Capítulo 23

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Gente comentem pra mim, me ajudem, digam o que estão ajudando, os comentários me ajudam também a crescer. Por favor.
Boa leitura pra vcs!


{POV. Anna Kariênina}

Quando acordei essa manhã, eu estava totalmente sozinha, lancei meu braço a procura do corpo a qual havia dormido agarrada a noite toda e apenas senti o vazio, me senti vazia.
  Era uma emoção nova, um sentimento a qual nunca havia sentido. Não era aquele desejo consumidor de só apenas prazer, prazer e prazer, como com Alana, sendo a ser entediante as vezes. É algo diferente com Anna Elis, algo profundo que não sei explicar, após beija-lá só consigo querer ficar perto dela e nada mais.
  Eu olhava para o teto branco e só conseguia sentir o cheiro suave de lavanda que havia pelo seu quarto, o cheiro de Anna Elis como se ela sempre tomasse banho com água de rosas, passei a noite toda sentindo aquele seu cheiro. Seu quarto parecia um submundo iluminado dentro dessa mansão de cores escuras, havia traços de rosa pastel, pelo que já entendi ser sua cor favorita, branco e outras cores claras e suaves. Na parede da cabeceira da cama havia um quadro que acredito ter sido pintado por ela mesma, era apenas um chuva de cores negras em cima, clareando para os mesmo tons do quarto, até chegar no branco ao final do quadro.
  Havia um toque dela em tudo, Anna Ellis parecia não pertencer ao mundo que convive. Não como eu pertenço.
  Com esse pensamento frustrante e decepcionado, eu levanto dá cama e resolvo ir embora daquele quarto, verifico que ninguém me viu saindo e ando direto pelos corredores e escadas até a sala de jantar, onde Lúcia ainda está pondo o café da manhã.

- Bom dia, senhora. - Ela me cumprimenta.
- Bom dia. - Sorrio com educação ao me sentar. - Paul ainda não levantou? - Perguntei curiosa ao notar um prato a menos em frente a cadeira que ele sempre usa.
- Ele pediu que o café fosse levado ao quarto, parece não está muito bem. - Ela explicou. - E a senhorita Elis saiu cedo para a escola.
- Ok, depois vou ao quarto de Paul para ver como ele está.

  Mais um café da manhã sozinha nessa casa, será que esse pessoal sabe o que é uma refeição em família?
[...]

  Após o café da manhã, subi ao quarto de Paul e fiquei meio preocupada ao lhe encontrar ainda deitado na cama, pelo menos a bandeja do lado de fora do quarto indicava que ele havia comido um pouco.

- Como está? - Digo percebendo a palidez em seu rosto.
- Mal.

  Ele responde sincero com a voz meio rouca e me assusto quando ele começa a tossir muito no lenço que segurava, e meu estômago embrulhou quando o vi o sangue despejado. Um sintoma grave de que sua cirrose já está bem avançada.

- Precisa de algo? Algum remédio ou chá? - Digo me sentando ao seu lado.
- Acho que só dormir um pouco mais, tomei alguns remédios agora pouco e já já faz efeito. Cof cof cof...

  Ele começa a tossir novamente e seu lenço já está encharcado demais. Então faço algo ao me lembrar da época que cuidei de Tucker, andei até o banheiro a procura de algum balde pequeno ou vasilha, encontrei uma bacia branca pequena dentro do armário abaixo da pia. E levei juntamente com uma caixa nova de lenços, colocando bem perto da cama dele.

- Isso vai ajudar.
- Obrigada, querida.

  Paul está me ajudando e não tem porquê eu o querer mal, a doença já está fazendo isso por si só, só me resta tornar seus dias mais toleraveis. Acho que estou virando uma espécie de assassina hiper grata, ando com o coração muito mole.

- É muito solitário está a beira da morte e não ter ninguém ao seu lado. - Paul comenta.
- Devia contar a Elis.
- Ela não se importaria. - Paul disse rápido, mas eu sabia que ele estava errado. Percebi isso ontem, quando Anna Elis e eu estávamos perto de nos consumar e ela lembro do pai, do que aquilo poderia representar se realmente fôssemos casados. Ela realmente se importa.
- Talvez possa está errado. - Sugiro mas Paul mal dar atenção. - Bom, então é melhor descansar se não quiser que ela desconfie do porquê passa tantos dias na cama, e que não seja comigo. - Brinquei levemente e seus lábios sorriram por um instante.
- Obrigado por está aqui comigo. - Sinto sua mão tocar a minha, tão gelada quanto a de Tucker quando ele também estava perto de seus últimos dias. Engolo seco, sentindo arrepios.
- Já cuidei de alguém com câncer uma vez, posso cuidar de novo.
[...]

  Eu estava muito animada, não só pelo beijo e os amassos com Anna Elis, embora aquilo não saísse da minha cabeça. Mas estava animada porque finalmente havia chegado o que eu tanto esperava há meses.
  Após cuidar de Paul até depois do almoço, finalmente o caminhão chegou com minha moto, quase dei um gritinho eufórico quando vi os entregadores a colocarem na garagem.
   Se tratava de uma Kawasaki Z1 lançada em 1972 que eu tinha há anos, então após conseguir um bom dinheiro, mandei fazer ótimos reparos e restaurar seu designer. Não era uma moto qualquer, era a moto que herdei de meu pai, a única coisa de valor patrimonial e sentimental que ele havia deixado para mim, na época era um modelo super antigo, ele havia ganhado do pai dele e então passou para mim também. É algo que se algum dia eu tiver filhos, também quero passar, não só a moto, mais a paixão pela aventura das motos e o legados dos Vegas.
  Meus olhos brilhavam enquanto eu terminava de organizar minha mochila e olhava para a moto a minha frente, coloquei minha máquina fotográfica na mochila e lhe fechei. Coloquei meus fones de ouvido tocando These Boots Are Mode For Walkin' - Nancy Sinatra, então subi na moto e coloquei o capacete. Um sorriso largo se armou quando ouvi o motor roncar e disparei pilotando a moto de meu pai, era como o sentir perto dele, era nossa paixão.

  Assim eu estava indo de encontro a nova descoberta que também fazia meu coração disparar: Aquela mimada pintora de cachos quentes.
[...]

{POV. Anna Elis}

  Acho que ontem foi a melhor noite da minha vida, apenas ali deitada ao lado de Anna Kariênina. Eu sei que havia dito que o dia da festa dos jogadores havia sido a melhor da minha vida, mas eu estava totalmente enganada.
  Entretanto, quando acordei hoje pela manhã e vi o rosto pleno de Kariênina, percebi que ainda havia confusões e questões ainda a serem resolvidas sobre nós. Não quero que isso se torne algo ainda mais profundo sem que esteja tudo esclarecido entre nós, não suporto mentiras e traições.
  O trabalho na biblioteca me distraia enquanto Summertime Sadness - Lana Del Rey tocava em meus fones de ouvidos, entretanto, de repente, um flash de luz vindo do final do corredor de prateleiras. Quando virei meu rosto lentamente, dei de cara com uma câmera fotográfica e logo atrás dela apareceu o sorriso largo de Anna Kariênina, desde que nos conhecemos eu ainda não tinha a visto sorrir assim tão largamente. Mas ali estava o sorriso mais lindo que já vi, e por pouco não me permito estremecer.
  Foco, Anna Elis, você precisa ter foco. Precisa resolver essas questões.
  Continuei com meu rosto neutro enquanto Anna Kariênina andava até mim, ela usava sua trança de raiz hoje e sua roupa de motoqueira, um sinal que estava de moto. Me concentrei o máximo que pude apertando um livro contra meu peito com força, tentando conter meu impulso de me jogar nos braços dessa mulher e transformar essa biblioteca em palco dos meus atos mais impuros.
  Anna Kariênina abriu a boca para dizer algo, mas eu fui mais rápida.

- Precisamos conversar.
- O que quiser.
- Me conte sobre o acordo de casamento com meu pai.

Os olhos verdes de Anna Kariênina, antes acolhedores, se tornarão sérios.

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora