Capítulo 39
"Nossos medos nos fazem querer dar passos para trás quando nossa felicidade está bem mais perto do que alguns passos à nossa frente."
- Você veio - Luiza falou assim que me viu na porta do quarto do Noah. Ela estava sentada do lado da cama segurando uma das mãos do primo que aparentemente estava dormindo. Apenas afirmei com a cabeça e com lágrimas nos olhos. - Vem,entra. - sentia que tinha sido plantada ali,não conseguia dar mais nenhum passo pra dentro daquele quarto. Luiza veio até mim e segundo minha mão me levou até a cadeira onde estava sentada segundos atrás
- Ele está bem? - perguntei sem tirar os olhos dele.
- Sim,ele adormeceu faz pouco tempo, o médico disse que deveríamos ser muito gratos a quem ajudou o Noah pressionando a ferida e assim evitando que perdesse muito sangue,caso contrário ele poderia ter chegado ao hospital sem vida. - não estava sendo fácil segurar as lágrimas, as palavras de Luiza foram a gota d'água, comecei a chorar baixinho segurando a mão dele - muito obrigada,Sarah, Deus sabe o quanto estou grata - encostei a cabeça na mão do Noah,às lágrimas desciam incontrolavelmente,não conseguia pôr em palavras o que meu coração gritava dentro do peito.
- Não precisa chorar,eu estou bem - senti o Noah apertar levemente minha mão e levantei a cabeça surpresa.
- Te acordei, desculpa. - falei enxugando as lágrimas.
- Tudo bem,estou feliz que esteja aqui. A Luiza falou que viria,mas acabei adormecendo. - então a olhei com um sorriso e ela me retribuiu entendendo perfeitamente o que aquele sorriso significava. - na verdade, acho que quem precisa dormir é você. - falou com um sorriso fraco acariciando meu rosto.
- Adivinha só o motivo das minhas noites mal dormidas ? - indaguei com lágrimas nos olhos,mas tinha um leve sorriso.
- Eu não faço ideia. - respondeu irônico.
- Onde está o Oliver,Sarah? - Luiza perguntou da porta do quarto.
- Vou buscá-lo daqui a alguns minutos na casa de um coleguinha de classe. Eles dois são dupla em um trabalho de ciências e precisavam preparar o trabalho juntos.
- Me passa o endereço,vou buscá-lo e de lá vamos para casa, você faz companhia ao Noah aqui e o Oliver faz companhia a mim em casa. Amanhã revezamos,pode ser?
- Por mim tudo bem,mas não cede a boa conversa do Oliver e deixa ele dormir tarde,ok?
- Pode deixar comigo.
- Vou avisar que você irá buscá-lo. - peguei o celular no bolso de trás da calça jeans branca que usava naquele noite.
- Vou indo,manda o endereço por mensagem. E você,Naoh,quando precisar é só pedir ajuda.
- Uma ótima noite, Luiza. Diz aquele mini ser vivente que estou esperando a visita dele.
- Direi, beijos.
- O que você aprontou,Noah ? - questionei assim que a Luiza foi embora.
- Tentei levantar da cama quando estava sozinho.
- Não acredito - o fitei com os olhos arregalados.
- Conclusão? não dá certo. Então não se preocupe, não farei novamente.
- Você é inacreditável,sabia? - disse em tom de reprovação.
- Desculpe. - segurou novamente minha mão e seu semblante ficou sério - Soube que foi a delegacia - afirmei com um aceno - a Luiza não soube dizer o que aconteceu com o Gael ou como ele está.
- Fui prestar esclarecimentos, o delegado me informou que o Gael está em outro hospital,assim que receber alta será preso. O tiro atingiu a sua coluna e ele perdeu os movimentos das pernas.
- Meu Deus - falou surpreso - mas é temporário,ele vai se recuperar com fisioterapia?
- Não,o quadro dele é irreversível, passará o resto da vida em uma cadeira de rodas. - apertei os lábios.
- Meu Deus,olha até onde a loucura dele o levou. - falava em tom de preocupação.
- Infelizmente ele cavou um profundo buraco sem pensar em como voltaria até a superfície depois.
- Ele está vivo, significa uma nova chance de recomeçar a vida de uma forma diferente, mas a decisão é apenas dele.
- Porque fez isso? - perguntei sem arrodeios - o que passou na sua cabeça,Noah!
- Em não te perder.
- Não pensou em como eu viveria sabendo que você morreu em meu lugar?
- Não tive tempo de pensar nessa parte.
- É claro que não,você estava ocupado se jogando na frente de uma bala.
- Sobrevivi e estou bem,não é o que importa?
- Poderia não estar e sabe disso - falei irritada.
- Mas estou,amor,chega de pensar no que poderia ter acontecido.
- Não me peça algo impossível,Noah. Era eu que iria viver sem você e não o contrário. - falei tentando não chorar - estou grata mas não estaria se estivesse morto. Nunca iria te perdoar,nunca.
- Desculpa,meu amor - me olhava enquanto chorava, entendendo o motivo de cada lágrima que caia - vem aqui - quando cheguei mais perto,ele pôs minha cabeça em seu ombro e passou a mexer carinhosamente meus cabelos.
- Eu te amo tanto,Noah - falei desconsolada.
- E eu também amo você,Sarah. Me desculpa por te deixar preocupada. - eu estava novamente em seus braços,e podia sentir o calor do seu corpo,seu toque,seu beijo. Eu podia respirar aliviada sabendo que o homem da minha vida estava vivo.
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Não Foi Por Acaso
RomanceAos 22 anos,Sarah tem uma vida marcada por tragédias,e em meio a elas,a necessidade de mudar da sua cidade natal com o objetivo de recomeçar e deixar o seu passado e tudo que aconteceu nele, para trás. Após enfrentar inumeras lutas,ela deixou para t...