Capítulo 51

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{POV. Anna Kariênina}

Graças aos céus, o corte não havia sido dos mais profundos e não afetou nenhum órgão, mas por falta de pressão eu havia sangrado muito, e isso me resultou em uma noite inteira no hospital tomando algumas bolsas de sangue e soro com vitaminas para me sentir melhor. Mas o que mais me deixava mal era a preocupação se Anna Elis estava bem, se ela havia chegado em casa e estava fora de perigo, mais uma vez graças aos céus, assim que Stefan, o advogado dos Ralph, chegou ao hospital e me contou que Anna Elis já estava a salvo em casa.
Ao amanhecer eu já me sentia bem melhor, apesar ainda do curativo na lateral do meu abdômen, isso significou que logo o médico me deu alta e eu fui levada para a delegacia principal de San Diego, escoltada em um carro forte com 10 policiais armados até os dentes, e me pergunto se eles me acham algum tipo de serial killer ou algo do tipo, isso me faz querer sorrir.

- Vamos lá, senhora Ralph, nos conte novamente desde o começo o que houve naquela noite. - O delegado de bigode horrível disse e eu suspirei.

Eu estava algemada até os dentes, com correntes nós pés que não me permitiam chegar a um metro de distância e algemas nas mãos sobre meu colo, um pouco mais de paranóias e eles me colocariam em uma camisa de força, mordaça e coleira elétrica. Eu estava sentada em uma cadeira bem ao centro da sala, com cerca de seis pessoas em mesas ao meu redor, Stefan estava em pé ao meu lado todo tempo desde que saímos do hospital.

- De novo? Eu já contei essa mesma história umas mil vezes desde que cheguei. - Bufei.
- A senhora tem fama de ser ardilosa, senhora Ralph. - Uma mulher loira em uma mesa ao lado contou, ela tem cara de ser uma estagiária louca para mostrar serviço.
- Vamos, Anna, colabore. - Senti a mão de Stefan sobre meu ombro e suspirei outra vez.

Enquanto estava no hospital ontem a noite, montei uma história sobre o assassinato de Dorgles que não envolvesse Anna Elis e me inocentasse de alguma maneira.

- Eu estava precisando de dinheiro, já conhecia Madame Dalila e ela me informou que Dorgles pagava bem as mulheres com quem deitava, então me ofereci e ela concordou. No quarto, estávamos prestes a "entrar em ação" mas eu não sabia que Dorgles era tão incisivo e tinha fetiches perigosos, me recusei a ser algemada e ele se irritou, então me deu uma facada. Fiquei com medo e lhe apunhalei também, o matei para me defender. - Menti com a cara mais ensaiada que uma atriz ganhadora de um Oscar.
- Então, por que fugiu se sabia que talvez seria inocentada? - A loira perguntou.
- Me diga se você não iria também tentar fugir ao ouvir o som da polícia, assim que você acabou de matar um homem para se defender? - Rebati e ela se calou. Já estava farta disso, meus pontos na barriga estavam doendo por esta sentada.

O delegado olhou brevemente para todos e depois para mim.

- Ontem recebemos uma denúncia anônima que havia uma mulher indo assassinar Dorgles na casa dele, pelo seu histórico e fama, não podemos dizer que sua situação está fácil. - O homem me pegou de surpresa.

Passei a noite intrigada sobre como a polícia havia ido parar na mansão de Dorgles, se estávamos fazendo tudo em compelido sigilo. Ninguém mais sabe do que realmente era para acontecer, então isso só significa que existe um traidor entre nós. Mas quem? Eu confio em todos, quer dizer, poderia ser aquela mulher que estava com madame Dalila na sala. Mas ela só sabia que estávamos indo a casa de Dorgles, não o que realmente faríamos lá.
Com tudo, seja lá quem fez isso, quando eu por minhas mãos nessa pessoa, eu vou fazer ele pedir para parar de respirar.

- Sinceramente, delegado, acho que suas fontes estão distorcidas e equivocadas. Eu só fui lá para transar e pegar uma grana. - Dei de ombros, fingindo não me importar. Não posso deixar que percebam nada. - E quanto a esse histórico que o senhor fala, é tudo mentira. - Dei de ombros outra vez.
- Anna Kariênina você é chamada de a assassina profissional dos mafiosos, é famosa entre esses criminosos. - O delegado rebateu mas continuei neutra.
- Só porque dizem que sou algo, não significa que eu realmente seja. - Arquiei uma sobrancelha e o homem se irritou. Assassinos nunca parecem ser assassinos, então ele conseguirá nada de mim.
- Chega, depois a chamaremos para depor novamente e veremos com a justiça como será o julgamento. - Ele bateu com o punho na mesa, mas eu sequer estremeci. - Levem ela para o presídio de segurança máxima, em uma cela isolada e sem visitas.

Nesse momento, senti meu coração se apertar um pouco ao ouvir a palavra presídio. O lugar onde meu pai foi condenado injustamente a passar a vida toda e acabou morrendo lá, e agora eu também estava indo para lá.
[...]

Mais cerca de 10 policiais me acompanharam durante todo o trajeto e até mesmo já dentro do presídio, esse lugar era fedia a merda e havia mofo verde e buracos por todas as paredes, mas o concreto era tão duro que acho difícil alguém conseguir fugir cavando um buraco com uma colher. Após passar por uma revista rigorosamente chata, eles me deram um uniforme laranja com o número 222, e chinelos de dedo preto.
O presídio de segurança máxima era dividido em várias alas, a ala feminina e a masculina, e essas eram divididas em baixo, médio e alto risco, lógico que eu fiquei na alto risco porque eles devem achar que sou uma bruxa que come crianças nas refeições. Se bem que meu "histórico", como o delegado disse, não me ajuda muito a melhorar minha imagem.
Já sem nenhuma corrente mas ainda com 6 carcereiros atrás de mim, entrei em um corredor repleto de presos de uniformes laranja em suas celas, aparentemente teria que passar pela ala masculina para chegar até minha cela na ala feminina, só espero não encontrar nenhum parente de alguém que eu tenha matado e queira se vingar, meu abdômen ainda dói impedindo que eu me esforce tanto.
Mas ao contrário do que pensei, houve um alvoroço, mas um alvoroço de surpresa. Como se uma deusa estivesse passando por esse corredor.

- Porra, é Anna Kariênina! A maior assassina profissional de San Diego! Meu Deus, o que está fazendo aqui?! Não acredito que ela foi presa! Meu Deus, é ela mesma! Anna Kariênina, a maior assassina profissional de San Diego!

Tais murmúrios me fizeram sorrir, com entoar devagar da música Sucker For Pain - Lil Wayne incessante em minha mente. Bom, eu posso ter abdicado do cargo, mas não sei se Diego Coven chegará aos pés de ter a fama que tenho.

- Ei, Anna Kariênina! Lembra de mim? Eu te vi na casa dos Borges uma vez, você estava atirando. Quase me acertou! Anna Kariênina, quase atirou em mim, gente! - Um homem careca de pele clara praticamente se jogou sobre as grades de sua cela e eu não fazia ideia de quem ele era, mas não ia dizer isso.
- E aí, irmão! Relaxa, que liberdade vai cantar em breve! - Sorri meio forçado e o homem gargalhou.
- Anna Kariênina, você é a maior! - Ele gritou e todos os presos comemoraram também.
- Silêncio, seus idiotas! Silêncio! - Um dos carcereiros bateu na grade mas mesmo assim eles não se conteram até que eu finalmente atravessei o fim do corredor, saindo de suas vistas.

Legal a visita a vocês, irmãos, mas eu não vejo a hora de sair da porra desse lugar.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora