Capítulo 31

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{POV. Anna Elis}

  No horário combinado eu já pude ouvir os passos de Elena no corredor em direção a meu quarto, eu havia levantado do chão reunindo as poucas forças que tinha, e estava com os cabelos molhados, enrolada em um roupão após tomar um banho, tentando relaxar um pouco a minha mente.
  Eu precisava esquecer de tudo que estava acontecendo, da merda que está a minha frente, esquecer do que eu vi. Esquecer Anna Kariênina nem que seja por uma noite.
  Ouvi batidas em minha porta e corri para abrir, mal abro para Elena entrar e Kariênina da um salto do chão, onde estava sentada. Será que ela ficou aí esse tempo todo? Eu não me importo, é pouco perto do que ela me fez.

- Anna, vamos conversar. Pelo amor de Deus. - Ela tentou entrar mas eu lhe empurrei, seus olhos e seu rosto estavam vermelhos e molhados como se tivesse chorado muito. Eu não me importo.
- Vai embora, caralho! - Fechei a porta na sua cara.
- Abre essa porta e me escuta, sua mimada do caralho! - Anna bateu na porta com força.
- Me esquece, sua babaca arrogante! E para de fazer show na minha porta, porque eu não vou fazer palco pra ti! - Gritei de volta.
- Mas que porra!

  Ouvi um estrondo alto na porta como se ela tivesse chutado e em seguida ouço seus passos de afastando. Suspiro ao perceber que ela finalmente me deixou em paz.

- Ok, então agora alguém pode me dizer que porra está acontecendo?! Por que diabos a tua madrasta estava sentada na tua porta e depois agiu daquele jeito?! - Elena perguntou totalmente confusa.
- Não é nada, amiga. Só as merdas dessa casa, como sempre. - Suspirei escovando meu cabelo.
- Elis isso parece sério, me diz o que está acontecendo. - Minha melhor amiga se aproximou de mim preocupada e eu segurei seus ombros.
- Eu estou exausta demais pra explicar, eu só queria sair e esquecer disso tudo. Pode me ajudar nisso? - Quase supliquei e ela suspirou.
- Ok, tudo bem. Mas não pense que esqueci, viu? - Elena sorriu cedendo e eu assenti.
- Lembra que você sempre quis me transformar em outra pessoa, me arrumar e tal. Então, eu acho que chegou a hora. - Os olhos de Elena brilharam e o seu queixo levemente caiu, mas ela foi cautelosa quando segurou minhas mãos.
- Não quero te transformar em outra pessoa com maquiagens e roupas, quero mostrar quem você realmente é, Anna Elis. - Sua voz dessa vez conseguiu me acalmar e eu assenti. - Então chega de enrolação e vamos começar pelo cabelo. - Ela toma a escova de minha mão.
- Mas eu já havia escovado. - Falei confusa.
- Vamos finalizar ele bem caprichado mesmo, colocar esses cabelos cacheados para jogos. Aí você aprender a finalizar ele rapidamente e pode fazer todo dia.
- Mas eu já sei finalizar meu cabelo. - Revirei os olhos.
- Não, você sabe fazer essa coisa horrorosa de escova e creme. Pelo amor de Deus, Anna, você tem 19 anos mesmo? - Só Elena mesmo para conseguir me fazer gargalhar em um momento desses. - Banheiro agora! - Ela me puxou.
[...]

  Eu não era uma nova mulher, eu era eu mesmo só que finalmente me dando o devido valor e cuidado.
  Meus cabelos estavam incrivelmente cacheados como uma árvore negra sobre minha pele clara, fiz uma maquiagem básica mas fazendo um delineado gráfico que havia aprendido na internet e gostei. Após jogar todas as minhas roupas no chão, Elena finalmente achou um vestido azul ideal, fazia anos que eu havia comprado ele mas nunca havia tudo coragem de usar.
  Quando o vesti parecia que usava uma segunda pele pois caiu como uma luva. Ele era um azul escuro, bem justo em uma material tubinho que ia um pouco abaixo da bunda, ou seja, bem curto mesmo. Ele não tinha mangas mas uma gola que ia até acima no pescoço, mas tinha um zíper nela que descia em um decote em V, ousado mas ao mesmo delicado. O vestido não era rico em detalhes, mas o que o lhe deixou incrível foi o fato dele colar em meu corpo e exibir todas as minhas curvas. Minha cintura fina, meus seios pequenos pareciam maiores, meu quadril e bunda ficaram incríveis. Coloquei um salto alto preto aberto e apenas um colar simples com um pequeno pingente de coração para complementar.
  Elena havia colocado Love & War - Yellow Claw para tocar no meu som do quarto e eu quase não me reconheço quando me olhei no espelho. Na verdade, eu me reconheci sim, encontrei uma eu que estava escondida, contida e que queria se libertar totalmente hoje.

- Querida, não sei o que te fez querer mudar assim. Mas, puta que pariu, valeu muito a pena! - Elena vibrou ao meu lado e eu sorri.

  Elena também já estava pronta. Usando uma cabeça jeans branca rasgada e cintura baixa, um top croped azul marinho sem alças e um tênis Jordan preto com branco. O cabelo preso sim rabo de cavalo, argolas e uma maquiagem bem pesada em termos de gloss.

- Vamos arrasar, gata. Eliot já está abaixo a nossa espera. - Ela avisou e eu assenti.

  Me dando uma última olhada antes de sair.
  Talvez eu esteja sendo um pouco narcisista hoje? Sim, mas eu tinha que provar a Anna Kariênina o que ela havia perdido.
[...]

{POV. Anna Kariênina}

  Minha cabeça estava doendo de tanta preocupação e parecia que fazia horas que Anna Elis estava trancada com a amiga no quarto, a noite já havia caído mas eu não sentia a porra de nenhuma fome. Só queria que aquela mimada do caralho me ouvisse.
  Sentada em uma poltrona da sala, eu estava com a mão em meu queixo, balançando minha perna com ansiedade, Paul também estava presente e lia um jornal sentado no sofá. Ele parecia um pouco mais pálido hoje, mas se sentia algo, não estava dizendo.

- Parecer irritada. - Ele comentou.
- Anna Elis brigou comigo. - Expliquei por alto.
- Mas já? Vocês nem oficializaram nada, e já estão em pé de guerra? - Paul sorriu confuso.

  Eu estava preste a lhe responder uma grosseria mas ouvi passos rápidos na escada, e de um salto da poltrona. Mas era a amiga eufórica de Anna Elis, descendo com um enorme sorriso no rosto.

- Tio Paul, receba a versão super mega hiper melhorada, 2.0 de sua filha! - Ela soltou.
- Primeiro: já falei que não sou teu tio, e segundo... - Paul se perdeu nas palavras quando vimos a figura que descia as escadas.

  Não consegui me conter e meu queixo simplesmente despencou como se fosse alcançar o chão. Anna Elis é uma das mulheres mais belas naturalmente que já vi, mas hoje ela estava mil vezes mais incrível. Minha boca não conseguiu emitir nenhum som enquanto ela crescia as escadas exibindo as curvas por meio daquele vestido azul incrível, balançando aquela nuvem negra que era seu cabelo cacheado que está mil vezes mais cacheado, como se tivessem feito um por um os fios. Meu mundo havia ficado totalmente em câmera lenta, e com os holofotes para ela.

- Tenho uma festa hoje, não sei que horas chego. - Anna Elis se dirigiu a Paul como se eu sequer estivesse na sala, sua voz então me dispertou.
- Anna Elis... - Paul a chamou. - Você está ainda mais linda hoje. - Ele a elogiou e ela corou.
- Obrigada. - Sua voz saiu quase um sussurro.

  Então eu consegui agir, andei a poltrona onde estava uma jaqueta minha e andei até Elis novamente.

- Leva, pode fazer frio. - Ofereci a ela.
- Resolveu fazer o papel de boa madrasta agora? Não acha um pouco tarde? - Elis me desafiou, ela estava diferente. Estava muito ousada.
- Você está provocando a pessoa errada, fique em casa e vamos conversar. - Sugeri séria tentando manter minha calma.

  Anna Elis em resposta se aproximou e pegou a jaqueta de minha mão.

- Não. - Anna Elis estralou a língua ao falar e deixou cair a jaqueta sobre meus pés.

  Então segurou a mão da amiga e saiu rebolando.
  Porra, até a bunda dela parecia maior.

- Anna Elis! - Lhe chamei mas ela já havia fechado a porta.
- Seja lá o que houve, você está ferrada, minha querida esposa. - Paul brincou apertando meu ombro e então começou subir as escadas.

  Que porra, Anna Elis!
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora