Capítulo 56

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{POV. Anna Elis}

- O que? O que ela está fazendo? Meu Deus, não acredito! Eu sabia que era ela! Nossa, ela confessou mesmo?!

Os murmúrios soaram por todo o tribunal e até mesmo os Borges estavam indignados. Eu estava sem palavras, sem ao menos conseguir reagir, apenas com minha boca levemente aberta pelo choque, não conseguia entender o por que diabos Anna Kariênina estava fazendo aquilo.

- Silêncio! Silêncio nesse tribunal! - O juiz bateu o martelo várias vezes e então houve silêncio novamente. - Senhora Anna Kariênina, a senhora tem noção do que está fazendo? - O juiz se dirigiu a ela.
- Estou confessando meu crime, não é isso que a justiça sempre espera dos acusados. Eu confesso meu crime, matei Dorgles com minhas próprias mãos e, sim, sou a assassina profissional dos mafiosos de San Diego, já matei dezenas de pessoas. Eu sou a assassina de Dorgles, a única assassina. - Anna Kariênina confessou firmemente.

Meus olhos marejaram e então eu entendi tudo, Anna Kariênina estava confessando e assumindo o crime sozinha pois havia aparecido a possibilidade de surgir um segundo acusado, de chegarem a mim e me incriminarem também. Anna Kariênina estava fazendo o que sempre fez por mim, estava me protegendo, colocando a minha segurança acima da sua.

- Se é a única culpada, como explica as armas que possivelmente carregava terem sumido? - O promotor insistiu.
- O túnel era escuro e eu estava desorientada por causa do sangue que perdia, devo tê-lás deixado cair. - Anna Kariênina era firme em suas palavras, ela estava fazendo de tudo para que não surgisse uma brecha para me encontrarem.
- Mas os peritos não encantaram nenhuma arma quando vascularam o local.
- A mansão de Dorgles era enorme e talvez nem todos os seguranças possam ter fugido, alguém pode ter descido lá e pega-lás. - Ela rebateu e o homem suspirou, enfim cedendo.
- Ok, senhora Ralph, então se está confessando tudo, nos conte detalhe por detalhe do crime. O que lhe motivou até lá?
- Como o senhor mesmo contou, a richa entre meu pai e o Dorgles, meu pai morrendo preso injustamente e Dorgles teria que pagar algum dia. Treinei e me tornei boa na arte de matar, uma verdadeira deusa da morte como as pessoas me chamam. - Ela soltou um sorriso desdenhoso, mas meu coração se apertou sabendo que era puro fingimento. - Então procurei madame Dalila com a mentira que estava precisando de dinheiro pois meu falecido marido havia deixado toda a herança para sua filha, a mulher não tem culpa apenas queria mais uma garota de programa. Eu havia conseguido capturar, torturar e matar um dos capangas de Dorgles em busca de informações, ele me contou da passagem de emergência e então eu executei o plano. - Ela deu de ombros.
- Planejou toda essa vingança sozinha? - Indagou o juiz.
- Achei que minha fama de melhor assassina profissional da cidade, lhe impedisse de ter esse tipo de dúvida. - Anna Kariênina soltou um sorriso mórbido que me deu calafrios.
- Vamos fazer uma pausa para os júris decidirem o veredito. - O juiz levantou de sua cadeira e todos fizeram o mesmo.

Os murmúrios recomeçaram e vi o momento em que os seguranças pegaram Anna Kariênina para leva-lá se volta, ainda conseguisse cruzar seus olhos e a única coisa que meus lábios conseguiriam gesticular foi: "- Por quê?"
Anna Kariênina não teve tempo de responder e logo sumiu do meu campo de visão.

- Meu Deus, isso não está acontecendo. - Sussurrei pra mim mesma me levantando do banco.
- Calma, querida, você precisa ficar calma. - Alasca me puxou para sentar-me novamente e eu já estava em lagrimas.
- Como vou ficar calma? Ela fez isso por mim, pra me proteger. - Soluçei.
- Shii, fale isso baixo, querida. - Sua voz era doce e ela me acariciou minhas mãos. - Vai dar tdo certo, sempre iremos dar um jeito.

Eu assenti, mas eu sabia que não havia jeito. Não depois que Anna Kariênina confessou tudo, apenas um milagre nos salvaria.

- Vou pegar um pouco de água pra você. - Kennedy soou atrás na outra fileira e eu apenas concordei cabisbaixo tentando me acalmar através do amparo de Alasca.
[...]

Todos voltaram a seus lugares quase meia hora angustiante depois e eu apertei os dentes nervosa pelo resultado.

- Diante de tudo que se foi ouvido e confessado aqui, incluindo o grau alto de periculosidade que a própria ré afirmou ter, o júri e eu decidimos que a ré Anna Kariênina Ralph Vegas será condenada a prisão perpétua pelo assassinato de Dorgles Stone Lins. - Então aquele martelo soou e foi como um tiro em meu coração.

Como se não pudesse piorar ainda mais, Anna Kariênina se levantou de repente da cadeira e disse as piores palavras.

- Eu escolho a pena de morte.

De repente, meu mundo caiu e eu percebi que Alasca estava errada, não tínhamos como dar um jeito dessa vez.

******

{POV. Anna Kariênina}

Um "Oh!" de todos na plateia soou quando os murmúrios recomeçaram, eu sei que todos estão me achando uma louca pelo que estou fazendo mas é o certo a se fazer.
Na Califórnia, assim como em vários países do Estados Unidos, ainda existe a discussão da pena de morte que ainda vigora, eu acredito que daqui há um ou dois anos isso não exista mais, por ser um ato desumano. Mas agora ela será minha aliada.

- Silêncio! Silêncio! - O juiz bateu o martelo várias vezes. - Senhora Ralph, tem complemente ciência do que está escolhendo? Isso é algo muito sério... - Eu lhe interrompo.
- Senhor juiz, meu pai morreu na cadeia pagando por um crime que não cometeu. Prefiro morrer do que apodrecer na cadeia. Eu escolho a pena de morte. - Minha voz e firme mais minhas mãos são tão trêmulas que as algemas fazem barulho.
- Bom, de acordo com as leis de nosso país, em caso de um condenado a prisão perpétua ser um indivíduo de alta periculosidade, ele pode escolher entre a prisão perpétua ou a pena de morte. Mas eu preciso perguntar mais uma vez, senhora Anna Kariênina Ralph Vegas, você realmente escolhe a pena de morte entre pena de morte e prisão perpétua?
- Sim, meretissimo.
- Então, aos poderes que me foram concedidos pela justiça em condeno Anna Kariênina Ralph Vegas a pena de morte por eletrodução.

O martelo soou por meus ouvidos e uma lágrima caiu de meus olhos, eu tinha que fazer aquilo, eu precisava fazer.
Os murmúrios são fervorosos e incrédulos, e quando os seguranças me pegaram eu vi quando Anna Elis saiu das arquibancadas, passando por todos e não conseguindo ser segurada pelos policiais. O desespero em seu rosto encharcado de lágrimas me fez chorar.

- Anna você não pode fazer isso! - Elis se jogou sobre mim e eu consegui me desvencilhar dos policiais para segura-lá, mesmo com minhas mãos algemadas. - Por favor, não faz isso, Anna Kariênina! Não faz isso!
- Me desculpa, Anna Elis, por favor, me desculpa! - Eu chorei enquanto ela segurava meu rosto e os policiais me puxaram.
- Anna Kariênina, não faz isso! Fica comigo, Anna Kariênina! - Anna Elis gritou se debatendo enquanto 4 policiais lhe seguraram.
- Anna Elis! - Gritei desesperada tentando ir até ela mas os policias continuavam a me arrastar para longe.
- Fica comigo, Anna Kariênina! - Ouço ela gritar antes de seus cabelos cacheados sumirem do meu campo de visão.
- Me desculpa, Elis... - Minha voz saiu em um sussurro doloroso quase inaudível.

Espero que você me perdoe algum dia.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora