Capítulo 47

25 6 0
                                    

{POV. Anna Kariênina}

Meu coração estava acelerado quando saímos de casa, eu nem acredito que meu tão sonhado dia chegou, eu deveria está feliz pois o ápice da minha vida havia chegado, mas por alguma intuição estranha eu me sinto vazia, não sei porque diabos me sinto assim, uma angústia de que essa não seria uma noite tão boa como havia pensado. Que se dane essa angústia, eu tenho que acabar logo esse plano e sair dessa cidade com Elis, é apenas isso que quero.
Anna Elis e eu vestimos casacos de couro preto enormes que cobriam quase todo nosso corpo, com capuzes que também cobriam nossos rostos. Ao lado do carro já estava Kennedy, também disfarçado usando um bigode horrível, lentes de contato verdes e uma peruca de cabelos longos, apertei os lábios em uma linha fina, tentando não sorrir.

- Você está engraçado. - Acabei não me controlando.
- E você vulgar. - Ele rebateu e eu sorri mais.

Entramos e ele logo deu partida, segurei firme a mão de Anna Elis durante todo o trajeto, ela estava fria e trêmula, não podia julgar pois estava quase da mesma forma, sou apenas um pouco mais controlada por causa dos anos de treinamento com Lucker.
Kennedy nos deixou na saída dos fundos do grande cabaré da madame Dalila, que estava fechado hoje. O lugar era enorme, com pintura branca e tons claros, e clássica, mas parecia um museu do que um cabaré. Talvez porque nesse meio que vivemos sabemos que nunca devemos mostrar o que realmente somos. Kennedy logo saiu do carro sem ao menos nos esperar entrar, eles iriam fazer as trocas de placas e disfarces agora para nos esperar na saída de emergência da casa de Dorgles, quando tudo já tiver acontecido.
Após entrarmos, madame Dalila já estava a nossa espera na grande sala, acompanhada de uma mulher negra de cabelos com tranças, e visto pela sua roupa igualmente a nossa, deve ser uma prostituta. Madame Dalila não parecia ser uma mulher desse tempo, apenas de não aparentar ter mais de 40 anos, olhos verdes, os cabelos loiros platinados em um penteado a qual eu só vi em filmes antigos, e suas roupas em setin bege, e joias de pérolas. Ela parecia uma mulher saída do século 19.

- O carro de Dorgles já já chegará, então preciso que ser rápida ao passar algumas instruções

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

- O carro de Dorgles já já chegará, então preciso que ser rápida ao passar algumas instruções. - Ela indicou e assentimos, ainda de pé de mãos dadas já que não houve nenhum convite para nos sentarmos aos sofás. - Menti a Dorgles que vocês são garotas novas no ramo, mas fiquem atentas pois Dorgles é muito observador, ele é metódico e gosta que dancem para ele, então façam isso para não levantarem expectativas. Não sei o plano todo de vocês e nem pretendo saber, então se chegarem a transerem com eles, sejam submissas e aceitem tudo que eles quiserem fazer. - Madame Dalila era incisiva em suas palavras.
- Não chegaremos a isso. - Elis é rápida. Claro que não podemos chegar, Anna Elis não pode transar com o próprio pai.
- Nem tentem, Dorgles é um monstro. Olha o que ele fez comigo. - A mulher de tranças soou e quando ela abaixou um pouco a gola de seu robe transparente, vimos a marca marrom enorme em seu pescoço.
- Minha nossa. - Sussurrei horrorizada.
- Ferro quente, aquele homem é um doente com seus jogos sexuais. - Ela exclamou.
- Por isso eu quero tanto me livrar dele, sei que isso pode ter consequências para meus negócios por vocês estarem fingindo ser duas de nós, mas isso depois eu posso inventar uma história. - Dalila pondeirou.
- Obrigada por nos ajudar, madame Dalila. - Digo.
- Não estou lhe ajudando, Kariênina, nossos propósitos apenas se cruzaram. Mate aquele homem e então nunca mais veremos a cara uma da outra. - Dalila sempre teve a fama de ser frias em suas palavras mas agora tenho a prova disso.

Ouço uma porta se abrir e uma mulher ruiva também de robe e lingerie vermelha aparece.

- O motorista chegou. - Avisou a prostituta e eu respirei fundo, senti quando Elis apertou mais forte minha mão também tentando se controlar.
- Vamos. - Dalila se levantou do sofá e andou até a porta.

Ergui meu queixo e então lhe acompanhamos, manti minha postura e enquanto andávamos para a última sala, escutei um trovão alto com leves gotas de chuva começando a cair. Chegamos a sala que dava para a rua e já havia dois homens ternos e armas na cintura, altos, fortes e tatuados, mas não sou de me intimidar fácil, como assassina profissional eu os coloco no chão com apenas alguns golpes.

- São essas. - Dalila apontou para nós com um certo tédio e eu soltei a mão de Anna Elis quando eles andaram até nós.

Já sabendo o que vinha pela frente, eu deixei meu corpo a mercê deles enquanto um deles começou a mexer em e o outro em Anna Elis. O homem sem educação alguém abriu meu casaco e me analisou de cima abaixo, senti nojo e ódio queimar em mim quando ele levou suas mãos a minha bunda como se tentasse encontrar algo, mas era óbvio que não poderia ter nada pois nossas roupas eram quase transparentes. Meu sangue ferveu mais ainda quando vi que o homem fazia o mesmo com Anna Elis, me arrependo amargamente de tê-lá trazido aqui, devia ter lhe impedido de está nessa merda comigo, mesmo estando surpresa o quão neutra estava suas feições nesse momento, mas sei que ela deve está se roendo de ódio por dentro assim como eu.
O segurança desce suas mãos e eu protesto dando um tapa leve em sua mão que estava quase chegando lá em baixo.

- Ai só ele pode pegar. - Estalo a língua, um pouco surpresa internamente com minha atuação de prostituta.

O homem nojento não diz nada, apenas se afasta e pega a bolsa de minhas mãos, prendo a respiração por um tempo com medo deles encontarem o fundo falso, mas nada é visto. Ele joga a bolsa para mim e começam a andar juntamente com o outro, fecho meu casaco e seguro a mão de Elis, dando uma olhada rápida em Dalila antes de sairmos. Seu olhar mesmo sério e frio, eu poderia sentir uma prece vindo deles. Como se dissessem: "Cuidado". Isso só fez aumentar ainda mais aquela angústia que ainda sentia.
Sentamos nos bancos de trás do carro de Dorgles e ele logo começou a se mexer, respirei fundo algumas vezes para me acalmar e percebi que Elis fazia o mesmo, ela estava saindo-se muito bem, mas daria tudo para que ela não estivesse aqui. O carro foi rápido apesar da casa de Dorgles ser do outro lado da cidade, quando descemos do carro então percebo o porquê era tão longe, o cara literalmente morava dentro de um castelo com fortaleza fortíssima. Pingos de água caíram mais fortes sobre nós e entramos rápidos na enorme mansão.
Dorgles provavelmente criou esse lugar para se exilar de qualquer ameaça de seus inimigos e para se exibir de toda a riqueza de ser o maior mafioso de San Diego, havia seguranças espalhados por cada canto da casa e eu engulo seco percebendo as câmeras por todo o lugar. Mas sabia que esse era um detalhe a não se preocupar pois nesse momento Jorge, o hacker contratado, já está editando e configurando todas as câmeras da mansão e arredores, diretamente de sua casa.
A mansão era enorme, com uma decoração um pouco exagerada com duas escadas laterais e uma enorme piscina na frente da casa, após subirmos as escadas, paramos na primeira sala para sermos revistadas mais uma vez. Mantenho meu olhar neutro mesmo ao perceber que o homem que ia nos revistar era Louis, o traidor que assim que terminar de nos revistar pra arranjar uma desculpa e sair daqui o mais rápido possível para bem longe, o dei dinheiro mais que o suficiente para isso.
Louis terminou de revistar Elis e depois pegou minha bolsa, sabia que mesmo que ele sentisse algo não ia dizer, então ele logo abriu meu casaco e deixei que ele fizesse seu "trabalho".

- A saída de emergência no quarto está distrancada. - Ele sussurrou disfarçadamente tão baixo que quase não o ouvi.

Terminado isso, outro segurança se aproximou e começou a subir as escadas. Os acompanhamos e a cada passo que dávamos pelos corredores e escadas, eu sentia meu coração ir parar na boca. Chegamos a uma porta branca com bordas douradas e o segurança a abriu para nós, entramos e ele a fechou.
O quarto parecia um verdadeiro show de horrores misturado com o quarto vermelho dos filmes Cinquenta Tons, havia chicotes por toda a parte, armários com portas de vidro exibindo as peças de tortura sexual que havia ali. No centro uma enorme cama vermelha com várias almofadas ao redor e eu senti um nó em meu estômago.

- Ai está minhas meninas. - A voz do homem soou se aproximando e eu congelei por um instante.

Aquela voz me causou arrepios e flashbacks, como se toda a história dolorosa de meu pai e eu se repassasse em um filme em minha mente ao ouvir essa voz. A voz do homem que acabou com a vida do meu pai.

Continua...

Corpos em Chamas: A vingança de Anna Kariênina (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora