Capítulo 30

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Capítulo 30

"O fato de não termos consciência de uma coisa não significa que ela não possa nos prejudicar."
(Mark W. Baker)

Depois de ler para o Oliver e colocá-lo para dormir, finalmente finalizei o livro que comecei a uma semana. As horas não pareciam passar,minha mente me tortura me fazendo lembrar de cada palavra que saiu da boca da Giovana.
- Eu preciso dormir,meus Deus! - estava agarrada com uma enorme xícara de chá de camomila e meu corpo encontrado na pia da cozinha e meus olhos focados para uma parede fazia,igual a minha falta de sono mesmo sendo já bem tarde.
Acordei com a Luiza me ligando as seis da manhã para eu abrir o portão.

-Bom dia minha querida - me abraçou com o semblante visivelmente exausto.
- Bom dia,como foi sua noite de trabalho?
- Cansativa. Obrigada por me deixar vir pra sua casa.
- Imagina. Vamos entrar e vou preparar o café.
- Necessito - disse enquanto caminhamos para dentro.

- Me conta,como foi seu dia,conseguiu respostas? - seu cabelo estava enrolado em uma toalha de banho enquanto apreciava um café forte.

- Sim,mas não vamos falar de mim, primeiro você, além de cansada,está triste,e sua mensagem me deixou inquieta. O aconteceu,Luiza? - pensei em seu romance, talvez as coisas não estivessem indo bem. Mas não estava preparada para o real motivo.

- Por motivo de trabalho eu terei que me mudar para outro estado. - notei seus olhos encherem de lágrimas e um leve tremor em sua voz.

- O quê? Pensei que estava tudo bem com seu emprego - a notícia me fez mudar meu corpo de posição no sofá.

- E está. Mas as coisas não estão boas lá em casa. A distância da família causada pelo emprego do meu pai está deixando minha mãe maluca. A ausência dele no dia do aniversário dela foi a gota d'água. Meu pai sugeriu nos mudarmos e resolver o problema, minha mãe não concordou de início mas agora...
- Eu lamento,Luiza.
- Minha mãe não acredita que sou capaz de morar sozinha e não posso discordar. Sou péssima na cozinha,vivo no trabalho e odeio ficar sozinha.Eles não querem que eu more com a vó,não acham certo. Então me resta ir com eles - enxugou as lágrimas.

- A vida é suas decisões difíceis. - segurava uma de suas mãos.

- Muito,querida. Eu não quero deixar a vovó,o Noah,nem você e o Oliver. Tenho o meu emprego aqui,você sabe o quanto amo o que faço,e gosto das pessoas com quem trabalho. Tenho uma vida nessa cidade e uma pessoa que estou apaixonada e não aceito jogar tudo para o alto. - negava com a cabeça enquanto falava.

- Eu entendo Luiza,e lamento muito. - a abracei e senti me apertar forte - Você pode morar aqui comigo e com o Oliver.

- O quê? - seus olhos arregalaram-se.

- Também não quero que vá embora, você é muito especial para mim e já me ajudou de todas as formas possíveis,então agora é minha vez de te ajudar. - sorri fraco pra ela.

- Não,Sarah, eu não posso aceitar,seria pedir demais. - precisei segurar sua cabeça pois estava ficando tonta de tanto vê-la balançar .

- Não sou sua parente então não tem porque sua mãe não apoiar que você fique aqui. Você não pediu,fui eu quem fiz a oferta, Luiza.

- Não é certo, agradeço sua ajuda mas não quero atrapalhar sua vida. - tentou levantar do sofá mas a impedi.

- Você não quer ir embora,eu não quero perder você,e estou te fazendo um convite.
Em meio ao caos Deus me deu você,o Noah e a dona Lora. Vocês estavam comigo quando eu mais precisei e hoje eu sei que não foi por acaso,nenhum de vocês entraram na minha vida e na do Oliver por um simples acaso - falava a todo momento enxugando as lágrimas e Luiza chorava como criança enquanto me ouvia.

- Eu não sei como agradecer,Sarah. - me puxou para mais um abraço apertado.

- É assim que me sinto quando você me ajuda. - sorri ainda emocionada -Sei que é um pouco longe do seu trabalho,mas vamos nos organizar e tudo dará certo. Agora pare de chorar e vá dormir um pouco.

- Não acabamos de conversar ainda - secava as lágrimas- é a sua vez!

- Eu posso esperar,seu cansaço não. Você teve uma noite difícil. Precisa dormir! - peguei a xícara de sua mão e me levantei.

- Obrigada,Sarah. - sorri com os olhos e fiz sinal para que fosse para o quarto.

A Luiza ainda dormia quando sai para o trabalho. O Oliver insistiu para lhe dar um abraço, mas não quis incomoda-la.

- Eu não acredito que toda essa confusão é graças uma vizinha fofoqueira que quis dar uma de cúpido. - Luiza estava revoltada assim como fiquei ao saber. Finalmente pudemos conversar quando cheguei do trabalho.

- Acredite, ela encheu a cabeça do ser humano com esperanças, disse que fiz o que fiz por amor - revirei meus olhos.

- Que maluca. E o seu endereço, Como ele conseguiu? - tomou rapidamente um gole do café que estava na xícara a sua frente.

- Meu pai havia dado a ela caso alguém do antigo trabalho dele o procurasse,deixou mais por precaução do que necessidade,mas deixou claro que ela o passasse apenas em caso de urgência.

- Acho que ela não sabe o significado da palavra urgência.

- Com certeza não. - dei de ombros.

- E a Giovana,vai ficar bem? - perguntou com certo cuidado.

- É o que desejo. Me dói saber que ela foi vítima dele por causa da minha covardia em denuncia-lo quando devia.

- Não se chame de covarde, você teve compaixão.

- Essa compaixão resultou em algumas costelas da Giovana quebradas. - meu dedo indicador rodeava a superfície da xícara.

- Sua atitude foi perdoa-lo,a dele foi cometer o crime novamente. São escolhas,Sarah, são elas que definem nosso caráter.

Não Foi Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora