Capítulo 20

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{POV. Anna Kariênina}

Eu definitivamente não estava me reconhecendo, não consegui dormir nada a noite, sentindo uma inquietação estranha em meu coração. Pela amanhã, Taddy estava em casa mas eu havia fingido o dispensar porque queria ficar perto de Anna Elis, eu não me reconhecia pois nunca tive esse tipo de apego com ninguém. Nem mesmo com Alana, e depois de tudo que Elis me contou ontem a noite, eu sentia tanto por ela, queria lhe esconder do mundo. Uma menina tão preciosa que não merecia nada do que houve com ela.

Então com isso, usei minhas habilidades e alguns contatos para descobrir algumas coisas sobre a loira que estava a minha frente nesse instante. Não havia nada de relevante ou criminoso, apenas uma garota normal da elite, que tem a mesma paixão por balé e por esbonar pessoas, mas esse ultimo tratarei para nunca mais fazer com Anna Elis.

Após encontrar a casa de Savana, verifiquei onde havia câmeras e subi pela sua sacada sem ser vista, era tão fácil, já havia feito coisas piores como assassina.

- Quem é você? O que faz em meu quarto? - Sua voz tremeu e eu me levantei, ainda com a arma pontada para ela.
- Não lembra de mim, querida. - Fingi está desapontada e então ela arregalou os olhos mais ainda, em meio ao rosto ainda cheios de hematomasio.
- Aí meu Deus! Você é a madastra da Elis.
- Exatamente. - Abaxei minha arma, guardando na cintura. - E acho que você sabe o que estou fazendo aqui? - Ela engoliu seco enquanto me aproximava mais.
- Olha eu já apaguei o vídeo e juro que não vou mais falar nada sobre Elis.
- Não vai mesmo, e ainda por cima vai falar também para todos da escola para pararem de implicar com Elis. - Exigi - Ela não fez nada contra vocês, por que diabos não a deixam em paz?
- Mas com a escola toda, é muita gente... - Lhe interrompo.
- Infelizmente, as pessoas fúteis daquela escola se sentem atraídas por pessoas mais fúteis ainda, como você, então sim, você vai ter que falar com todos. - Disse invicta.

Ouço passos e então batidas na porta de Savana.

- Filha, está tudo bem? Ouvi vozes. - Ouço a voz do pai de Savana mas não sinto medo algum, colocando apenas meu dedo indicador sobre meus lábios.
- Uma palavra sobre mim, e eu saio dessa casa deixando corpos para atrás.

- Não... não é nada, pai. È... È só a TV. - Savana tremia inteira.
- Tudo bem, então. - O homem diz e logo ouço seus passos longe da porta.
- Recado dado, você sabe o que fazer. Ou então, eu irei visita-lá novamente, e dessa vez seus pais participaram. - Ameaço andando até a janela por onde eu havia subido.

Um problema a menos que consegui evitar para Anna Elis. Uma satisfação percorreu meu peito.
[...]

Chego a casa dos Borges e encontro todos na sala.

- Olá!.
- Atrasada, hein, querida. - Alasca sorriu chegando a sala com uma bandeja de biscoitos.

Alasca nem parece que é a mulher de um mafioso, que já deve provavelmente tirado vidas, ela ainda nos trata como crianças de 10 anos. Mas esse é o espírito da coisa, não parecermos quem realmente somos.

- Tive que resolver algo antes.

Explico me sentando ao lado de Alana em um dos sofá, a garota pousa uma das mãos em meu ombro e sorrir, com um leve cumprimento, eu faço o mesmo.

- Bom, agora que chegou precisamos decidir os próximos planos para chegar a Dorgles. - Jones começa. - A mansão de Dorgles fica do outro lado da cidade e é uma verdadeira fortaleza, pelo que eu saiba, ele até tem "molhado as mãos" de alguns policiais também.

Assim como nós também fazemos, porém, Dorgles tem muito mais dinheiro, mesmo eu estando casada com o segundo maior mafioso da cidade.

- Temos que achar alguma falha para poder entrar. - Comento pensativa.
- Pensamos nisso, mas o lugar é uma verdadeira fortaleza, cada canto é vigiado 24 horas por seguranças e câmeras. Não somos os únicos inimigos com contas a tratar com ele, e ele sabe disso, por isso se protege tanto. - Klaus comentou.
- Ele é um covarde, isso sim. - Kennedy sorriu com um escárnio ao lado do irmão.
- Não há covardia em se proteger, estamos nesse ramo há tempo suficiente para saber que Dorgles está certo em morar em uma fortaleza, cercado de pessoas leais. - Alasca comentou e então soa uma ideia em minha mente.

Pessoas leais.

- Espera, tem como achar uma falha maior que qualquer outra. - Digo me levantando e segurando meu queixo, pensativa.
- Como? - Alana interrogou.
- Falha humana, tem falha maior que essa?. - Digo óbvia mas eles ainda continuam confusos. - Dorgles está cercado de pessoas mas sabemos muito bem que ninguém é 100% confiável quando se tem interesses próprios em risco, onde há milhares de pessoas sempre há alguém com pensamento duvidoso. - Explico.
- Um traidor. - Jones deduz com os olhos brilhando.
- Sim, assim como aconteceu com Benneti, em que o traidor era o próprio contador, só precisamos achar essa pessoa e o coadir seja com dinheiro ou ameaças. - Expliquei.
- Brilhante, Anna. - Alana disse impressionada assim como todos, e eu corei.
- Temos bons espiões, mas precisamos de dinheiro e de tempo. - Jones disse.
- Kennedy e eu ficaremos pessoalmente liderando as espionagens. - Klaus completou.
- Já esperei 12 anos, posso esperar um pouco mais. - Suspirei. - E quanto ao dinheiro, só me dizer o valor que eu faço a transferência. Isso não é problema com metade do que Paul tem, já sendo meu.
- A outra metade também será sua quando você der um fim na filha dele, assim que ele morrer. - Alana sorriu com audácia e eu engoli seco.
- Pretende matar a garota? - Alasca soa assustada.
- Não! - Respondi rápida. - Eu até pensei isso no início, mas agora... Quer dizer, não vou mais matar ninguém. Metade já basta para o plano e ainda sobra para depois de tudo. - Me atrapalhei um pouco.
- O que? Mas você disse que... - Alana se levantou e eu lhe interrompi rápida.
- O que eu disse passou, mudei de ideia. Metade da herança já basta, não vou matar Anna Elis.

Alana me olha por alguns instante como se não estivesse me reconhecendo, e um clima pesado cai na sala.

- Eu vou ver uns carregamentos, com licença. - Ela muda de assunto e sai da casa. Todos me olham confusos e eu tento me manter neutra.
- Tenho que voltar, Paul não está se sentindo muito bem, quando tiverem novidades sobre as espionagens, me avisem. - Digo e saio antes que eles me interroguem algo.

Eu sei que meu plano inicial era herdar toda a herança dos Ralph após matar a todos, mas nesse momento pensar em Anna Elis dentro de um caixão era como sentir minha própria morte. Não posso fazer isso, se não sei direito que porra eu estou sentindo mas não posso.
[...]

{POV. Anna Elis}

O assunto do momento no campus era a minha briga com Savana, meu nariz ainda doía um pouco mas agora estava menos vermelho, mas ainda assim incomodava um pouco. Depois de passar todas as aulas ouvindo os burburinhos, agradeci a Deus quando tudo acabou, e após o almoço eu pude trabalhar na biblioteca.
Ser artística é gostar um pouco de cada tipo de arte, desde pintura, dança e música, até literatura. Então trabalhar na biblioteca é o que me ajudou a ganhar algum dinheirinho e passar meu tempo livro fazendo algo além de pintar.
Devia ser por volta das 15:00 da tarde, e eu estava terminando de organizar alguns clássicos em uma das prateleiras em meio a biblioteca, eu gostava de terminar mais cedo pois assim poderia procurar algo para ler no restante do tempo. Quando, de repente vejo cabelos loiros familiares no fim do corredor, virando para os lados como se estivessem a procura de alguém. Quando a pessoa se virou para mim, notei que era Savana, seus olhos se arregalaram assim que me viu e a mesma andou até mim. Aí meu Deus! Será que ela quer alguma revanche? Não estou preparada para isso.

- Ainda bem que achei você. - Savana parecia desesperada e com medo, nenhum sinal de que queria quebrar minha cara. - Eu já fiz tudo que ela pediu, agora por favor, diz pra ela ficar longe de mim e dos meus pais!

- Do que você está falando, garota? - Enruguei minha testa.
- Da tua madastra.

- O que?!

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora