Capítulo 33: O Castelo de Craig

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A viagem finalmente chegou ao fim depois de  vários dias na estrada. Beatrice estava imensamente cansada e apoiou-se em Agnes para poder chegar até a janela da carruagem e assim, poder ver a paisagem luxuriante de Craig.
Que beleza de terras! Era um vasto e imenso campo florido com arvores coníferas  que chegavam até um imenso costão que terminava  num enorme  penhasco.
- Olhe Agnes, o misterioso mar!
Agnes estava com os olhos assustados e benzeu-se várias vezes, repetidamente.
- Minha Rainha! que coisa assustadora esse marl! como pode haver tanta água assim no mundo! Será que estaremos seguras aqui?
- É tão azul...-murmurou Beatrice encantada com o que via. _Assim que descansarmos, vamos conhecer  de perto, o mar. Ouvi dizer que a água é salgada! como pode Agnes? Como existir uma imensidao de água azul e salgada?
Beatrice ria como uma crianca. _ Estamos  diante de um milagre da natureza!
Agnes afastou-se da janela, sem conseguir que Beatrice fizesse o mesmo.
- Vossa majestade, isso não é um milagre, é sim, uma coisa terrivelmente assustadora! Dizem que no fundo do mar moram criaturas horríveis, melusinas, sereias que chamam os homens e os matam afogados... Deus nos livre e guarde, amém.
Agnes benzeu-se novamente e começou a rezar em latim.
Mas Beatrice ao contrário, estava maravilhada com tudo que via. Sentindo o vento leve em se rosto, queria dizer pra Agnes que aquilo provavelmente eram fantasias que os trovadores cantavam pra nos alegrar. Mas ela  também não tinha certeza se eram verdade ou não.
Deveria haver muitas coisas no mundo! com certeza havia coisas que não conhecia e talvez não chegasse a conhecer nunca em toda a sua vida, e por isso, queria curiosamente aproveitar o que a vida lhe oferecia, naquele momento.
Assim que a comitiva  cruzou os  portões do castelo, eles  chegaram até um pátio imenso onde um vistoso castelo de pedras, reinava absoluto.Foram recepcionamos com dia a dia no castelo com  inúmeros servos correndo de um lado para o outro,  espantando animais pequenos como galinhas e cabras que rondavam ao redor em busca de pequenas migalhas que caiam de várias cestas com frutas e legumes que estavam sendo levadas para a cozinha. Provavelmente para o banquete de recepção dos convidados.
Cornell saltou de seu cavalo e imediatamente esticou-se. Ele parecia cansado. E olhou para a carruagem de Beatrice. Esperava disfarçadamente ela sair enquanto seus servos a ajudavam na carruagem.
Estava preocupado com  situação ela. Foi uma viagem difícil, com muitos dias na estrada, com poucas paragens em lugares pouco confortáveis...Mas não iria cair  no mesmo erro novamente. Sentia  uma imensa tentação em tocá-la. O calor das suas mãos brancas e macias ainda estavam nas suas. Podia senti-las como um toque real. Naquele curto momento  dias atrás, ele reviveu seu corpo acender com  as doces lembranças dos dois juntos, e  todas essas deliciosas sensações o faziam ficar  em alerta. Desejava poder tocá-la de todas as formas e não apenas as suas mãos  pequenas que sabiam como ninguém, levá-lo a loucura.
Cornell suspirou fundo. Precisava esquecer o que sentia. Pelo seu próprio bem e o de Beatrice.
Assim que a cavalaria do reino de Dalibor foi anunciada, Theo e Derek deixaram o campo de treinamento e ambos avançaram ao encontro de Cornell e sua comitiva.
O dois reis estavam treinando com seus soldados e se mostravam suados com as batas brancas abertas e com suas  botas de cavalaria. Ambos guardaram suas pesadas longas espadas na bainha ao lado dos seus corpos. Eram homens extremamente  fortes belos e demonstravam uma forma incrível cada um com seu modo de ser.
Cornell viu os amigos e imediatamente, sua fisionomia se revigorou. Deram-se longos abraços e beijos no rosto numa demonstração do afeto que os unia,
-Seja benvindo a Craig novamente vossa Majestade - Disse Derek entre risos e reverências exageradas.
Assim que trocaram as primeiras palavras, Cornell olhou para Beatrice que o esperava em pé em frente a carruagem.
Cornell se aproximou dela acompanhado dos seus amigos. Ela fez uma longa reverência aos dois reis e baixou os olhos tímida.
- Seja benvinda a Craig, Rainha Beatrice.-Disse Derek alegremente.
Ela sorriu embaraçada.
-Vossas Majestades... é um prazer ser recebida nessa linda terra de Craig.
Seu sorriso era  doce e inibida, ela se aproximou de Cornell  como que querendo sua proteção.
Foi quando ele  insconscientemente, a tocou nas costas levemente, fazendo com que Derek soltasse um sorriso franco e inesperado.
-Hummm.... Que belo casal temos aqui -.pensou Derek divertido.
-Espero que goste de suas instalações  Rainha Beatrice.
Derek olhou para Theo e Cornell e disse alegremente:
- Bem, meus companheiros, vamos ao banquete!
Cornell a olhou profundamente e  acompanhou os amigos que caminharam a frente, conversando e rindo alegremente seguido  por Beatrice,  os cavalareitos e cortesões de  suas respectivas cortes. Beatrice caminhava  calmamente. Suas  costas doíam muito e tudo o que ela queria era se refrescar e quem sabe, dormir um pouco, antes que as festividades começassem.
E também queria esquecer. Esquecer as pequenas gentilezas que Cornell vinha lhe fazendo desde que sairam de Dalibor.
Distraida, Beatrice notou as paredes sem tapeçarias dso castelo. Um vento frio entrava pelas inúmeras janelas todas abertas e com pesadas cortinas numa cor amarelada.Parecia triste aquele lugar.
Ao chegarem no grande salão onde serviam as refeições, todos os presentes fizeram uma grande reverência diante dos reis e da rainha Beatrice. No meio da pequena multidão que estava no salão, Beatrice viu Lady Heloise e um homem com os cabelos grissalhos de porte altivo e muito parecido com Cornell. O Duque Ozzil, seu sogro.
Asim que todos foram acomodadsos na mesa principal, Beatrice se viu sentada próxima a lady   Heloise que discretamente pegou em sua mão por debaixo da mesa e lhe sussurrou :
-Fizeram uma boa viagem?
Beatrice retribui o gesto apertando ligeiramente os dedos da sogra e, sorrindo  acenou positivamente com a cabeça.
-Bom. -Elavescutou a sogra dizer.
Então, Beatrice olhou ao redor e viu  as mesas cheias de pessoas, comendo e bebendo, no grande banquete prorpocionado pelo Rei Derek. Ela estava sem fome. Achou que poderia descansar antes do banquete, mas pelo que podia perceber, não existia em Craig, uma rotina estabelecida. Os nobres estavam com suas roupas de caçada ou de treinamento e eram muito barulhentos. Beatrice também notou que eram dados a bulinar as servas que lhes serviam, tocando em suas ancas, ou beliscando suas bochechas.
Beatrice sabia que a vida das servas dependiam basicamente de  quem eram seus  senhores feudais. Em Dalibor  todos  os servos e servas eram respeitados e não havia situações embaraçosas entre nobre e servas, pelo menos que ela tivesse visto ou ouvido falar.  E esses assuntos correm mais que correntezas de rio.
Cornell  demonstrava ser muito austero quando  o assunto era o tratamento dos seus criados. Mas ali, em Craig, o castelo tinha uma aura de sedução e libertinagem.
Todos comiam  e bebiam com a fartura proporcionada pelo rei, mas ela simplesmente não tinha fome. Vez ou outra  comia um pequeno pedaço de pão com caldo de carne. Ela sentia um cansaço fora do normal. Tudo o que mais queria era uma cama e um bom travesseiro.
Pensando nisso olhou para Cornell, foi  quando notou do lado direito dele, uma  jovem mulher extremamente bela. Seus cabelos eram pretos e estavam presos numa longa e grossa trança finalizada por uma fita azul.Seus olhos azuis  eram num tom quase transparente, pareciam a cor do céu. Ela  deveria ter sua idade, um pouco mais velha,talvez. Sua boca era carnuda, mas estava apertada diante de algo que Derek havia falado e pela sua atitude, parecia constrangida. Sus mãos era pequenas e assim como ela, a jovem parecia não ter fome.
Beatrice estava curiosa.
Quem era ela afinal? Sentada assim tão perto do rei e... do seu rei?
Beatrice sentiu algo que nunca havia sentindo antes, mas já havia lido em algum lugar.
Um sentimento chamado ciúmes.
Olhou novamente para a mulher de cabelos negros como a noite. Seus olhos baixos tinham uma tristeza que nunca vira antes. Quem seria ela? Sentada próxima dos reis, eles  não lhe davam atenção conversando entre si sobre histórias e personagens que somente eles conheciam.
Beatrice suspirou.
Heloise olhou para ela com um sorriso no canto dos lábioas e murmurou baixinho.
-Esses três parece que não cresceram quando se encontam.
Beatrice confirmou com a cabeça, sorrindo também diante da condescendência da rainha para os três reis.
-Deveriam se olhar no espelho  e verem que não usam mais calças curtas.
Heloise a olhou com os olhos arregalados. Olhou para o lado discretamente para ver se alguém poderia ter ouvido o que ela disse. Ao ver que todos estavam entretidos, ela suspirou aliviada.
-Beatrice, Beatrice... cuidado com o que fala.
-Perdão vossa Majestade, não pretendia dizer o que disse.
Heloise escondeu um pequeno sorriso. Ela conhecia a nora que tinha. E gostava.
Limpando a garganta, Beatrice perguntou;
- Aquela jovem, ao do rei Cornell, quem é?
Heloise limpou as mãos num guardanapo de linho e bebericou um pouco de vinho.
-Princesa Roshlyn de Havema, a noiva de Derek- Sussurou Heloise.- Não se preocupe.
O que Heloise quis dizer com aquilo? Será que seus ciúmes estavam assim tão explícitos?
Nesse momento, seus olhos cruzaram com os de Roshlyn. Beatrice lhe deu um pequeno sorriso. Em troca, Roshlyn esboçou um riso timido e abaixou os olhos novamente.
Beatrice comeu um outro pedaço de pão.  Ela sabia o que Roshlyn estava passando, o nervosismo, a angústia de estar em outro reino com costumes e valores diferentes, o medo de desposar um homem  desconhecido...Ela sabia.
Ao final do jantar, Beatrice notou que Derek havia deixado o salão e ela se sentiu a vontade para também se retirar.
Cornell conversava com Ozzil e Theo, e pareciam compenetrados numa conversa  que parecia levaria um bom tempo para terminar. A um sinal de Agnes, ela furtivamente saiu do salão e acompanhou a dama de companhia.
- Vamos minha rainha, seus aposentos já  estão prontos para recebê-la. Precisa descansar um pouco.
Beatrice andava devagar, acompanhada  de dois cavaleiros da guarda pessoal de Cornell  que estavam estavam logo atrás delas. O rei nunca mais descuidou da segurança dela. Aonde ela estivesse, sempre havias  dois ou mais cavaleiros para fazer a sua escolta. Mesmo dentro do castelo de Dalibor. Ela sabia que era para  o seu próprio bem, mas também sabia que ele a protegia porque ela carregava seu herdeiro  legítimo, seu filho.
Pensar nisso lhe trazia bem estar e, ao mesmo tempo era um martírio.!Como ele mesmo havia dito com todas as palavras: o casamento dos dois era somente um acerto e nada mais.
Antes que virassem  a esquerda para percorrerem  um  longo corredor que daria nos aposentos escolhido para ela, passaram por uma grande porta de madeira. Ela estava entreaberta.
Beatrice num ímpeto, olhou discretamente para dentro, e seu coração quase parou.
Deitado na cama estava uma mulheres cabelos vermelhos como fogo. Antes de enfiar a cabeça dentro das pernas abertas da mulher, ela viu um homem.
Era o rei Derek!
Oh céus! Ele estava com  a cabeça entre as coxas da mulher, que  gemia enquanto mantinha a cabeça do rei dentro de si e com  outra, segurava fortemente a cabeceira da cama.
Beatrice corou. Ohhh! Como pode? O rei iria se casar dali a alguns dias... e estava com outra mulher...fazendo coisas... fazendo coisas...

O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora