Beatrice continuou comendo seu figo.
Não sabia muito bem o que falar, embora várias respostas dançassem em seus pensamentos.
Olhou para o rei discretamente, e ele parecia absurdamente perdido em seus pensamentos.
-Vossa Majestade ...
O Rei levantou a cabeça pensando que não podia acreditar no que ouvia.
Como ela ousava lhe falar? Sua impertinência era revoltante.
Mas quando ele notou que ela enrubescia diante do seu olhar, ele a olhou fixamente.
-Posso fazer uma pergunta?
Cornell bebeu um grande gole de vinho.
Ela era absurdamente linda e rebelde.
-O que quiser.
Beatrice pensou um pouco. Como será que ele reagiria a essa pergunta?
Suspirou fundo para tomar coragem. Mas ela precisava perguntar.
Precisava saber por ele mesmo sobre tudo o que aconteceu no seu passado.
-Vossa Majestade poderia me falar sobre sua primeira esposa, a rainha Joanne?
Cornell a olhou com ira nos olhos.
Ele colocou as duas mãos na mesa e a socou com os punhos.
-O que deseja saber? Como matei minha esposa e minha filha?
Beatrice colocou a mão sobre a boca horrorizada com aquela reação. Ela tinha ouvido muitos boatos sobre o primeiro casamento do rei de Dalibor. Assim que a tragédia aconteceu, a notícia se espalhou por todos os reinos, a nobreza falava sobre Cornell, O Belo, que depois da morte da esposa, havia se transformado num homem frio e sem coração.
Era uma lenda cantada em trovas, que batalhas, era possível vê-lo lutando contra três homens ao mesmo tempo e matando-os, como se matasse seus demônios internos.
E até mesmo ela, que era uma criança quando tudo aconteceu, se lembrava dos versos contando sobre o acontecido.
- Vossa Majestade bem sabe que isso não aconteceu. O que gostaria de saber é sobre o seu casamento, seu dia a dia... essas coisas de um homem e uma mulher.
Cornell arfava e se sentia completamente desnudo nas suas emoções mais primitivas.
-As paredes tem muitas vozes. Você já deve ter ouvido tudo o que precisava saber sobre isso.
Sua voz era calma e baixa. Perigosamente calma.
Beatrice ergueu o queixo. E balançou a cabeça, fazendo com que uma mecha pousasse sobre seus seios.
Cornell respirou.
-Eu não dou ouvido a vozes de paredes, Vossa Majestade. E como sua futura rainha, gostaria de saber realmente o que aconteceu.
O Rei levantou-se e caminhou até a janela.
Um silêncio se instalou entre os dois.
Beatrice sabia que o estava confrontando. Novamente. Mas queria criar uma ponte entre os dois. Mas ele era distante. Inalcançável na sua frieza.
Passado alguns minutos em completo silêncio,Beatrice se rendeu. Ele não iria falar nada com ela sobre tudo o que aconteceu no passado e isso a entristeceu profundamente.Ela lembrou de Agnes falando que confiança era uma conquista assim como um reino e o coração de uma mulher.
Como ela conquistaria a confiança dele?
Cornell encheu sua taça de vinho novamente.
Andava pelo quarto notando que já deviam estar ali a algum tempo, já que as velas estavam indo pela metade, formando texturas abstratas ao redor dos castiçais.
-Eu conheci Joanne no dia do nosso casamento. Tivemos uma vida tranquila. Ela era calma e sistemática. A vida com ela era uma rotina metódica.
Beatrice sentiu seu coração dar um salto.
Ele havia tomado a decisão de falar sobre seu casamento com Joanne. E aquilo, era uma prova, que poderia sim conquistar a confiança do rei.
Decidiu apenas ouvir. Pelo menos no primeiro momento. Tentava escutar sem julgar, mas achou profundamente estranho a discrição que ele fazia de seu casamento. Não havia alegria ? Não havia contentamento? Pequenas surpresas?
Cornell começou a quebrar os pequenos pedaços de cera que se acumulavam e desciam até a mesa. Algumas partes ainda estavam quentes. Mas ele não se importava. O que era aquela dor diante da imensidão de culpa que sentia ao lembrar do passado?
Ele continuou. As palavras jorravam de sua boca, sem que ele pudesse controlar.
-Eu era jovem e o campo de batalha era meu mundo. Eu queria estar lá e nada me impedia.
Sua voz ganhou um tipo de emoção diferente.
-Nada me impediu.
Beatrice notou que seus ombros foram caindo. E ele abaixou a cabeça.
-Nem a gravidez de Joanne, me fez aquietar. Um dia cheguei de uma batalha e encontrei a Rainha Ursulla, mãe de Joanne no castelo.
Ela me falou que eu devia dedicar uma atenção a minha esposa, já que a rainha estava quase pronta para o parto. Ursulla colocou um monte de pensamentos negativos sobre minha conduta como pai e esposo.
Cornell sentou-se na murada da janela com um pé em cima da mureta, e o outro apoiado no chão.
Beatrice o olhou, e ele lhe pareceu tão belo e sofrido. Será que como sua futura esposa, conseguiria lidar com toda a dor que ele tinha dentro de si?
Ele continuou a falar.
-Então decidi levar Joanne num pequeno passeio. Levamos a tenda real para o bosque. Minha intenção era passar alguns dias com ela, enquanto caçava e treinava com meus cavaleiros mais fiéis.
Ele falou isso retorcendo a boca.
-Um dia sai cedo e a deixei dormindo. Até que um criado foi me avisar no campo de treinamento, que Joanne, havia saído sozinha, sem sua dama de companhia, nem soldados, e havia se afogado no Rio.
Ele suspirou.
-Eu a levei para a morte. E não estava lá para salvá-la. Eu a abandonei e fui treinar com meus homens... e matei minha filhinha...
Beatrice levantou -se e foi ao encontro dele, ajoelhando-se aos pés e chorando, falou.
-Vossa Majestade está errado! Foi o rio que a matou!
Cornell a levantou com as duas mãos e a empurrou de costas na cama.
Beatrice o olhou assustada, com as lágrimas ainda molhando seu rosto.
-Como ousa me dizer que eu estou errado?
Beatrice o olhava com medo. Estava muito, muito assustada.
-Eu...eu.. quis dizer que Vossa Majestade não a matou, porque suas mãos estão limpas de sangue...
Cornell prendeu seus braços em cima de sua cabeça, enquanto a cobria parcialmente com seu corpo.
-Eu não estava lá.
Beatrice o olhou carinhosamente e com voz meiga murmurou:
-Se soubesse que isso iria acontecer, tenho certeza que estaria lá e não deixaria nada acontecer a elas duas. Tenho certeza disso, meu rei.
Cornell a olhou. Os olhos azuis de Beatrice, estavam assustados e sua voz era meiga como quando se fala para acalmar os cavalos.
Ele olhou sua boca e sentiu o cheiro de figos frescos.
-Eu não sou seu rei ainda.
Ela o olhou fixamente nos olhos.
-Mas será.
Ela sentiu que o corpo másculo em cima do seu, estava ficando diferente.
O rei estava ajoelhado com as pernas abertas em cima do seu corpo.O volume entre as pernas dele se encontrava junto às suas partes íntimas, que estranhamente latejavam.
Ele abaixou a cabeça e a olhou dentro dos olhos.
-Serei.
Beatrice mexeu seu corpo. Ela nunca havia sentido aquilo antes. Uma vontade desconhecida a fazia querer estar ali, e queria mais... muito mais.
Cornell se afundou no pescoço de Beatrice. Ela cheirava a calêndula. Seu corpo era macio e ele estava completamente rendido por ela.
Ele a beijou no pescoço com sofreguidão, e Beatrice suspirou pesadamente. O que era aquilo? Tontura? Desmaio? Ohhh... era muito bom sentir a boca dele em seu corpo...
Cornell a virou de lado e esfregou seu membro ereto no corpo macio.
Beatrice fechou os olhos. Sentia a umidade na sua parte íntima e queria que ele acabasse com aquela aflição que ela sentia.
Timidamente passou a mão pelos cabelos castanhos. Eram macios. Ela sentiu ele suspirar. E ela ficou feliz. Suspiros eram bons.
Sem que ela esperasse , ele a virou novamente sobre a cama e abaixou seu vestido até ver os pequenos seios brancos e duros.
Beatrice fechou os olhos.
Ohhh céus.... O que ele estava fazendo?
Ela tentou se levantar assustada. O que era aquilo que ela sentia?
Quando Cornell viu que ela resistia, tentando de suas mãos, ele a largou e pulou da cama, assustado com a força do seu desejo.
Ela estava com medo dele.
E ele se sentiu mal com esse pensamento.
Não queria assusta-lá. Aliás, não queria nada com ela. Sentia-se profundamente irritado consigo mesmo.
Ele nunca havia agido assim com mulher nenhuma, muito menos com uma da alta nobreza. As mulheres nobres não ousavam se despir na frente de um homem.
A não ser uma amante.
E ela não era sua amante. Ela seria sua esposa.
Ousou olhar os lindos seios dela. E queria muito, muito mais do que simplesmente olhar...
Queria tocá-la, penetrar fundo em sua intimidade e olhar para seu rosto, na hora em que ela se satisfizesse para ele. Com ele.
Beatrice arrumou o vestido e não sabia o que fazer. Nem o que falar. Timidamente, esperou que ele desse o primeiro passo para saírem daquela situação constrangedora.
Porque ela, não tinha coragem e nem forças para fazer qualquer coisa. Seu corpo a deixou assustada com as sensações que ele lhe provocava. Era bom, muito bom, é extremamente assustador.
Cornell foi até a mesa e se serviu de uma taça de vinho.
De costas para ela, falou:
-Eu não vou me desculpar por isso. Sou o Rei e tomo o que quero.
Beatrice ficou chocada com aquelas palavras.
O que aconteceu com eles, afinal de contas? Precisava sair dali. Precisava pensar. Precisava entender o que se passou naquele quarto.
Precisava entender o que seu corpo pedia com tanta urgência.
Cornell se encaminhou para seu quarto de banho, dispensando-a.
-Pode se retirar.
Beatrice levantou-se . Suas pernas estavam bambas. Ainda estava molhada entre as pernas, e tomar consciência disso a fez ficar envergonhada.
Fez uma reverência.
-Boa noite, Vossa Majestade.
Ele esperou a porta fechar e ficou olhando para a chama de uma vela que se apagava e murmurou para si mesmo:
-Boa noite, Vossa Alteza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O REI SEM CORAÇÃO concluído
Fiction HistoriqueO Reino de Dalibor é governado por Cornell, também conhecido como o Rei sem Coração, isso porque na juventude, Cornell se casou com a Princesa Joanne e ela faleceu de maneira inesperada e misteriosa, junto com seu filho Primogênito. Passados 10 an...