase para explodir de ansiedade.
- Meretissímo, minha cliente estava sim a trabalho na casa da vítima e o golpeou com várias facadas. Detalhe: Minha cliente estava visivelmente alterada por medo e desespero do que o homem poderia fazer a ela, então ela o esfaqueou as cegas com golpes involuntários. Outro detalhe: Temos a testemunha principal que pode afirmar que Anna Kariênina estava lá a trabalho e o quão agressivo e perigoso era Dorgles Stone Lins com seus desejos sádicos, e como minha cliente só agiu em legítima defesa. - Stefan é interrompido pelo promotor.
- Vale ressaltar, senhor juiz, que a perícia afirma que 18 facadas não é são atos de uma pessoa que está em legítima defesa, e que o fato da arma não ter sido encontrada pode indiciar que Anna Kariênina estava lá planejamente e que se livrou da maior prova. Outro fato que todos temos sabedoria aqui: a grande fama de Anna Kariênina como a maior assassina profissional de San Diego, mesmo que não há provas, existe indícios que os boatos sejam verdadeiros.
- Boatos não podem ser levado em consideração nesse júri, apenas os fatos. Eu faço uma abstenção, meretissímo. - Stefan interviu com rapidez e um burburinho começou na plateia.
- Abstenção aceita. - O homem bateu o martelo. - Silêncio no tribunal, por gavor!

Meu coração congelou e pude ver de relance a feição neutra de Anna Kariênina, mas eu sabia que por dentro ela estava tão nervosa quanto eu.

- Chamem a testemunha de defesa.

O juiz indicou e poucos minutos depois madame Dalila entou no tribunal e sentiu sobre uma cadeira de madeira que ficava bem no meio de todo o tribunal, após ela fazer o juramento da verdade, o advogado de Anna Elis começou a lhe interrogar para os júris. Madame Dalila seguiu tudo o que havia planejado e decorado com Stefan, confirmando toda a história de que Anna Kariênina estava apenas a trabalho e apenas se defendeu. Senti um alívio no peito quando ela saiu, pois essa etapa havia de passado.

- Promotor, sua alegação de acusação. - Indicou o juiz.
- Senhor juiz, a polícia foi informada via uma denúncia anônima de que uma mulher havia ido até a casa de Dorgles Stone Lins para o matar. Ressalta-se que Anna Kariênina Ralph Vegas, é filha de Harry Vegas Danadony, um presidiário condenado assassino, que passou até seus últimos dias jurando que Dorgles era o verdadeiro acusado do crime. Dentre isso, podemos dizer que a acusada poderia ter uma richa com o possível homem acusado por seu pai, e motivos para o matar. - Engoli seco e Anna Kariênina se mexeu um pouco na cadeira. Puta que pariu. - Em questão a polícia, temos uma testemunha de acusação. Um dos policiais que perseguiu e capturou Anna Kariênina.
- Merda. - Ouço Jones sussurrar ao meu lado.
- Chamem a testemunha de acusação. - Alguns minutos depois o homem ruivo, de mais ou menos uns 40 anos, já estava sentado na cadeira de testemunha e sendo interrogado pelo promotor.
- Senhor Elis Michael Tyiler nos diga o que exatamente o senhor viu quando chegaram ao quarto do senhor Dorgles.
- Assim que chegamos os seguranças deles já havia fugido com medo de polícia, achamos o corpo do homem praticamente destroçado e ouvimos barulhos vindo do closet. Perseguimos o barulho e vimos uma mulher de preto sangrando atravessando uma espécie de passagem secreta atrás do espelho. Ouvimos vozes mas ela poderia também está falando sozinha, mas ouvimos vozes baixas. Então ela começou a atirar em meio ao escuro, consegui desviar das balas e a persegui. Ela continuou a conversar sozinha como se falasse com alguém, mas quando a encontramos ela estava sozinha e sem pistola nenhuma.

Senti o ar me faltar.
Merda, será que eles descobriram que eu também estava envolvida?
Vejo Anna Kariênina se mexer mais uma vez como se pensasse a mesma coisa.

- Hum, então o senhor está me dizendo que pode ter uma segunda pessoa envolvida nesse crime e a senhora Anna Kariênina está tentando acobertar? - O promotor soltou e eu estava quase para o esganar com minhas mãos.
- Sim. - Disse o homem, simplesmente.
- Que também houve tiros mas não encontraram pistolas?
- Sim.

O promotor soltou uma risada leve de escárnio.

- Como pode ver senhor juiz talvez a senhora Anna Kariênina não esteja dizendo a história toda, ela atirou mas não encontraram a arma, conversou sozinha e sabia de uma passagem secreta no closet. - Pondeirou. - Sem mais perguntas.
- Testemunha dispensada. - O juiz disse e outra onda de murmúrios começou, todos estavam em choque e eu estava quase tendo um colapso. - Silêncio no tribunal, por favor, silêncio! - O homem bateu o martelo duas vezes e aquele som me dava calafrios. Esse pode ser o som que acabará com minha vida e a de Anna Kariênina. - Vamos ouvir a acusada agora.

Respirei fundo e soltei várias vezes, tentando me acalmar enquanto dois guardas acompanharam Anna Kariênina até a cadeira no centro. O barulho daquelas correntes se arrastando fazia cada póro meu se arrepiar.

- Senhora Anna Kariênina Ralph Vegas... - Começou o velho filha da puta do promotor. - A senhora disse que havia ido a trabalho a casa do senhor Dorgles, mas sabia de uma passagem secreta e tinha uma pistola, o policial ouviu vozes e provavelmente a senhora teve um cúmplice no...

A voz de Anna Kariênina soou e ela fez a coisa mais burra que jamais imaginei que ela iria fazer.

- Eu metei Dorgles, o matei porque quis e sozinha. - O peito de Anna Kariênina subia e descia enquanto ela mantinha o queixo erguido para o juiz.

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora