Capitulo 4: Vossa Alteza não é uma camponesa!

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- Princesa! Princesa!
Agnes não acreditava no que estava vendo! A princesa Beatrice estava de joelhos carregando uma pequena ovelha no meio do estábulo juntamente com outros animais.
-Olhe Agnes, esse bebezinho não é um tesourinho?
A Dama de Companhia da Princesa Beatrice levou a mão ao nariz e ao mesmo tempo ao peito, como se fosse desmaiar.
-Vossa Alteza não deveria estar aqui. Olhe esse lugar! Esse cheiro! Não sabe que o demônio espreita as pessoas que fedem? Vossa Alteza não é uma camponesa!
Beatrice soltou uma gargalhada.
-Nada que um bom banho não resolva minha  querida Agnes.
A jovem continuava olhando sem acreditar no que via.
-Se Vossa Majestade, o rei Roland, a visse da mesma maneira que estou vendo agora, tenho certeza que ordenaria  que passasse um tempo na masmorra, até aprender a se comportar como uma princesa.
Beatrice olhou para Agnes divertida.
Ela era sua  dama de companhia desde quando ambas eram pequenas. Seus pais, os Marqueses de Amice, faziam parte da corte de seu pai. Elas cresceram juntas e havia muita intimidade e companheirismo entre elas.
-Você é muito negativa Agnes.
A Dama de  Companhia, fez um sinal para que ela se levantasse.
- Por favor minha princesa, levante-se! O mensageiro de Vossa Alteza,  já avisou que a comitiva real deve chegar logo após o almoço.
Beatrice arregalou os olhos.
-Meu Deus Agnes! Eu havia me esquecido completamente disso.

Colocando o carneirinho dentro do seu cercadinho, Beatrice saiu correndo em direção ao castelo com Agnes correndo atrás segurando  os sapatos de Beatrice.

As duas entraram pela cozinha, ainda correndo.
Beatrice parou alguns minutos com os  quatro irmãos menores que rodeavam por ali enquanto suas amas de leite comiam e bebiam alguma coisa.
Beatrice suspirou.
Com certeza, sua mãe, a rainha Bárbara estava fazendo algo mais importante do que cuidar dos seus próprios filhos.
Quando chegaram ao quarto de Beatrice, já havia uma tina com água quente para o seu banho.
As criadas a ajudaram a se desnudar e rapidamente começaram a banhar a princesa.
Agnes sentou-se respirando pesadamente, enquanto Beatrice a olhava com travessura.
-Pronto, Agnes! Com esse banho vou direto para o paraíso.
A jovem dama sorriu.
-Vou ter que fazer um milagre com esse cabelo, para que fique apresentável para a Rainha e sua  corte. Precisa ter bons modos para dar uma boa impressão a sua futura sogra, que depois do casamento será sua mãe.
Beatrice se distraia com a água do banho e olhou para Agnes com um olhar travesso.
-Descobri que sua majestade, meu pai, enviou para o Rei de Dalibor, a minha  pintura feita por aquele alemão, o tal do Hans não sei das quantas.
-Hans Millet, vossa alteza.
Beatrice sorriu.
-Será que o Rei  gostou de mim?
Agnes levou a mão ao coração e começou a se abanar como se estivesse passando mal.
-Princesa! Por favor, como pode falar isso? Como assim gostar de vossa alteza?
Beatrice levantou da tina de madeira com seu corpo nu a mostra que foi imediatamente coberto por uma túnica pelas criadas.
Beatrice saiu do banho e agradeceu com um sorriso as suas criadas.
Agnes estava nervosa. Se aquela conversa parasse nos ouvidos do Rei Roland, as duas estavam perdidas. Ela, estava perdida! Por que uma de suas atribuições era fazer com que a princesa tivesse boas maneiras.
Agnes então dispensou as criadas com as mãos:
-Podem ir! Podem ir! Deixe que eu mesma cuido de vossa alteza.
Beatrice sorriu da atitude de Agnes.
-Não faça assim com as pobrezinhas. Elas adoram pentear os meus cabelos.
Agnes parecia bufar.
-Pois sim! As palavras que vossa alteza proferem um dia podem levá-la a uma situação muito desagradável.
Beatrice deu de ombros.
-Agnes, eu apenas gostaria  de saber se eu agradei o rei.
A jovem dama vestiu a chemise  e sentou Beatrice no banquinho, para enxugar os longos cabelos de Beatrice.
-Vossa Alteza não devia pensar nisso.
Beatrice olhou-se no espelho de metal polido e ligas de prata que refletia seu rosto jovem e corado. Ela pegou seus longos cabelos loiros,  colocando -os do lado direito.
Se olhou fixamente.
-Aquele retrato não é exatamente como sou.
Agnes  estava sem paciência  e começou a escovar os longos cabelos de Beatrice com uma força desnecessária.
-Com certeza que não minha princesa. Você é a coisa mais perfeita que Deus colocou na face dessa terra.
Beatrice corou e Agnes falou com carinho:
-Mas é a verdade minha lady. Devo dizer que a pintura não  retrata sua fiel beleza...mas, pensando bem, isso é muito bom_disse Agnes dando um sorriso divertido.
-Por que?
Agnes começou a trançar os cabelos da Princesa.
-Porque  milady será uma doce surpresa para o rei de Dalibor.
As duas riram cúmplices.
-E se o rei for velho, barrigudo, com uma verruga no meio da testa?- perguntou Agnes horrorizada.
Beatrice ficou séria.
-Eu queria muito que ele gostasse de mim.
Agnes suspirou.
-Bem sabe Vossa Alteza que isso terá que conquistar. Casamentos são certidões de interesse assinadas pelas famílias. Não espere flechas de Vênus.
Beatrice baixou os olhos.
Ela bem sabia. Sabia que os casamentos eram acordos econômicos onde os sentimentos não rezavam nas cláusulas.
-Mas não custa sonhar. -A princesa sussurrou.
Agnes ajeitou as pequenas flores brancas nos cabelos de Beatrice e fingiu não ouvir as palavras sonhadoras da princesa.
Ela tinha  pensamentos estranhos.
Desde pequena que sempre queria e sonhava com as coisas difíceis, impossíveis de se concretizarem.
A jovem dama suspirou com tristeza. Eu
O que seria de sua amável princesa se o mundo que se descortinava a sua frente não fosse nada parecido com o que ela sonhava?



 Eu O que seria de sua amável princesa se o mundo que se descortinava a sua frente não fosse nada parecido com o que ela sonhava?

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O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora