Capítulo 37

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{POV. Anna Elis}

Apesar do grande desgaste que eu ainda eu estava, eu havia acordado um pouco melhor hoje ao me encontrar aos braços de Anna Kariênina, enquanto ela dormia pesadamente atrás de mim.
Eu estou invicta em minha decisão de também aderir a vingança contra Dorgles, ele não é meu pai e nunca será. Ele é apenas um filho da puta que definitivamente não deveria ter entrado em nossas vidas, Paul é meu pai e sempre será, apenas ele. Meu pai.
Eu já estava tomando meu café quando Anna Kariênina desceu as escadas, estranhei ela já está tão bem arrumada a essa hora da manhã, sendo que eu ainda estava com o mesmo pijamas de cetin. Havia decidido não ir a faculdade hoje, e amanhã, talvez nunca mais. Minha cabeça está una zona.
Anna Kariênina usava uma calça de couro preta cintura alta, uma bota preta com salto fino, uma camisa social de manga comprida preta, deixando alguns botões abertos acima, deixou o cabelo em um coque alto e um par de brincos de brilhantes grandes nas orelhas.

- Vai sair? - Perguntei enquanto ela se sentava a minha frente na mesa.

De repente, senti um aperto em meu coração sentindo falta dos cafés da manhã silenciosos que eu tinha com meu pai, ele sempre sentado na cadeira no topo da mesa, tão concentrado em seu jornal que quase não podia-se ver seu rosto. Para alguns, era estranho pai e filha não se falarem muito, nem se quer no café da manhã, mas agora percebi o quão valioso e confortável era valioso entre nós.
Apesar de meu pai não está mais entre nós, Lúcia ainda assim trouxe o jornal diário que estava sobre a mesa. Então, com isso, decidi o pegar para mim nesse momento e lhe coloquei ao lado de minha xícara para ler. Política e notícias nunca me atraíram, mas lê-lás ainda me trazem um pouco da presença de meu pai.

- Recebi uma ligação a pouco dos funcionários de Paul, precisam que eu vá no galpão da matriz onde levam as coisas traficadas, receber, assinar e analisar algumas coisas. - Anna Kariênina explicou e eu uni minhas sobrancelhas enquanto ela se servia.
- Mas já? Achei que ia parar os negócios por esses dias após a morte de meu pai.
- O tráfico infelizmente não é assim, temos prazos de entrega e saída, se ficamos com algo por muito tempo corremos o risco de sermos pegos. É a política das 24 horas. - Explicou novamente e eu assenti. Então ela suspirou fechando os olhos por um instante. - Paul também um carta para mim, encontrei ela em cima da minha ontem a noite.
- E o que dizia? - Fiquei surpresa, e ela sorriu.
- Ele dizia que adorou me conhecer e que mesmo sendo um casamento de fachada, que eu havia sido uma boa esposa cuidando dele em seus últimos dias.
- Queria ter cuidado dele também. - Meu coração doeu e soei mais magoada do que devia.
- Desculpe, deveria ter te contado. - Kariênina ficou cabisbaixo e eu logo apertei sua mão sobre a mesa.
- Está tudo bem, Paul pediu e eu sei que ele era meio incisivo em suas ordens. - Sorri e ela pareceu ter ficado mais leve.
- Ele também completou dizendo que eu deveria cuidar dos negócios dele até completarmos o plano, depois disso era para sairmos da máfia. - Completou e eu fiquei confusa por um tempo.
- Será que eu devia... Cuidar dos negócios da máfia de meu pai? - Perguntei meio sem graça e Anna Kariênina quase se engasga com o suco.
- Não, por gabor, Elis. A máfia não é ambiente pra você. Pelo amor de Deus, não. - Ela disse rápida e eu assenti.
- Também não sei se me encaixaria. - Concordei.

Terminamos o café da manhã e estávamos quase levantando da mesa quando a compainha tocou, Lúcia atendeu a porta e sorri surpresa quando vi Elena entrar em casa.

- Oi, bom dia. - Ela sorriu.
- Oi, amiga. - Sorri indo até ela, e nos abraçamos. Como era bom ter o abraço reconfortante de minha melhor amiga.
- Antes de para o campus resolvi passar aqui para saber como você está. - Ela explicou e vi Anna Kariênina andar que nós. - Não vai a faculdade hoje?
- Não, e amanhã também não. Acho que vou trancar a faculdade por enquanto. - Dei de ombros.
- Vai trancar a faculdade? Por quê? - Kariênina se meteu na conversa.
- Não estou com cabeça para isso agora, e temos coisas mais importantes nesse momento. - Olhei fixamente para ela e a mesma assentiu entendendo ao que eu me referia.
- Tudo bem, te vejo no almoço. - Ela se aproximou e me deu um selinho rápido.
- Tchau. - Assenei para ela, que pouco depois atravessou a porta saindo de casa. Quando me virei para Elena, a mesma estava tão pálida e de olhos arregalados que me preocupei.
- Mas que porra é essa?! A tua madastra acabou de te beijar na boca?! Na. Boca. - Minha melhor amiga enfatizou e eu corei passando as mãos pelo rosto.
- Amiga é uma longa história. - Suspirei.
- Então me conta logo tudo, foda-se os horários de aula que irei perder. - Elena segurou minha mão me puxando para sentarmos no sofá e eu sorri de sua curiosidade exagerada.

Respirei fundo e então comecei a contar tudo desde o começo, que o casamento de Anna Kariênina e meu pai era uma farsa, finalmente contei que Anna Kariênina é uma assassina profissional mas não contei o porquê real do acordo do acordo entre eles. Contei como a gente começou a se gostar mesmo vivendo em pé de guerra dentro dessa casa, até mesmo quando eu a vi fotografando na praia mesmo sem antes lhe conhecer. Isso é algo que ainda me impressiona, e me faz pensar: Foi pura coincidência, ou realmente há um destino que manipula tudo e uni caminhos?
Só sei que a cada palavra o queixo de Elena caía ainda mais e eu sorrio de seu jeito assustada.

- Bom, eu sempre disse que você era bissexual, meu radar não falha. Mas fetiche por madastra, isso é novo. - Elena brincou e eu lhe dei um soco leve.
- Sua idiota. - Sorrimos.
- Mas esse lance dela ser uma assassinada profissonal, você não tem... medo? - Elena fica séria por um instante.
- No começo sim, mas estranhamente quando eu vi ela no dia que nos conhecemos, não senti medo algum. Anna Kariênina nunca me faria mal, e ela já provou isso várias vezes. - Lhe tranquilizei.
- Bom, ela quase matou meu irmão. Mas agora que ela está contigo, eu vou perdoa essa. - Elena suspirou e engoli seco me lembrando de Karienina com um surto de ciúmes na festa.
- Me desculpa por isso, Elena, como ele está?
- Está bem, teve só alguns hematomas leves apesar dele ter tido que a mão dela é bem pesada. - Soltamos risadas fracas. - Só quero que você finalmente encontre alguém e seja feliz, você merece isso. Esquece o que houve. - Elena segura minha mão. - Mas e aí vocês já transaram? Finalmente rasgou esse lacre e deixou alguém cair de boca em ti? - Elena mudou o humor da água para o vinho me deixando super vermelha.
- Oh Meu Deus, eu não vou falar disso contigo! - Gargalhei envergonhada, me levantando do sofá.
- Nossa, como você é chata. - Ela revirou os olhos.
- E você tem que ir para a faculdade, já perdeu o primeiro horário. - Mudei de assunto rapidamente, antes que ficasse vermelha igual um pimentão.
- Mas antes eu preciso falar algo contigo. - Ela se levantou e andou até mim. - Amanhã vou reuniu minha família e meus amigos na praia pra festejar meu aniversário, queria muito que você fosse.
- Oh Meu Deus, teu aniversário, Elena. Eu esqueci. - Levei minhas mãos a minha boca.
- Tudo bem, amiga, eu sabia que tinha muita coisa na tua cabeça. Está tudo bem. - Elena sorriu com ternura mas mesmo assim me senti mal.
- Desculpa mesmo, amiga. Estou me sentindo uma péssima amiga. - Segurei suas mãos.
- Está tudo bem, Anna Elis, seu pai acabou de morrer e eu entendo o porquê você tenha esquecido. - Elena enfatizou e eu me senti um pouco leve. - Mas isso não significa que não ficarei chateada se você não for. - Ela completou e eu ri.
- Claro que eu vou, sua exagerada. - Revirei os olhos.
- Ah e pode levar a madastra irresistivelmente assassina, vai que tu tem uma primeira vez aquática. - Minha melhor amiga pisca com malícia e meu rosto queima.
- Elena, pelo amor de Deus, vai para o campus! - Esbravejei e ela gargalhou.
[...]

{POV. Anna Kariênina}

O galpão de recebimento e envio do tráfico de Paul é um dos maiores que já entrei, parece até uma matriz dos Correios. E ele consegue manter tudo isso as escondidas da justiça, através da propina que ele paga aos policiais, um dos problemas que agora eu tenho que resolver.
Assim que chego a ele, subo as escadas com os líderes de galpão atrás de mim e chego a sala, que antes era usada por Paul, e agora eu irei gerenciar daqui.

- Então, quais as urgências tão inadiáveis que me chamaram aqui, que não puderam esperar sequer eu aproveitar um pouco a solidão ter enterrado ontem o meu marido? - Digo com firmeza indo até a cadeira atrás da mesa da sala.

Era tudo muito improvisado e até meio mal organizado, por se tratar de galpão de tráfico e não uma empresa, então na sala havia caixas enormes de coisas que sei lá o que seja, o vidros das janelas eram meio sujos e embaçados mas pelo menos tinha ar condicionado e rendia dinheiro, isso que importa.
Os homens negros e fortes se entreolharam por um instante.

- Há vários carregamos para receber e assinar, achamos que a senhora iria designar um de nós para assumir o posto de Paul, já que a filha dele não sabe da máfia e a senhora talvez não sabia como funciona o galpão. - O de rosto um pouco quadrado e olhos escuros disse.
- Acha mesmo que fui casada com Paul e não sei nada sobre aquilo que herdei? - Soltei uma risada irônica me escapou. - Eu fui criada na máfia, sei mais do que qualquer um de vocês aqui. - Esses bandos de idiotas só querem se aproveitar, achando que eu, como mulher, não sirvo para a máfia. - Eu, além de assassina profissional, sou a chefe dessa máfia agora, eu mando nessa porra toda. E eu tenho certeza que nenhum de vocês irá entrar em meu caminho. - Lancei o olhar de ameaça que sempre funcionava e eles engoliram seco.

Idiotas.
[...]

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora