Capitulo 26: A investigação começa

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Cornell acordou cedo no dia seguinte e imediatamente convocou seu comando de guerra e conselheiros  para uma reunião urgente no salão do tribunal.
Estava preocupado que sua guarda o havia deixado descoberto na noite anterior e  depois da informação de Beatrice na noite do casamento também.
A porta de seu quarto havia ficado completamente descoberta!
Aquilo era um fato bastante preocupante. Era o sinal que havia alguma trama escusa sendo desenvolvida dentro do castelo.?
Cornell estava furioso consigo mesmo! Por estar  completamente focado em Beatrice, algum acidente muito macabro poderia ter acontecido a ambos. Poderiam estar mortos a uma hora dessas!
Sua intenção era descobrir o que aconteceu na noite anterior e o culpado teria a cabeça decepada,como merecia. Este  seria o fim do traidor ou conspirador que ousou conspirar contra o  seu rei e sua rainha.
Quando todos já estavam presentes, Cornell falou com voz grave:
- Convoquei a todos, pois, ontem a noite, recebi uma visita indesejada na minha câmara real. Quero saber o nome da pessoa que adentrou meus aposentos, quero saber o porque, e antes de morrer, quero que o impostor responda quem o enviou para o quarto, onde eu repousava com sua majestade, a rainha.
Diante do espanto geral diante do acontecido, os conselheiros mais antigos murmuram entre si até que Sir Lutor, um dos mais antigos conselheiros do reino tomou a palavra.
-Vossa Majestade, sirvo a este reino a dezenas de anos e nunca algo como esse acontecer em Dalibor. Será necessário tomar medidas drásticas para que isso não torne a acontecer.
E mais, precisamos descobrir quem está por trás disso.
Cornell assentiu.
- Dragomir, providencie que isso seja apurado com rapidez que o tema merece, e traga imediatamente os guardas  que estavam de plantão ontem a noite. Quero os fatos apurados detalhadamente e depois, o culpado irá para  guilhotina em praça pública.
Todos ficaram em silêncio.
Sir Lutor pareceu pensativo.
-Vossa majestade está nos dizendo que teve uma visita de alguma pessoa que queria feri-lo. Precisamos pensar numa outra possibilidade. E se quisessem não ferir a milorde e sim a rainha Beatrice?
Cornell também havia pensado naquela possibilidade. Ele tinha consciência de alguns nobres tinham reservas com relação a ela. Principalmente por causa dos últimos acontecimentos, como a sua prisão na torre vermelha. E isso era devido a suas reações inesperadas, porque simplesmente, estava deixando que seus problemas conjugais o cegassem.
Cornell se recostou na sua cadeira.
-Sim. Existe essa possibilidade milorde. Mas já de convir, que uma pessoa não entra sorrateiramente na câmara do rei com ele presente com boas intenções!
Olhando para Dragomir, ele falou exaltado:
-Vá chamar Robbyn imediatamente!
Dragomir deixou a sala apressado e voltou em alguns minutos com  Robbyn o chefe dos cavaleiros e Kushim, o chefe da  sua guarda pessoal.
Kushim era um homem forte de quase dois metros de altura. Era um guerreiro confiável e leal, mas naquele momento, parecia muito  assustado diante da figura assustadora do rei.
-O que aconteceu ontem a noite com seus homens Kushim?
-Vossa... Ma..Majestade, eu... com certeza esse fato deve ter acontecido na troca da guarda, onde sua câmara fica alguns minutos sem proteção... mas... isso nunca havia acontecido antes, e vos peço perdão por isso, meu rei..
Cornell olhou para o chefe da guarda, fuzilado-0 com olhar.
-Kushim, sua logística de segurança, poderia ter custado a cabeça do seu rei e também da sua rainha... E devo lhe dar minha piedade?
Não foi isso que aconteceu e está mentindo par mim. Diga a verdade homem!
O chefe da guarda  envergonhado por tamanha falha na segurança fez uma reverência, abaixou a cabeça e respondeu:
-Os homens estavam de guarda na câmara de vossa majestade e disseram que sentiram sede e beberam da cerveja que fica no aparador do corredor. Dizem que depois disso não lembram-se mais de nada.
Cornell estava atento a história.
-E quem colocou a cerveja no aparador?
Kushim ficou pálido e respondeu em voz baixa.
-Arved.
Cornell suspirou.
O tamanho da trama estava aumentando e ele não estava gostando nada do que ouvia.
Com frieza falou:
-Robbyn, leve esse homem  e os outros guarda para a masmorra e que lhe seja dado as honrarias da casa.Que  fiquem  lá até eu decidir o que será feito bom eles.
Cornell olhava para todos enfurecido.
Esperava que aquelas pessoas que estavam  presentes ali pudessem  entender a gravidade do que tinha acontecido. Ele não iria perdoar quem quer que fosse.
Seu coração se entristeceu.
Porque Arved faria algo assim?
Cornell levantou- se e ordenou com voz grave:
-A partir de agora,  Sir Robbyn irá  assumir além da minha guarda pessoal, a guarda da rainha.
Robbyn saiu com o guarda real agora prisioneiro, levando- o par cumprir com seu destino.
Cansado, Cornell fez um gesto com as mãos dispensando a todos.
-Dragomir, fique.
O  ministro do rei voltou e fez uma reverência.
-Meu rei.
-Quero que você descubra se há alguma conspiração contra mim, ou contra a coroa. Descubra tudo o que puder. Mova esse castelo de cabeça para baixo, mas descubra!
O Primeiro Ministro olhou para o rei curioso.
-Vossa Majestade acha que há alguma rede de intrigas o ameaçando?
Cornell ficou pensativo.
-Não tenho nada concreto. Apenas sinto que há algo fora do lugar. Descubra o que é.
Dragomir, prontamente assentiu e  já ia saindo quando o rei falou:
-Convoque Arved.
...
O velho criado entrou na sala do tribunal e fez uma reverência em direção ao rei.
-A seu dispor majestade.
Cornell olhou para Arved e viu a indagação em seus olhos. Não sabia como falar com aquele homem que havia lhe ensinado tudo sobre ser um homem e um cavaleiro. Será que depois de tantos anos, Arved se tornou um traidor? Um conspirador?
-Creio que sabe o que aconteceu ontem a noite.
Arved assentiu com a cabeça. O tom do rei estava diferente ao falar com ele. Notou que havia algo de incomum naquela inquirição.
-Certamente meu rei. É a conversa em todos os cantos do castelo.
Cornell notou que o trono de Arved era tranquilo como sempre foi.
-E sabe o que aconteceu com os guardas?
Incomodado com tom da arguição, Arved falou o que sabia.
-Dizem Vossa Majestade que os guardas foram expostos a ervas dormideiras colocadas em sua cerveja..
Ao terminar de falar, Arved entendeu o tom de desconfiança e melancolia na voz do rei. E continuou.
-Nas jarras de cerveja que coloco sobre o mesmo aparador, noite após noite há mais de vinte anos, inclusive muitas vezes, Vossa Majestade me acompanhou de calças curtas, num segredo guardado até hoje de suas altezas reais.
Cornell sentiu-se desconfortável com a fala de Arved. Ele parecia magoado por estar sendo indagado de um possível crime contra a coroa de Dalibor. Em sua mente ia passando imagens do homem ainda jovem e com cabelos levando-o a igreja, ao campo de treinamento, ensinando ele a montar seu primeiro pônei, escondendo de seus pais que ele havia chorado no primeiro tombo.
Cornell olhou para Arved com ternura nos olhos.
-Eu tinha que perguntar meu Velho.
Arved estava sério e preocupado.
-Vosda Majestade está em seu direito de me castigar, se assim achar necessário, mas lhe digo que nunca em toda minha vida trairia Vossa Majestade. Lhe sou fiel e serei até que eu não escape da morte. Muito menos faria algum mal a minha Lady. Jamais.
Ouvindo Arved falar ele sentiu-se envergonhado de ter pensado que seu companheiro de tantas jornadas o trairia. E ao mesmo tempo, sua mente lhe dizia que quem planejou aquilo era extremamente hábil. Colocando as ervas na cerveja que era servida por Arved. Fato conhecido por todos os moradores do castelo. A trama talvez fosse um pouco mais complexa do que estava pensando.
Arved era o bofe expiatório perfeito! Ele acusaria o servo e o verdadeiro culpado ficaria livre para agir novamente, e quem sabe num momento de descuido, ele poderia conseguir seu intento.
-Parece que temos uma rede de intrigas por aqui Arved.
Aliviado, o servo conseguiu abrandar o nervosismo e o abalo que sentia com aquela arguição.
-Sim milorde. Uma artimanha muito astuta.
Cornell se aproximou de Arved e colocou as mãos sobre seus ombros.
-Peço que compreenda que precisei fazer isso, meu Velho.
O servo o olhou com o olhar chistoso.
-Devo confessar milorde que pensei que hoje seria a última vez que veria a luz do dia.
Cornell sorriu.
- E eu devo confessar que se tivesse certeza que seria capaz de fazer isso algum dia da sua vida, já teria deixado de ver a luz do dia há muito tempo...
Os homens se olharam com emoção. Eram companheiros e ninguém jamais, destruiria o elo que havia entre o velho pajem e o rei.
...

O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora