Capítulo 54

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{POV. Anna Kariênina}

- Era para Anna Elis ter sido presa, ela é inexperiente no crime e mais lenta, iriam pegar ela. Não sabia que você iria se machucar e muito menos se entregar pra proteger aquela garota. - Alana explicou e eu explodi.
- Mas é claro que eu ia proteger ela! - Bati com força na mesa, fazendo ecoar um barulho alto. - Anna Elis é a mulher da minha vida e eu sempre vou proteger ela! - Me levantei de uma vez da cadeira, andando de um lado para o outro intrigada. - Você tem noção do que você fez, sua irresponsável?!
- Eu já disse que não foi me intensão, Kariênina... - Lhe interrompo.
- Foi sim, essa foi sua intenção desde o começo!
- Eu só queria me livrar daquela garota, você era para ter ficado aqui fora! - Ela rebateu.
- E você achou que depois aconteceria o que? Eu ia deixar Elis apodrecer na cadeia e de repente ia me apaixonar por você? - Sorrio com desdém. - Pois saiba que se fosse preciso eu cometer uma chacina pra ser presa e ficar em uma cela de frente para Elis, eu faria isso com muito gosto. Porque isso é amor, não essa obsessão louca que te deixa burra, Alana. - Cuspo as palavras na cara. - Meu ódio é tão grande que eu tenho vontade de quebrar a tua cara, sua traidora de merda. - Me aproximo e ela da um salto de sua cadeira.
- Não, por favor, não me bate. - Ela se afasta.
- Deixa de ser idiota, por mais ódio que eu tenho de você, eu nunca te bateria. Ao contrário de você, eu tenho caráter.
- Eu... Eu só queria ficar com você, Anna... - Alana tenta se aproximar e eu lhe empurro.
- Não, eu não quero mais ver a tua cara, Alana. Se um dia você achou que eu poderia te amar, saiba que agora eu só tenho puro ódio por você. - O queixo da garota tremeu com minhas palavras enquanto as lágrimas caíam mas eu não senti remorso algum. - E saiba que se você tentar tocar em um fio daqueles cabelos cacheados, aí sim eu vou te torturar até a morte. - Ela engoliu seco e eu andei até a porta para sair.

Filha da puta imatura, não sabe separar o profissonal do pessoal e agora prejudicou todo um projeto de vida por causa de seguimentos idiotas e não recíprocos. Toda a minha consideração por Alana e a história que tivemos se foi nesse momento. Anna Elis ficará furiosa quando souber o que acontecer, e não suponho que ela terá a mesma piedade que eu.
[...]

{POV. Anna Elis}

Eu odiava ter que passar por todos aqueles corredores escuros e fedorentos do presídio, mas o que me alegrava é que sempre que aquela porta se abria, era os verdes de Anna Kariênina que eu encontrava, então pouco importava o local onde estávamos. Dessa vez, Stefan, o advogado, me acompanhou mas eu pouco liguei para sua presença quando saltei da cadeira e me joguei sobre os braços de Anna.
Ela não tinha mais tanto seu perfume amadeirado, já que aqui até mesmo a água encanada deve feder, mas, ainda assim, ainda era ela, era seu cheiro, seu toque macio e forte, seu calor. Nos afastamos um pouco e ela me beijou arroganange, eu sentia tanta falta de seus lábios, sentia falta inteiramente dela em si.

- Como passou a noite? Está bem? - Perguntei preocupada e ela forçou um sorriso.
- Dormi pouco mas estou bem. - Ela então notou Stefan. - Que surpresa o senhor aqui.
- Aproveitei a vinda de Anna Elis para cá, os encontros oficiais entre advogado e clientes são sempre monitorados, então não podemos falar certas coisas. - Ele diz sentado em sua cadeira, e Anna Kariênina sentou-se na outra cadeira enquanto eu fiquei em pé ao seu lado. - Como está o machucado?
- Está se curando rápido, tenho uma boa pele. Vazo ruim não quebra. - Anna Kariênina deu de ombros passando um dos braços pelo meu quadril, e Stefan deu um sorriso leve.
- Mas agora o assunto é sério, seu julgamento já foi agendado para daqui há 2 dias. - Ele anunciou e eu gelei.
- O que? Mas tão rápido assim? Sempre ouvi falar de julgamentos que levam semanas ou meses para serem feitos. - Falei.
- Mas não com indivíduos como eu, sou uma prisioneira de segurança máxima, eles precisam me julgar com rapidez para me manter presa. - Anna Kariênina contou, sem sequer se impressionar, ela já esperava por aquilo.
- E também temos o fato de que temos fortes indícios contra você. - Stefan completou.
- Mas as provas não podem ser alteradas ou algo do tipo? - Perguntei.
- Infelizmente não, há poucas provas mas pela fama de Anna Kariênina, eles têm indícios fortes para condena-lá. - Stefan contou. - Existe as digitais dela pelo corpo de Dorgles, a faca não foi encontrado mas os golpes não indicam uma legítima defesa. - Engoli seco.
- A justiça quer me manter aqui a qualquer custo, não tem provas que provem minha cama mas sabem que é mais seguro eu ficar condenada injustamente aqui, juntamente com mafiosos, ladrões e estelionatários também de segurança máxima. - Anna contou.
- Exatamente, ainda mais que eles também tem a denúncia anônima que pode contar como prova. - Stefan disse e eu bufei me afastando.
- Não consigo imaginar quem tenham feito essa merda, nos denunciar. Quem mais sabia desse plano além de nós? Todos são de confiança. - Ando furiosa pela sala, e Anna Kariênina passa as mãos pelo rosto bufando.
- Eu sei quem fez isso.
- O que?!
- Eu sei quem nos denunciou. - Anna Kariênina diz e eu lhe olhei com o cenho franzido. - Foi Alana, ela esteve aqui ontem de madrugada e me contou tudo.
- Não acredito. - Ouço Stefan suspirar.
- Essa garota é louca?! Por que diabos ela fez isso?! - Perguntei mais irritada ainda.
- Porque é ingênua e burra, ela queria que você fosse presa e assim ela iria ficar comigo, não pensou que eu poderia ser presa também.
- Mas que merda! - Bati forte sobre a mesa. - Essa garota é realmente sem noção, eu poderia matar ela com minhas próprias mãos. - Andei de um lado para o outro.
- Não, você não pode fazer nada, Anna. - Ela andou até mim e eu me afastei.
- Por que não? Vai defender a tua ex agora?
- Claro que não, porra, só que temos coisas mais importantes nesse momento.
- Como não é importante? Isso foi uma traição, por causa daquela vagabunda, você está aqui. - Rosnei e Anna segurou meu rosto.
- Esquece isso, Elis. Pelo amor de Deus, temos que focar no julgamento agora.
- Isso não vai ficar assim. - Rosnei outra vez.
- Anna Kariênina está certa, o julgamento é o principal agora. Podemos ter uma chance. - Stefan se levanta e o olhamos atentas. - Madame Dalila. Você disse que foi até ela a procura de trabalho, se ela confirmar essa história temos uma boa chance de você ser inocentada.
- Mas e se não der certo, qual a... qual a possível condenação? - Sinto o leve nó em minha garganta.
- Uns 30 á 60 anos na cadeia, prisão perpétua ou... pena de morte.
- Merda. - Rosnei socando o ar.

Tudo culpa daquela infeliz, minha vontade era de quebrar a cara dela.
[...]

Durante o trajeto de volta para casa, Jones me ligou avisando que todos já estavam em minha casa, inclusive Madame Dalila que havia sido convocada para testemunhar no tribunal. Meu sangue ainda fervia de ódio ao lembrar do que Anna me contou, eu estou com tanta raiva que poderia mata-lá, por mais que eu esteja me controlando e mantendo minha mente no lugar.
Assim que entramos em casa, todos já estavam na sala mas meus olhos pousaram sobre aqueles cabelos negros e aquele olhar cínico. Minhas mãos queimaram e eu só conseguia pensar numa coisa: Foda-se meu autocontrole.

- Sua vadia! - Rosnei jogando minha bolsa no chão e corri até Alana.

Ela estava sentada ao lado de madame Dalila no sofá, e mesmo com a porra de seu treinamento, não teve tempo para fugir de minha fúria. Quando me dei conta, eu já estava pegando Alana pela gola de sua camisa e lhe jogado no chão, em outro segundo eu estava sobre seu colo lhe dando socos, minhas mãos doeram ao encontrar o osso duro de seu nariz mas se minha mão ia sair quebrada, a cara dela ia sair também.
Todos estavam tão assustados que não conseguiram agir de imediato, lembro-me quando eu dei uma surra em Savana na escola e agora eu me sinto ainda melhor, eu segurei as pernas de Alana com as minhas, um movimento que Anna Kariênina havia me ensinado e meus socos estavam tão fortes que eu sangue espirrou em meu rosto.

- Você vai aprender a ser uma pessoa madura! Sua criança idiota! Sua traidora de merda! Eu vou te quebrar inteira! - Eu estava descontrolada dando socos e mais socos enquanto Alana sequer tinha espaço para gritar, até que finalmente alguém acordou e então me puxaram de cima de Alana.
- Meu Deus, Elis! Pare com isso! Vai acabar matando ela! - Ouço a voz de Stefan atrás de mim enquanto eu debatia mas ele me segurava com força.
- É isso que essa traidora merece, sua traidora de merda!
- Traidora? - Klaus soou confuso enquanto Alasca e o Borges 03 foram ajudar a garota que cuspiu sangue no chão.
- Sim, porque foi essa infeliz denunciou a mim e Anna Kariênina! Ela queria que eu fosse presa! - Gritei explicando e finalmente Stefan me soltou.
- E era isso que devia ser, mas você estragou tudo como sempre! - Alana levantou com o rosto complemente ensanguentado.
- Sua imbecil, você não percebe que mesmo se fosse você fosse a última mulher desse mundo, Anna nunca iria ficar com você! - Rebati.
- Isso é verdade, Alana? - Jones se aproximou da filha.
- Vocês sempre souberam que eu gostava de Anna Kariênina, ela era para ficar comigo. Ela iria ficar comigo, se essa idiota que tivesse sido... - Ela mal terminou de falar e Jones assustou a todos ao lhe dar um tapa.
- Eu sempre soube do envolvimento de vocês, mas depois Anna deixou bem claro que ela estava tendo ao sério com Elis. E você com sua infantilidade pode ter colocado tudo a perder, isso vai além de Anna Kariênina. É a nossa família que também está em jogo, sua idiota! - Ele gritou com a filha. - Tira essa garota daqui antes que eu faça algo nela. - Ele disse a esposa e ao outro filho, que logo arrastaram a garota para fora da minha casa, também com uma cara nada satisfeito. - Vamos dar jeito nisso, vamos dar. - Ele passou as mãos pelos cabelos.
- Nos temos que dar um jeito nisso, o julgamento de Anna já é aqui há 2 dias e essa garota terá que achar alguma maneira de reparar o erro estúpido dela. - Falei invicta.
- Eu fui convocada para depor, mas não vou me meter nisso. - Madame Dalila se levantou finalmente dizendo algo.
- O que? - Falei sorrindo meio incrédula, eu não estava mais nem aí para nada. Foda-se a educação e boas maneiras.
- Eu não quero me meter nessa história, só queria me livrar de Dorgles, não meter em um julgamento. Não vou me arriscar.
- Mas o seu depoimento é essencial para a inocência de Anna Kariênina. - Stefan replicou.
- Olha aqui, madame Dalila. - Apontei o dedo para ela. - Lembre-se que se Anna Kariênina for condenada e essa merda for para o ventilador, todo mundo está ferrado. Então ou a senhora ajuda a inocentar Anna Kariênina ou então irá ser presa junto com todos nós. - Apontei para a sala. - E eu juro que, ao contrário do que fiz com a Borges 01, eu não lhe darei apenas uma surra caso a senhora não nos ajudar. Eu acabo com tua raça. - Madame Dalila congelou os olhos arregalados e eu comecei a andar para subir a meu quarto, sentindo um pouco de dores nas minhas mãos e sabendo que Stefan poderia explicar tudo a ela.

Eu nunca havia me sentindo tão agressiva com as palavras, mas para libertar Anna Kariênina eu farei qualquer coisa.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora