Capitulo 15: Enfim, sós!

1.6K 163 3
                                    

Beatrice estava ansiosa.
Sabia que dali a pouco teria que se retirar para a câmara real para sua noite de núpcias. Seu coração estava disparado de tanta ansiedade.
Poucos minutos antes havia conversado com seu pai o rei Roland e sua mãe, a rainha Bárbara que aparentava não estar em seus melhores dias, pois mal a cumprimentou devidamente.
Ela já estava acostumada com a frieza da mãe e apatia do pai. Ao vê-los juntos, notava-se claramente que ambos viviam em mundos distintos.
Diferente de Ozzil e Heloise. O rei sempre a olhava e abaixava a cabeça para ouvi-la falar.
Mesmo que não estivessem juntos, notava-se que ambos eram sintonizados um com o outro.
Discretamente,  Beatrice olhava de vez  em quando para os três homens posicionados no tablado superior.
Estavam conversando havia muito tempo, apenas suas guardas pessoais e cavaleiros de extrema confiança dos três estavam com eles.
Beatrice viu que muitos reis ali presentes estavam desconfortáveis por serem excluídos daquela conversa. A união com aqueles três reis bem sucedidos sempre era  vista como  muito importante e lucrativa para muitos que estavam ali, seja para troca de mercadorias, seja para alianças militares.
Mas Cornell exigiu esse momento a sós com os amigos. E, num momento pareciam contentes e em outro, a tríade demonstravam ares de preocupação, como agora.
Sobre o que falavam que os deixou com o semblante tão carregado?
Heloise lhe fez um sinal. Era o aviso que devia se retirar e ir para o quarto.
Com o coração  disparado, ela olhou uma última vez para o tablado. A figura dos três Reis era magnífica! De repente por trás de uma tapeçaria enorme que cobria a parede, ela viu um pedaço de um tecido roxo.
-Arcepisbo Gregor! Ele estava posicionado de um modo que os cavalheiros não o podiam ver!Mas o que ele fazia ali como um rato sorrateiro? Estaria ele ouvindo a conversa reservada dos três Reis? Porque?
Beatrice franziu a testa.
Isso não era um comportamento comum.
Ela não era muito acostumada a vida na corte, ainda mais uma corte que não era a sua.
Mas sabia que aquilo não era um comportamento normal.
Ouvir atrás das tapeçarias, não era aceitável, mesmo ele sendo um arcebispo. Se houvesse una oportunidade, iria informar ao Rei Cornell.
....
Ao chegar no quarto, ela não sabia o que fazer. A cama estava arrumada com mantos de pele de carneiro, travesseiros de pena de cisne, macios e com cheiro de lavanda.
Havia vinho, pão e frutas em cima de uma mesa com todos os candelabros com as velas acesas.
Agnes a acompanhava para ajudá-la a tirar o vestido de noiva e vestir sua camisola nupcial.
Beatrice começou a ficar agitada e torcia as mãos nervosamente.
-Fique calma, minha Rainha. Deixe que ele a guie. Não precisa fazer nada. Apenas aceite o que ele vai lhe oferecer.
Beatrice colocou os longos cabelos para o lado.
-E eu não lhe ofereço nada?
Agnes acabou de amarrar a camisola que cobria os ombros, os braços e ia até os pés e ajoelhou-se diante da Rainha, que estava sentada com os olhos baixos.
-Sim. Lhe ofereça o que seu coração mandar. Eu agora vou deixá-la minha Rainha. Já ouço o barulho das pessoas trazendo o rei até a porta.
Lhe desejo felicidades esta noite, minha lady.
Beatrice olhou para a dama de companhia e apertou suas mãos nervosa.
Era um pedido de ajuda: "não me deixe aqui sozinha, com um completo desconhecido que faz meu coração bater mais rápido do que jamais sonhei..."
Agnes lhe sorriu compreensiva.
-No início, vai doer um pouquinho, mas lembre -se de relaxar...
E piscando os olhos maliciosamente
-E aproveitar.
..
A corte levou o rei até a porta e ele adentrou a câmara, deixando o alvoroço para trás.
-Arved, feche a porta, e me deixe sozinho com a Rainha.
Beatrice se levantou da cadeira, e fez uma reverência para ele.
-Vossa Majestade.- e permaneceu em pé até que ele a mandasse sentar. Mas não aguentou.
A ansiedade a matava. Ela  se jogou na cadeira, igual um figo bem maduro que se espatifa no chão. Precisava sentar  imediatamente, senão  iria desmaiar. Tinha certeza disso!
Se pelo menos ele a olhasse! Lhe desse um sinal que estava tudo bem, talvez ela não sentisse  aquele sufocamento no peito de angústia pura.
Cornell não a olhou, mas percebeu que ela sentou sem sua permissão.
Beatrice parecia ter recebido uma educação diferenciada das demais princesas da corte. Ou então essa era sua personalidade: espontânea, impertinente, desobediente...
Mas se recusou a pensar nisso agora.
Indo até sua sala de vestir, despiu o manto, o gibão, a espada e a coroa.
Precisava de alguns minutos sozinho para...
Cornell parou.
Para que?
Era só jogá-la na cama, cobri-la  com o lençol de núpcias com um furo para penetração, e jorrar  dentro dela, a semente que lhe  daria  um filho, e então, não precisariam mais passar nenhum tempo juntos.
Uma vez somente. Uma vez e nunca mais.
Era isso. Muito simples e eficaz. Foi assim com Joanne.
Mas ela não era Joanne.
Beatrice lhe dava formigamentos e desejos adormecidos a tanto tempo, que ele julgava  que nem os tinha mais.
Ela lhe dava vontades inesperadas de tocar em seus cabelos, lamber seus seios e lhe tocar com os dedos...
Sentindo que estava excitado, jogou sobre os ombros um manto leve de carneiro.
Estava com calor... muito calor...
....
Beatrice o olhou quando ele estendeu a mão para que ela se sentasse  junto  a mesa.
Ela moveu-se lentamente e ele pode ver pela transparência da sua camisola que ela estava nua por baixo. Seu membro que continuava duro, estava quase doendo de tanto desejo.
-Sente-se minha Lady. Amanhã, farei a  sua coroação, logo após o desjejum. Pensei que gostaria de saber essa informação, para que possa se preparar para a cerimônia.
Beatrice sorriu.Um sorriso adorável!
- Lady Heloise já havia me comunicado Vossa Majestade. Mas agradeço a sua preocupação em me avisar.
Cornell a olhou por cima da taça de vinho.
-Bom.
Beatrice estava um pouco incomodada.
Não sabia como reagir.
Aliás, será que podia reagir? -Não sabia! Oh céus! Não sabia! Como é ruim não saber o que fazer!
Cornell a olhava.
-A comida e a bebida não  estão do seu agrado?
Beatrice abaixou os olhos.
-Não vossa Majestade,  quer dizer... sim, mas estou muito nervosa para comer e beber qualquer coisa que seja..
O Rei levantou as sobrancelhas.
Impulsiva, fala o que pensa, imprudente.
-Deite-se na cama, cubra-se com o lençol, prepare -se  que já  estarei com você.
Beatrice fez o que ele pediu. E aguardou.
Quando ele deitou na cama, seu peso a sobressaltou. Nunca havia estado  com  um homem dessa maneira tão íntima e particular.
Cornell deitou-se com os braços atrás da cabeça e falou baixinho.
-Pode ser que você sinta dor, mas não sou de machucando porque quero.Não  é proposital. Será apenas a resistência natural do seu corpo que lhe causará dor.
Beatrice virou-se de lado para ele e impulsivamente falou:
-Vossa Majestade, eu já sei sobre isso.
Cornell virou-se  espantado para ela.
-Sabe? Como sabe?
Beatrice gargalhou e sentou na cama deixando à mostra a silhueta de seus pequenos seios.
-Agnes me contou.
Cornell pareceu relaxar.
Essa mulher tinha um jeito tão diferente, um comportamento  tão incomum,  que ele não sabia o que fazer. Ela sempre o surpreendia.
-Majestade... posso perguntar uma coisa?
Cornell fechou os olhos.
O que seria dessa vez? Estava  ansioso para estar com ela. Da maneira que fosse. Porém  por ser  a primeira vez dela,  decidiu ser paciente e  suspirou.
-Sim.
Beatrice fechou os olhos com força e fez a pergunta que ela mais precisava da resposta naquele momento:
-Existe uma forma de não doer?
Cornell abriu os olhos e fixou  seu olhar naquela linda figura feminina sentada na sua cama. Os cabelos soltos cobrindo os seios duros e empinados. Só dela sentar desajeitadamente sobre as cobertas, ele viu seus pés e metade das suas pernas que  se desnudaram  num jogo de esconde esconde  entre sedas e peles que estava  deixando  ele  tonto de paixão.
-Talvez. Mas não seria a relação correta entre um marido e mulher.
Beatrice sabia que precisava criar uma relação com ele. Queria que ele a apreciasse. Queria sentir tudo aquilo novamente. Não conseguia esquecer.
-Mas nós não estamos aqui sozinhos? Quem poderá saber o que se passa no nosso quarto? Quer dizer... na sua câmara...
Cornell sabia que as paredes tem olhos e ouvidos. Mas nesse momento, ele estava concentrado nela.
-Deite-se.
Ele estava completamente vestido.
Ele levantou seu vestido e pode ver sua vulva com os pelos dourados antes de colocar sobre ela o maldito lençol com o furo no meio que a cobriu completamente.
Ele deitou-se sobre ela. Seus olhos ficaram momentaneamente na mesma linha. Ela tinha os olhos assustados. Ele  pensou em  dispensa-la aquela noite. Mas seria uma ofensa muito grande para ela perante a corte.
Beatrice sabia que havia algo errado. Não sentia aquela umidade estranha e maravilhosa entre suas pernas.
Então, ela  sentiu  que ele se mexia sobre ela? Enfiando nas suas partes íntimas, um pedaço do seu corpo duro. Ele deu um pequeno empurrão dentro dela.
Meu Deus! Que horror! O que era aquilo? Era grande e parecia agredi-la. Não! Não queria aquela invasão!
Ela olhou para ele. Queria pedir para ele parar. Estava doendo. Não estava bom.
Não, não queria assim, não desse jeito. Não estava  bom.
Beatrice gemeu alto. De dor.
E colocou a mão no peito de Cornell.
Ele a olhou nos olhos e viu a dor e decepção estampado nos olhos azuis. Ele parou  imediatamente ao seu toque.
Beatrice precisava falar de maneira que ele entendesse. E o faria. 
-Eu... Eu... quero sentir aquilo  que senti na outra noite... Quero sentir aquilo de novo, porque era bom...
Cornell  ficou surpreso com aquele pedido. Impertinente. Desobediente. Impulsiva.
Mas ela tinha razão.
Ele também queria senti-la. Inteira, nua, entregue em seus braços...
-Não é adequado.-Ele disse arfando.
Beatrice fez um beicinho como se fosse uma criança.
-Por favor, meu rei.
Ele a olhou fixamente, mas Beatrice não podia ler seus pensamentos. Sua atitude era estática e suas emoções  estavam completamente escondidas sob uma máscara indecifrável.
-Agora eu posso chamá-lo de meu rei não é mesmo?
Cornell sentiu sua mão formigar. Queria tocar em seu rosto. Queria beijar seus olhos, sua boca...
Estava faminto. Duro.
-Sim.
Ela sorriu o sorriso mais lindo do mundo e jogou o lençol de núpcias para o lado.
-Meu rei poderia me tocar novamente aqui?
E falando isso, ela tocou nos próprios seios.
-Ele a  virou de costas para ele e jogou seus cabelos para frente. Devagar, desamarrou as centenas de fita que fechavam sua camisola, mas não a tirou.
Ela virou para ele.
Seus olhos estavam baixos e ela sentia  que seu rosto queimava. Mas Agnes falou para lhe oferecer o que seu coração mandava. E seu coração queria isso.
Lentamente, ela baixou a camisola deixando os seios à mostra. Timidamente, ela jogou os cabelos por cima e os tapou, deitando -se completamente nua sob os mantos de pele.
Cornell a olhava com os olhos semicerrados. Ela era naturalmente sensual e tão linda!
Ele a desejava como a força das tempestades, e sentia que era jogado de um lado para o outro numa forte ventania, sem poder  fazer nada para se salvar.
Mas ao olhá-la tão pura e intensa, ele se decidiu:
Que se danasse o  mundo! Que se danasse tudo!
Ele a queria. E ele era o rei. E ela era sua!
Então, aquele homem que todos diziam que havia perdido seu coração, deixou que a emoção tomasse  as rédeas de seu corpo como ele desejara desde a primeira vez que viu.
Somente por hoje, ele deixaria que seu  coração
se abrandasse, que a dor se esvaísse, que os fantasmas da sua memória se calassem e ele agiria  apenas como um homem faminto de toque, de ternura, de carinho....
Num salto, ele saiu da cama.
Viu de relance o olhar de decepção de Beatrice. Ele queria lhe falar que ele não iria lhe deixar. Então, resolveu lhe mostrar.

O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora