Capítulo 2

331 25 0
                                    

"Situações nos fortalecem, pois por mais que sofremos por causa dela,é ela que  nos mostra o tamanho de nossa força e de nossa fé. "

Acordei às seis da manhã, como todos os dias conclui os meus afazeres enquanto esperava a ligação do hospital sobre a liberação do corpo do meu pai,pelo número de vítimas do acidente,fui informada que a liberação poderia demorar um pouco,era tão doloroso tudo aquilo e cogitei que nada podia piorar, e o destino me deixou claro que eu estava enganada quando ouvi a campainha tocar  e me deparei com o sr. Fernando. Um homem de baixa estatura, calvo,de pele clara e aparência rude.

- Bom dia,Sarah - não me olhava nos olhos,estava focado nos papéis em suas mãos,e eram muitos.

- Olá, sr. Fernando - o conhecia das poucas vezes que o vi conversando com meu pai, ele era o homem a quem meu pai comprou a casa.

- Sei que ainda é cedo mas era o horário que tinha disponível, sou um homem ocupado como deve saber. Vim prestar minhas condolências a você e seu irmão,pois soube da notícia da tragédia;e também queria lhe entregar esses papéis que constam que ainda faltam a maioria das parcelas para a dívida da casa ser totalmente quitada - estendeu os papéis para que eu os pegasse e assim fiz sem conseguir dizer qualquer palavra. - sei que é um momento difícil para você - continuou - mas para mim negócios são negócios e espero que antes de pensar em gastar o dinheiro que receberá com coisas bobas que meninas de sua idade gostam,saiba que tem dívidas comigo e que é o seu teto que está em jogo;mas uma vez meus sentimentos e na data que está na parte superior do documento é a que voltarei para receber meu pagamento,espero encontrá-la em casa.

Tentei dizer algo antes que ele fosse embora,mas minha voz sumiu,era tanta coisa pra assimilar que depois que o sr.Fernando foi embora só pude fechar a porta,sentar no sofá e por as mãos na cabeça. O que eu iria fazer para quitar a dívida e continuar com um teto para morar? Busquei coragem para olhar o valor da dívida,alto ou baixo eu não teria dinheiro para nenhuma das opções.

- O que são esses papéis,Sarah? - Oliver entrou na sala se jogando no sofá.

- São do papai - falei levantando para encerrar o assunto - assim que você tomar seu café vamos ao hospital,terei que te levar pois não posso te deixar sozinho.

Todo o caminho foi Oliver perguntando se podia ver nosso pai pela última vez,ele sabia o motivo de estarmos indo lá,enquanto eu  estava com a mente em outro lugar, que no caso seria como conseguir o dinheiro da casa quando não se tinha dinheiro nem para o sustento do mês seguinte. Ele acabou ficando chateado por não ter tido respostas minhas,mas assim que chegasse no hospital pretendia continuar insistindo, ele não desistia do que queria, fácil.

Ao chegar no hospital fui informada na recepção que deveria ir a uma sala onde os familiares das vítimas da tragédia estavam em uma reunião, com um grupo de pessoas responsáveis pela empresa dona do prédio desabado; depois de pedir informações de onde ficava a sala pois o hospital era enorme,entrei na sala de mãos dadas com Oliver e vi pela quantidade de familiares que na verdade a quantidade de vítimas era bem maior do que eu imaginara.

Não Foi Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora