Capítulo 5

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{Anna Kariênina}

- Filha? Espera, você não disse isso quando estávamos fazendo o acordo. - Digo irritada e surpresa.
- Porque sabia que isso poderia influenciar na tua decisão... - Lhe interrompo.
- Claro que ia, Paul! Você tendo uma filha, matade do que você tem é dela, e eu terei que dividir. - Começo a andar de um lado para o outro na sala.
- Eu tenho muito dinheiro, Kariênina, a tua parte será o suficiente. - Me aproximo dele ao ouvir aquilo.
- E se não for, Paul? Não posso colocar meu projeto de vida em risco por tua causa e da tua filha? - Aponto para ele.
- Você não tem para onde correr, Kariênina, algumas pessoas aqui já sabem do pedido de casamento e desconfiaram caso você não aceitasse. - Paul disse firme e então minha ficha caiu.
- Espera... Você armou uma emboscada para mim? - Não foi uma pergunta e sim uma afirmação. - Seu filho da puta! - Avanço contra ele pegando nas barras de sua camisa, mas ele não se defende. - Eu poderia muito bem terminar logo teus dias aqui. - Digo entre dentes, lembrando da faca que sempre carrego disfarçadamente em minha cintura.
- Então me mata, e teu plano vai todo por água abaixo! - Paul rebate.

  Eu o olho por alguns instante procurando em minha mente alguma alternativa de saída, mas não encontro nada.

- Porra! - Solto um grunhido lhe soltando e bato minhas mãos na mesa de madeira no meio.
- Minha filha não tem interesse nenhum em meu dinheiro, ela é só uma estudante de artes que quer ser uma pintora, não irá atrapalhar teus planos. Anna Elis tem apenas direito há uma pequena parte do meu dinheiro. - Paul explica.
- Anna Elis? - Sorrio com escárnio ao perceber que essa filha da puta é um encosto que ainda por cima que é xará.
- Ela acredita que é uma herança da mãe, que ela vai receber da mãe quando fizer 21 anos. - Paul continua, ignorando minha pergunta. - Mas, na verdade, é apenas uma parte do meu dinheiro que deixarei para ela depois que terminar sua faculdade. Sabia que se dissesse que o dinheiro era meu, ela não aceitaria, então inventei a história do testamento da mãe, mas, na verdade, Luíza não deixou nada para a filha antes de morrer. - Ele contou e eu continuei em silêncio. - Um último aviso, Elis não sabe de minha doença e quero que continue assim até que eu finalmente morra.
- Por que?
- Ela não se importaria. - Aquilo soa estranho para uma relação entre pai e filha, eu quase morri quando meu pai faleceu. - Então, Anna Kariênina, o que diz sobre esse novo estabelecimento no acordo?
- Um absurdo! - Disparo. - Você está colocando todo meu projeto de vida em risco com essa nova questão.
- Temos o mesmo objetivo, Kariênina, matar Dorgles e eu não vou medir esforços para isso, mesmo depois de minha morte. Então não tem com o que se preocupar. - Paul é invicto em suas palavras, e então tira uma pequena caixa preta dentro do bolso, ele a abre exibindo um lindo anel fino de prata com uma pedra com um diamante branco em cima. - Só cabe a você se continuamos ou não. Você aceita se casar comigo, ou irá desistir de seu grande projeto de vida por causa de um obstáculo, Anna Kariênina?

  Meus olhos saem de Paul e vão até o anel, o encaro por alguns instante e então um instalo soa em minha mente, como se uma lâmpada se ascendesse sobre minha cabeça.
  "Você é uma assassina, Anna Kariênina, não há nada que não possa fazer, tirando um pouco de sangue." Era como se eu tivesse ouvido a voz de Lucker em minha mente.
  Em um pulo, seguro a caixinha tirando o anel de dentro.

- Parece que teremos um casamento esse fim de semana. - Paul diz com um sorriso mórbido no rosto, assim que me ver colocando o anel.
- Vamos acabar logo isso. - Digo indo até a porta.

  Saímos e logo Paul segurou minha mão pelo corredor, respirei fundo várias vezes e fechei os olhos por alguns instantes, para ter forças para ainda continuar a fingir.
  Ouvimos os burburinhos da festa novamente enquanto tocava A Little Wicked - Valerie Broussard, e eu fiz o melhor número que poderia entrar em Hollywood.
  Lágrimas falsas brotaram em meus olhos e assim que avisei Alana e os outros, corri até ele.

- Gente, eu vou me casar! - Gritei para todos ouvirem e balancei meu anel na frente de todos, como um jogador levantando um troféu.
- Ai meu Deus, que coisa linda! - Alasca gritou, também fingindo emoção e me abraçou. - Sabia que você ia conseguir. - Ela sussurrou em meu ouvido, mas sei muito bem a que ela se refere verdadeiramente, quase me emociono de verdade.
- Parabéns, amigo! - Ouço Jones cumprimentar Paul com um abraço. Todos fingem tão bem, afinal, fazemos isso desde que nascemos.
- Cuida bem da nossa irmã, viu? - Kennedy também diz a Paul e eu me separo de Alasca.
- Claro que vou cuidar dessa jóia rara. - Paul diz bem alto e todos ao redor já estão a nos olhar animados.
- Ora, ora, parece que teremos um casamento por aqui. - O dono da festa aparece com enorme sorriso no rosto, é um homem já mais velho e totalmente enrugado mas que não dispensa uma morena jovem e bonita ao seu lado.
- Eu não podia deixar passar essa mulher, né, Joey? - Paul me puxa pela cintura e eu solto risadas, lhe dando um beijo na bochecha.
- Então, viva aos noivos! - Joey levanta sua taça de champanhe, e um garçom apareceu a nossa frente nos oferecendo duas taças também.
- Viva! - Todos gritaram de volta e Paul me puxou para um selinho demorado.

  Mal sabe Paul que ele acabou de beijar a morte. Se ele acha que vou esquecer que ele me traiu, ele está muito enganado.
  "Você é uma assassina, Anna Kariênina, não há nada que não possa fazer, tirando um pouco de sangue."
  As mudanças no plano agora são bem inflexíveis: Em breve, Paul e sua filha estaram mortos, e eu com a herança deles.
[...]

{Anna Elis}

- Casar?! - Elena dispara tão alto que pude ver as pessoas ao redor no corredor nos olharem. - Nossa, tio Paul ainda está com tudo em cima, viu? Em cima, literalmente. - Ela diz impressionada.
- Da pra parar de falar isso tão alto? Eu te contei porque tu é minha melhor amiga, mas não quero que San Diego inteira fique sabendo. - Lhe repreendo.
- Tá, tá bom. Mas você entende que logo logo todo mundo aqui vai saber, teu pai é famoso na cidade inteira. - Elena pondera e eu bato minha testa dramaticamente na porta do meu armário.
- Que merda.
- Mas pensa pelo lado bom, amiga, vai ter outra mulher na tua casa. Você pode conversar com ela, sei lá, fazer uma amizade nova. - Minha melhor amiga sugere.
- Acho impossível, ela deve ser só mais uma golpista que deu a sorte de achar um cara rico pra casar. - O sinal toca e começamos a andar.
- Será que ela é daquelas piriguetes? - Elena faz cara de novo.

  Eu obviamente não contei tudo sobre Anna Kariênina para Elena, minha melhor amiga surtaria de preocupação ao saber que dividirei o mesmo teto que uma assassina. Meu corpo se arrepia só de imaginar.

- Não duvido de nada, nunca vi meu pai com nenhuma mulher depois que minha mãe morreu. Mas o meio que ele convive não tem bons exemplos de mulheres confiáveis. - Explico.
- Então acho melhor ir se preparando pois ela vai dar um golpe da barriga com certeza. - Elena comenta e eu bufo.
- Ah, merda.
[...]

Continua...

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  Já temos revelações hein

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora