O REI SEM CORAÇÃO concluído

Capitulo 13: O casamento

As figuras dos Três Reis era quase uma lenda em todos os reinos insurgentes. A história dos três, era conhecida por todos, e ao longo do tempo, virou mito e tema de várias cantigas recitadas pelos trovadores de muitos reinos.
Vê-los juntos era uma ocasião muito especial. Como agora.
A formação dos cavalos com o Rei Derek do lado direito e  o Rei Theobald do lado esquerdo era legendária.
O cavalo dos três foram ensinados a trotar juntos, em uma sintonia pouco comum.
O Rei Derek, sempre despojado em cima de sua sela, nessa ocasião, sentava empertigado com seu manto na cor roxa, com a coroa que fôra de seu pai na cabeça e a grande espada desembainhada em cima do cavalo.
Um cavalheiro estava sempre alerta.
Derek era um dos grandes guerreiro da sua época, lutava como um javali raivoso. Mas nesse momento sorria para todos, principalmente para as camponesas jovens que riam maliciosas ao vê-los passar.
Do lado esquerdo  estava Theobald. O Rei de Walden, o Vale da Madeira.
Muitos diriam que ele não deveria estar ali. Afinal de contas, era o filho bastando do Rei Angus. Mas as circunstâncias da vida, o levaram a ser rei. E gostassem ou não, ele estava no seu lugar.
O reino herdado de Walden, era próspero, mas como ele tinha muitos inimigos que queriam depô-lo do seu trono, vivia em constantes batalhas e intrigas.
Theo era um homem alto e magro. Porte elegante, com olhos azuis que se transformavam em verdes, quando a fúria o abatia. Seus cabelos castanhos cacheados caiam sobre a testa e cobria as orelhas. Do lado esquerdo, uma cicatriz cobria seu rosto do olho até o queixo. Nesse momento, ele usava um tapa olho no olho direito. Havia sido ferido na última batalha e estava usando ervas que seu Boticário lhe receitou.
Cornell, montado em seu destriero negro., trotava no meio dos dois amigos.
Era assim desde a infância quando se conheceram no campo de aprendizes. Como Cornell era o mais novo dos três, os dois amigos, o colocaram para cavalgar no meio de ambos,para que pudessem protegê-lo das pequenas e grandes eventualidades.
E assim foi desde sempre.
Ao lado de seus companheiros, ele se sentia mais calmo. Era essa a formação de guerra deles. E no fundo, Cornell sabia que estava indo para  a maior batalha da sua vida.
No caminho da igreja, os súditos iam saudando o rei e  sua cavalaria.O povo estava feliz. Depois de anos da abdicação de Heloise, e da morte de Joanne, eles novamente teriam uma rainha.
Cornell saudava a todos com o braço direto levantado.
Seu povo estava feliz. Era isso que importava.
....
Beatrice se viu no salão principal e notou como o castelo antes frio e desconfortável, estava ricamente arrumado com tapetes nas paredes e no chão e muitas, muitas flores em vasos, que adornavam as mesas e o caminho por onde ela passaria.
Devia isso a Lady Heloise, que junto com suas damas de companhia, haviam organizado tudo em tão pouco tempo, como se estivesse executando uma estratégia de guerra.
E nisso, Lady Heloise era perita, pois era conhecida como uma grande guerreira nos campos de batalha.
Beatrice suspirou fundo.
Sabia que estava apresentável em seu vestido vermelho debruado com fios de ouro.
O vermelho era a cor da nobreza, e sua mãe providenciou para que fizessem o mais lindo vestido que qualquer um tivesse visto.
Na cintura ela carregava um cinto de medalhão dinástico e na cabeça, na cabeça, a sua coroa de rubis.
Os servos fizeram uma fila dos dois lados para ela passasse no meio.
Beatrice ficou emocionada com aquele gesto.
Enquanto ia passando entre eles, os criados faziam uma grande reverência para saudá -la. A seguir, algumas mulheres apareceram na sua frente, comandadas por Etta, a cozinheira, e lhe ofereceram flores e ervas, para dar sorte e fertilidade ao futuro casal.
Todos sabiam que aquela tradição era para as noivas camponesas. Beatrice podia recusar a participar daquele ritual. Mas ao contrário, ela ia pegando as flores e ervas de quem se aproximava e agradecia com um sorriso.
Foi assim até chegar a igreja, por onde ia passando, caminhando a pé com sua corte, ela ia recebido flores até que quando chegou na igreja, tinha um grande e bonito buquê de noiva.
Estava completamente feliz por ter sido aceita por aquele povo que não era o seu. Iria assumir seu cargo procurando intervir da forma mais inteligente e justa para fazer jus a todo aquele carinho.
Não podia negar que isso lhe causava um certo receio, pois era uma missão grandiosa ser uma rainha e tomar medidas que afetam a vida das pessoas. Mas ela iria cumprir essa missão com dedicação e amor.
Ao redor, os camponeses observavam tudo atentamente. O rei Cornell fez questão de se casar publicamente, para que seu povo participasse das festividades.
Quanto ela finalmente chegou na frente da porta da Catedral de Dalibor, ela estava corada e tinha um sorriso largo no rosto.
Ao olhar para as pessoas reunidas ali sentiu que seu coração ia parar de bater.
Mas ela não via ninguém.
Em pé, do lado direito, estava o Rei Cornell.
Eles estava simplesmente lindo! Seu coração se acelerou. Ela abaixou a cabeça, não por estar envergonhada, mas com medo que seus olhos revelassem tudo o que se passava na sua alma naquele momento.
Ela caminhou devagar até ele.
Os dois tinham os olhos fixos um no outro.
Ela se colocou do lado esquerdo do Arcebispo Gregor. Essa era a tradição, pois Eva havia sido tirada das costelas esquerdas de Adão.
Então, aquele era o lugar da mulher na cerimônia, e ninguém ousava questionar esse rito.
Ficaram  frente a frente, ouvindo vagamente o que o arcebispo dizia. Estavam focados um no outro. Beatrice sentiu que naquele momento,  ele a apreciava. Sim! Ele a apreciava! Podia ver isso em seus olhos!
-Foi colocado publicamente o comunicado de casamento entre Cornell de Dalibor e Beatrice de Hawuise. Como não houve nenhum questionamento contra o casamento de ambos, a partir de agora, são marido e esposa.
O Rei e Rainha de Dalibor.
Enquanto todos comemoravam, batiam  palma e jogavam pétalas de flores, eles continuavam se olhando.
Aí então Cornell percebeu.
Sim! Ela sorria com os olhos!