Capítulo 10

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Capítulo 10

"Seu retrato honesto do passado pode ser a coragem para o futuro de outra pessoa"
(Max Lucado)

Após deixar o Oliver na escola, com poucos minutos cheguei na Livraria Central,e a dona Lô estava organizando alguns livros que estavam em cima do emorme balcão. Ao me ver entrando, saiu de trás do balcão e veio ao meu encontro.

-Olá, querida. - ganhei um abraço quente.

-Olá, dona Lora - cumprimentei

-Vamos para as primeiras instruções? -

-Vamos nessa - eu tinha em mãos um pequeno bloco e uma caneta.
Enquanto prestava atenção em cada palavra da senhora, anotava com cautela. Depois de andar por toda a  livraria,notei que era bem maior do que demonstrava ser. Era óbvio que eu poderia esquecer de algo.
Graças ao curso de informática que fiz quando adolescente, a dona Lô não precisou explicar a fundo os procedimentos que deveria ser feito no computador.

- Os livros que ficam em cima desta prateleira - apontou para uma prateleira que paramos bem a sua frente - são os comprados por encomendas,a lista de seus donos sempre ficam na pasta que te mostrei agora pouco. É um pouco alta,mas temos a escada, não será necessário subir sempre,pois não é comum encomendas de livros.Um ponto importante é que quando os livros chegam no sábado, o Noah depois de organizá-los manda uma mensagem de aviso às pessoas que os encomendaram e assim estabelece uma data de entrega para vinherem buscar. As datas de entrega também ficam no computador, acompanhadas do contato do comprador.Todos os livros têm seus valores neles, são livros demais pra lembrar, é difícil até pra mim - sorriu me dando leves batidinhas no ombro - sempre antes das cinco e meia eu estarei aqui para assim você poder ir embora,garanto que não se atrasará para buscar o garotinho na escolinha - seu gesto de gentileza me deixou emocionada. - por enquanto são essas as orientações que tenho pra você,Sarah,caso lembre de outras darei de acordo quando lembrar; Dúvidas minha jovem? - perguntou por fim.

- Está tudo perfeitamente esclarecido, dona Lô.

- Ah,quase ia esquecendo - comentou que o dedo indicador levantado - quando o estoque de algum livro acabar você pode deixar um aviso para o Noah,fazer novos pedidos para repor o estoque é da responsabilidade dele,ele fara em seu turno.

- Pode deixar! - assenti.

Durante os quatro dias da semana, recebi o auxílio da Dona Lô. Quando disse que a partir da semana seguinte não iria mais ficar na livraria pois fui muito bem em minha adaptação,tive a ideia de fazer um tipo de mapa da livraria,estava com dificuldades em lembrar onde ficava certas categorias. Isso facilitaria meu trabalho. Apesar de não ser boa com desenhos,eu conseguia entender meus rabiscos,o colei na parede de forma mais discreta possível...

- Ótimo mapa,é uma artista escondendo o talento por trás de um balcão de livraria? Uma boa tarde de trabalho pra você,funcionária 2.
~Noah~

No instante que li o bilhete,notei a ironia da parte de quem o escreveu. Reconheci a caligrafia por certas vezes vê-la em alguns papéis dali. Era nítido que eu não era seleto na arte de desenhar, então aquilo com certeza não era um elogio.

Não me importo em dividi-lo com você,funcionário 1,então fique a vontade para usá-lo também.
Uma boa noite de trabalho.
Atenciosamente, Sarah

Grudei o post it cor verde neoh bem em cima da minha obra prima.

A livraria era localizada no centro da cidade,peoximo dali havia escolas,cafeteria e uma universidade. Ela tinha um grande movimento de clientes,encomendas e falta de estoques, o que me fez entrar em contato com o Noah quase todos os dias daquela semana e da semana seguinte.

Eu amava compartilhar as experiências do trabalho com a Luiza,às vezes até rendia boas gargalhadas. Graças a sua bondade nos aproximávamos e conversávamos com frequência por telefone. 

Já havia se passado um mês que eu estava trabalhando na livraria,não conhecia o Noah pessoalmente,Luíza achava a situação super engraçada, afinal trocávamos bilhetes sarcásticos com frequência sem nem ao menos nos vermos ou falássemos pessoalmente. A correria do nosso dia a dia e os horários dos nossos trabalhos algumas vezes não  permitia nos falarmos por alguns pequenos períodos de tempo.

A pedido meu,a Luiza não falou de mim para seu primo. Não queria que ele soubesse da nossa aproximidade. E apesar de não ter tido coragem de pedir o mesmo a dona Lora, após alguns dia percebi que ele permanecia sem ter essa informação,o que me fez perceber o quanto aquela senhora sabia ser discreta.

- Ainda acho uma bobagem você não querer que eu fale de você ao Noah - Luiza tomou mais um gole de café enquanto me observava organizar alguns livros. Ela fez questão de ir até a livraria em seu dia de folga para conversarmos pessoalmente.
- Não quero ser tratada com indiferença por ser sua amiga.Lembra que estou aqui graças a sua indicação?
- Você está aqui por merito seu,por ser boa no que faz,caso contrário minha vó já teria te demitido,de forma gentil,mas teria te demitido. - sorri de sua honestidade.
-Ao menos quer vê-lo? Tenho várias fotos dele bem aqui - balançou seu celular na mao direita.
- Luiza!
-Ok! Eu entendi! Mas não acredito que por todo esses dias não esteja curiosa.
- Não deveria pensar nisso. Isso ajudaria sua ansiedade.
-Se mudasse de opinião, me ajudaria bem mais.
-  Gosto do Noah que conheço através de recados em post its. Que me trata apenas como uma funcionária e não "a funcionária amiga da minha prima preferida "
-Sou a única prima dele. - da de ombros.
- Por isso disse que é a preferida. -sorri da sua expressão falsa de zangada.

Noah era um bom rapaz,me arrancava sorrisos com seus recados irônicos,me desejava uma boa tarde de trabalho e em certas ocasiões até me ajudava com alguns afazeres da livraria que não eram dele. Sempre houve respeito e nenhum pedido para me ver pessoalmente ou saber mais sobre mim,ele sabia o suficiente e eu o suficiente sobre ele,o restante eu chamava de pequenos detalhes. Na verdade,acho que nós dois compartilhávamos dos mesmos pensamentos ao contrário da Luiza.
Era divertido o fato de nossas simples conversas durarem uma semana inteira,já que líamos o bilhete um do outro e deixávamos o bilhete seguinte quando saíamos.

Não Foi Por AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora