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Era sexta-feira e estávamos no aeroporto

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Era sexta-feira e estávamos no aeroporto. Não faltava muito para irmos para Cancún. Eu odiava mudanças, mas eu não tinha escolha.

—— Você está pronta?

—— É claro que não. —— me sento em um dos bancos e Nour se senta no meu colo.

—— Se eu pudesse, eu também não iria.

—— Iria sim. Você quer se livrar do câncer. —— falo —— Além do mais, como o papai e a mamãe disse, vai fazer bem para todos.

Olho para Nour que estava desenhando em seu livro de pintar. Ela estava com a cabeça em meu peito, enquanto eu passava a mão em seu cabelo.

—— Vôo 614. Embarque. Vôo 614.

Ouço uma das aeromoças falarem no interfone, fazendo várias pessoas ouviram. Me levanto do banco e pego minha bolsa.

—— Vamos. É o nosso vôo. —— papai diz.

Seguro a mão de Nour e fomos indo até o portão para entrar no avião. Assim que chegamos, olho para trás. Eu iria me despedir da cidade que eu amava.

Adeus, Londres. Olá, Cancún.

Entramos no avião, se sentamos nos nossos assentos. Pego o meu fone de ouvido e clico na minha playlist. Iria ser um longo vôo.

A viagem durou 13 horas e 29 minutos, eu dormi na maior parte do tempo que nem percebi quando já tinhamos chegado.

Já estávamos em Cancún e para ser sincera, é um lugar lindo. Estava ensolarado e tinha várias pessoas andando pelas praias. Aquilo era um sonho.

—— Aqui é muito lindo, Ny! —— Nour falou animada.

—— É, é muito lindo, meu amor.

A pequena Nour sorria radiante enquanto olhava as praias pela janela do carro. Ela estava feliz.

—— Já estamos chegando na nova casa. —— mamãe anuncia olhando para a gente.

—— Eba!

Papai para de dirigir o carro, vejo que já chegamos na nossa nova casa. Era uma enorme casa, com várias janelas, um quintal... era lindo demais.

Nour abriu a porta do carro e desceu, ela ficou parada olhando para a nova moradia.

—— É muito grande, Ny. Você viu?

—— Eu vi.

Ela segura a minha mão e me leva até a casa.

—— Any! Tem uma piscina! —— comentou animada.

Nour estava muito animada com a novidade. Eu estava tão feliz por ela.

—— Filha, vamos ver o seu quarto novo. —— mamãe diz enquanto subia os degraus.

—— Então —— me aproximo enquanto papai falava —— , o hospital ligou dizendo que o primeiro tratamento do Bailey seria hoje. E nem eu e nem a mãe de vocês vamos poder ir por conta da Nour.

—— Eu levo o Bay.

—— É sério, filha?

Assenti.

—— É. Que horas temos que ir lá?

Papai olha em seu relógio.

—— Daqui uns 20 minutos.

Abro a porta de casa.

—— Vamos. —— falo —— Tchau, pai.

—— E aí? O que achou da nova casa? —— Bay pergunta enquanto entrava no carro.

—— Uma grande merda. —— ele me olha —— O que foi agora?

—— Nada.

—— Não adianta eu ficar animada com essa porra de casa, daqui alguns meses papai vai dizer que precisamos se mudar.

—— Não sei. Acho que dessa vez é para sempre.

—— Não existe "para sempre". —— ri —— Papai disse que amanhã iríamos conhecer a nova escola.

—— Você sabe que só podemos ver nossos pais durante o fim de semana, não é? —— balanço a cabeça confirmando.

Na nova escola, teriam dormitórios para todos os alunos. E eu iria dividir com uma tal de Joalin Loukamaa. Mas também só poderíamos ver nossas famílias durante o fim de semana.

—— Vai dividir o dormitório com quem?

—— Joalin Loukamaa.

—— Lamar Morris.

Eu tinha acabado de estacionar o carro. Suspirei fundo e saí do automóvel.

Entramos no local enorme, enquanto meu irmão ficava na sala de espera, eu estava indo assinar alguns papéis.

—— Nome do paciente, por favor.

—— Bailey May.

A secretária arrumou seu óculos de grau e voltou a digitar no computador. Ao mesmo tempo, ela mastigava algum chiclete.

—— Qual é o tratamento, senhora?

—— Tratamento de câncer no fígado.

Ela me olha.

—— Então, esse é o garoto que vai fazer o tratamento?

—— É. Foi o que eu disse. — comecei a me perguntar se ela era surda.

—— A Dra. Yang está esperando o paciente já faz um tempo.

—— Tá bom. Obrigada. —— levo o meu irmão até a porta do consultório —— Você quer que eu entre com você?

—— Sim. Eu não vou entender nada do que essa médica falar.

—— Tudo bem. —— bati na porta e logo abri —— Licença.

—— Estão atrasados. —— ouço a voz da mulher.

—— Eu sei. E me desculpe. —— me sento na cadeira —— Acabamos de chegar de Londres e perdemos a noção do tempo.

—— Tudo bem. —— cruzou os braços —— Então, esse é o Bailey?

—— É. —— ele diz —— Prazer.

—— Me acompanhe.

A mulher se levanta de sua cadeira e deu a volta em sua mesa.

—— Quando descobriu o câncer?

—— Quando eu tinha 14 anos.

—— E já fez algum transplante?

—— Duas vezes. Mas o câncer sempre voltava.

Ela ficou em silêncio por um tempo.

—— Ótimo. Eu vou pedir para que fazem um exame de sangue e uma tomografia. —— ela saí da sala.

—— O que raios ela disse?

—— Que vai tirar seu sangue, bebezão. —— me levanto indo até ele —— E que também vai ver como está o câncer no seu fígado.

continua...

𝘁𝗵𝗲 𝗰𝗵𝗲𝗲𝗿𝗹𝗲𝗮𝗱𝗲𝗿 𝗮𝗻𝗱 𝘁𝗵𝗲 𝗯𝗮𝘀𝗸𝗲𝘁𝗯𝗮𝗹𝗹 𝗽𝗹𝗮𝘆𝗲𝗿 Onde histórias criam vida. Descubra agora