Capítulo 34: O enlance De Derek

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Amanheceu e os três reis juntamente com uma comitiva de nobres,  e alguns reis-guerreiros de outros reinos presentes para o casamento  saíram para participar de uma caçada, juntamente com dezenas de servos e grandes cachorros de caça.
Derek providenciou para que seus caçadores  mais experientes em  cacar lontras e lobos estivessem  presentes. Com o abate teriam peles para  a temporada seguinte do inverno e carne para servir aos moradores do castelo. A caçada específica desses animais era bem vista pelos camponeses das vilas, por que sempre havia reclamações de assaltos a galinheiros e estragos nas plantações. E os lobos, quando ficam famintos, invadem as vilas em busca de alimentos, e  geralmente, essas visitas terminavam em fatalidades,  com a morte de  crianças pequenas, como já havia acontecido no inverno passado nas vilas de Craig.
Derek então criou uma montaria especializada para controlar a proliferação dessa espécie e assim, garantir segurança a todos.
Embora naquela manhã, o objetivo principal da aventura fosse caçar cervos para o banquete de casamento, todos os presentes aproveitaram a caçada para se exercitar. Com  seus arcos e flechas, os homens  faziam paradas oportunas para treinar. Caçadas eram um excelente exercício nesses tempos que a paz reinava. Nobres e cavaleiros usualmente usavam essa estratégia para  se manterem em forma.
Ao final da tarde, já com a caça devidamente colocadas sobre os cavalos, os nobres voltaram ao castelo.
As comitivas se encaminharam para o grande salão onde encontraram  as mesas postas, repletas de comidas e bebidas para servir a todos.
Com grande fastio, os nobres e cavaleiros beberam e comeram  relatando os feitos da caçada.
Passado um tempo, Derek se retirou e alguns  minutos depois, o Chanceler-mor se aproximou dos Reis  Cornell, Ozzil e Theo e, numa grande referência falou:
- Vossas Majestades, o rei de Craig espera-vos em sua sala de reuniões.
Os reis se entreolharam. Seus sentidos se aguçaram, porque era sempre assim. Estavam sempre alerta.
Durante o dia, Derek não deu sinais que havia algo errado, ou que havia algum assunto a ser tratado mais tarde.
Os reis seguiram o chanceler com preocupação, embora estivessem calados e absortos em seus próprios pensamentos.
Assim que chegaram ao recinto, Derek já se encontrava lá bebendo uma  grandes caneca de cerveja.
-Convidei vossas majestades para virem aqui porque preciso de conselhos... de amigos,  e possivelmente uma parceria de um negócio, se a ideia lhes aprouver.
Ozzil pareceu relaxar. Estava acostumado a conversas reservadas onde guerras e invasões seriam organizadas.
-Diga então meu caro rei, de que conselho precisa?
Theo estava em pé ao lado da porta e Cornell se encaminhou para a grande janela oval, onde se via o jardim interno do castelo.
Nele estavam passeando lado a lado Heloise e Beatrice.
Beatrice com seu pequeno ventre cada vez maior a cada vez que a via. Será que estava vendo ela com pouca frequência? Ou a barriga de uma mulher grávida crescia como hera em paredes?
Ozzil se aproximou e parou ao lado de Cornell, olhando também para as duas mulheres.
Então, apertou-lhe  os ombros do filho  dando pequeno sorriso.
-Nossas joias.
Cornell ficou calado.  O que o pai estava falando? Beatrice, sua joia? Procurou se concentrar no que Derek iria lhes falar. O que seria?
-Vamos direto ao assunto. Preciso de um banho.
Falou Theobald.
Derek se levantou e parecia eufórico.
-Bem sabem que faz parte das minhas terras , este enorme quintal, e herança de meu pai, que é este  vasto oceano, que desagua em lugares unisitados e desconhecidos.
Ozzil retrucou.
-Misterioso , e perigoso também.
Derek bebeu mais um gole de sua cerveja.
-Sim. Exatamente! E aconteceu um fato interessante por estes dias, quando através do Barão Alexander Domenico, marido de Aysha, minha irmã, tive o prazer de conhecer Sir Ivor, Duque de Sigrid. Ele é um peregrino por natureza, viaja por todo lugar conhecendo pessoas, lugares exóticos e fazendo negócios.
Derek parecia empolgado ao falar. Notando o silêncio dos amigos, continuou.
-Em suas peregrinações, ou aventuras como queiram chamá-las, ele se tornou um construtor de barcos. Me pareceu  bastante entendido do assunto e me falou das  várias aventuras que se podem fazer com barcos. Existe  também possibilidades de manter relação comercial com o Oriente, e assim fazer negócios lucrativos.
Theo parecia interessado na conversas.
-Ja ouvi falar desse nórdico, Ivor. É um negócio muito arriscado,  mas ao mesmo tempo, me parece muito interessante.
Derek ficou mais excitado  conforme falava.
-Arriscado, mas estratégico. Ivor falou que é possível  armar os barcos com lugares estratégicos para os arqueiros lançarem suas flechas  e o melhor, os exércitos podem se locomover mais rápido e em maior número do que cavalgando.
Assim que a mãe e a esposa se afastaram do seu campo de visão, Cornell decidiu participar da conversa.
-Mas seria necessário  pensar em cartógrafos experientes, bons  construtores para fazer barcos seguros, marinheiros e marujos hábeis e um  bom capitão para  comandar toda a frota.
Derek sorriu e sentou despretensioso, em sua cadeira.
-Ivor diz que tem as habilidades necessárias para construir  os barcos e encontrar as  pessoas adequadas para cada uma dessas funções que você, muito inteligentemente falou.
Ozzil estava  pensativo.
-O  quanto esse nórdico é confiável?
Derek o olhou e respondeu prontamente:
-Se não for, ele encontrará o caminho dele numa longa viagem  ao fundo do mar. E você,
Theo, o que acha? O reino de Walden poderia fornecer a madeira para construção dos barcos e caravelas?
Theo também estava pensativo. Existiam muitos questões que ele enfrentava nesse momento, mas Walden era o vale da madeira. Um vale riquíssimo! que poderia sim fornecer madeira suficiente para a construção de uma  frota de navios.
Mas Theo estava cauteloso.
-Isso me parece bom e grandioso. Mas é um negócio que demandará tempo e dedicação. E é uma atividade nova. Não conhecemos nada sobre isso. Mas, ao mesmo tempo, as coisas mudam rápido e possivelmente daqui a algum tempo, os barcos podem sim, tomar o lugar dos cavaleiros.
Derek gargalhou prazerosamente.
-Você falou o mesmo que Aysha disse quando lhe perguntei sua opinião.. Ela pensa anos a frente, como bem sabe.
Theo abaixou os olhos ao ouvir falar de Aysha.
Ela havia sido o seu grande amor de infância e de adolescência.
O coração de Theo se entristeceu. Ele nunca lhe falara de seu amor. E esse sentimento lhe ocupou dias e noites sem dormir. Mas ele sempre soube que nunca seria digno do amor  dessa mulher.
Nisso, Ozzil gargalhou abundantemente,
-Está para nascer o  dia em que os cavalos não serão os melhores companheiros de um homem,
Cornell concordava. Mas era uma ideia surpreendentemente interessante.
-Eu penso que  é um negócio bastante inovador o  suficiente parava dar certo.
Derek sorriu com as opiniões e bebeu um grande gole da sua cerveja.
- E quanto a Dalibor, poderiam fornecer as velas para as embarcações feitas pelas mãos habilidosas das artesãs que são  reconhecidas como as melhores dos treze reinos. Assim todos ganhamos.
Cornell olhou para o  pai que depois de algum tempo assentiu.
Derek vendo que a ideia era um consenso entre os quatro, pegou sua espada e a manejou com habilidade colocando-a na vertical, na frente de seu corpo.
Os três homens se aproximaram e juntos ergueram suas espadas e a colocaram no meio deles formando uma estrela de quatro pontas.
Estava feito. Seriam parceiros nessa nova empreitada rumo ao futuro.
....

O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora