Capitulo 20: Uma noite diferente

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-Chegue mais perto.
Beatrice ouviu a voz num tom calmo e baixo vinda das sombras. Ela caminhou lentamente até onde ele estava. Seus pés pareciam que carregavam um peso fora do comum.
Estavam a sós. Naquele minuto o mundo externo deixou de existir para ela.
Cornell estava sentado à mesa, completamente vestido. Havia poucas velas acesas nos candelabros, e a semi escuridão dava ao quarto um ar lúgubre.
As chamas das velas faziam sombras na parede e um silêncio pesado imperava no lugar.
Em cima da mesa, somente uma garrafa de vinho produzido no castelo, e uma taça de madeira que Cornell bebericava de vez em quando olhando para ela.
Beatrice ficou parada.
Procuraria naquela noite, agir como uma mulher da nobreza. Iria respeitar os códigos de conduta, e não falaria até que ele falasse com ela.
O silêncio a incomodava.
Mas ela permaneceu parada. Séria. Procurava não demonstrar as emoções que lhe abalavam a alma.
Estava decidida  a  deixar de lado suas atitudes impulsivas e assim, não transformar aquela noite num duelo de palavras.
Seu coração continuava disparado. Respirava devagar para parecer calma, mas sentiu que suas mãos estavam cada vez mais frias e trêmulas. Será que estava conseguindo passar uma confiança que não sentia?
-Deite -se na cama e se cubra com o lençol.
Num ímpeto, Beatrice quase se esqueceu de suas promessas e levantou a cabeça pronta para revidar aquela ordem.
Então seria assim de agora em diante?
Pois bem. Que fosse.
Ela suspirou profundamente e calmamente se dirigiu até a cama, deitando-se e cobrindo todo o seu corpo com o lençol com um furo no meio.,
Aquele lençol era o símbolo do que ele havia lhe falado na última vez. Havia que se cumprir com a missão de fazer um herdeiro. Sem intimidade, sem toque, apenas uma relação para procriação.
Assum, ele lhe mostrava que ela era apenas uma ponte para conseguir o que queria.
Beatrice o esperava ansiosa. Tinha vontade de abrir a sua boca e lhe dizer tudo o que passava por ela.
Mas não iria quebrar sua promessa. Iria se manter calada e dócil como manda as regras de conduta de uma  mulher boa e submissa.
Ela alisou a camisola por baixo das cobertas.  E depois, sem pensar ajeitou seus longos cabelos para frente, cobrindo inteiramente a parte de cima dos lençóis com seus cachos.
Por mais que sua mente consciente lhe dissesse para se aquietar, seu lado impulsivo falou mais alto e quando ele ficou em pé ao lado da cama, observando-a com um olhar distante, ela falou timidamente:
-Teve um bom dia, meu rei?
Cornell continuava em silêncio.
Não tinha jeito. Ele não sabia o que fazer com Beatrice.
Ela não perdia a oportunidade de criar situações de aproximação.
Agora mesmo quando estava determinado a se deitar com ela, como manda a santa igreja e deixar de lado os seus malditos desejos masculinos de lado, bastou ouvir sua voz e olhar para ela e ver seus longos cabelos espalhados sobre o travesseiro, que ele ficou profundamente excitado.
Ele a queria com força! Queria beijar sua boca, seus olhos, seus seios...
Queria tocar com a língua a parte íntima dela e sentir seu gosto, seu sabor...
Estava quase explodindo de desejo.
Ainda vestido, lentamente ele se ajoelhou sobre seu corpo, levantou a camisola e a colocou o furo do lençol entre as coxas entreabertas de Beatrice.
Rapidamente, ele olhou seus pêlos dourados e desviou o olhar.
Quando abriu suas calças e as baixou, deixou que ela visse seu membro duro... ambos se olharam.
Ele queria seu toque.
Mas fechou os olhos rapidamente para não ver o desejo estampado nos olhos  femininos.
Beatrice era uma tentação! Uma adorável tentação e se não  tomasse cuidado, não teria mais vida própria. Seria um homem que viveria agarrado a sensações, vontades e desejos insatisfeitos.
Porque ele nunca se cansaria de estar ali. Nunca!
Ao ver que ela fechou os olhos e respirava com dificuldade, ele a penetrou  como um náufrago no mar.
Ela estava molhada! Oh céus! Ela estava molhada de excitação. Por ele! Por eles!
Ela era  maravilhosa!  Toda úmida, deliciosamente apertada para ele!
Oh céus como a queria!
Ele se moveu com força sobre ela. Sonhava tanto com aquele momento de estar novamente ali, dentro dela...
E então, Beatrice começou a gemer, primeiro baixinho, mas a medida que ele ia forçando seu membro cada vez mais fundo, mais ela gemia, e cada vez mais mais alto.
Louca de desejo?
Beatrice tentou passar a sua mão rosto dele, mas Cornell prendeu os seus braços acima da cabeça de Beatrice.
Ele estava no comando.
E ia ser do jeito dele, dessa vez.
Não queria o toque dela. Não aguentaria se isso acontecesse, pois tinha a certeza que rasgaria toda aquela roupa que a cobria em um minuto.
Quando ela gemeu novamente, ele não aguentou e jorrou sua semente dentro dela.
Beatrice o olhou decepcionada.
Ele não a satisfez. Seu corpo pedia mais, queria muito mais...Queria seu toque, sua boca... Mas ele já estava satisfeito!
Cornell levantou -se e puxou suas calças para cima sem olhar para ela.
Beatrice ainda ficou um instante deitada na cama, profundamente infeliz e se sentindo  roubada de algo precioso.
Porque ele agiu assim?
Seu corpo ardia de desejo não satisfeito. Queria gritar de insatisfação, de raiva, de vontade de continuar ali em seus braços...
-Está dispensada.
Então o rei se dirigiu  para sua sala de banho, com a mesma frieza que a recebeu.
Beatrice sentou-se na cama, arrumou a camisola e trançou os cabelos.
Ia esperar por ele.

Cornell demorou alguns minutos fazendo sua higiene e quando voltou ela ainda estava lá. Sentada na cama. Olhos baixos.
Ele sabia o que ela estava sentindo, pois sentia a mesma coisa.
Beatrice ansiava em lhe dar, aquilo que ele queria muito receber:  carinho, cumplicidade, e dar vazão a um desejo que não tinha fim.
A verdade é que eles estavam atraídos um pelo outro. Seus corpos se encontraram e se tornaram amantes. Mas suas almas estavam separadas. Separadas pelo imenso sentimento de culpa e medo.
Ele tinha medo de se apegar a Beatrice e não poder cumprir promessas, ou agir como um bom marido,
Ele já havia provado desse fel. Não conseguiu ser um bom marido uma vez, e sabia que não conseguiria novamente.
Ele era um homem de batalhas, de lutas. Um homem bruto que não sabia lidar com aquela delicadeza de Beatrice. Ter uma família para ele era apenas uma obrigação temporária, pois sabia que era um homem errante, pronto pra partir ao primeiro desafio. E se ela precisasse dele? E se não pudesse estar? Iria acontecer tudo novamente.
Sentado na sua cadeira, ele falou com a voz baixa e fria:
- Não ouviu  o que falei? Está dispensada milady. Pode se retirar para seu quarto.
Sem aguentar mais aquela frieza e distância, Beatrice levantou -se e parou em frente a ele.
-Sim, eu irei para o meu quarto agora. E espero que vossa majestade não me convoque mais para esse quarto, se não for para me tratar como sua mulher!
Cornell simplesmente não acreditava na ousadia daquela mulher!
Ela era obstinada demais e estava passando dis limites. Pelo visto, precisaria de um castigo para aprender a se comportar como uma rainha.
-Eu a tratei como minha mulher agora. E espero que aja como uma, sendo passiva e controlada. Porque vive para contradizer o seu marido? Porque não aceita as coisas como elas são ? Uma mulher deve obedecer ao seu marido. Uma rainha também obedece milady. As regras são essas. Porque sempre precisa refutar tudo o que figo? Uma mulher não entra em debates inúteis com seu marido, não aprendeu isso com seus tutores?
Beatrice estava profundamente enraivecida  com tudo o que ouvia.
- Porque meu marido é teimoso! E não sou obrigada a cumprir regras estúpidas  entre quatro paredes!
Cornell levantou-se e cobriu a distância entre os dois rapidamente.
-Você é obrigada sim senhora! Não vou mais admitir que fale comigo desta maneira desrespeitosa.
Ela o olhou altiva e se encaminhou para a porta.
-Pois somente me procure novamente quando tiver a coragem de assumir o que sente. Quando tiver coragem de jogar essa culpa que carrega no fosso, junto com tudo o que tem lá.
E saiu deixando Cornell estupefato.
Ele caminhou furioso até a porta, abrindo-a e vendo a figura feminina correndo pelo corredor, com seus guardas sem saber que atitude tomar.
-Robbyn!!!! Arved!!!!!
Cornell gritou e em poucos minutos, os dois homens apareceram na sua frente.
Cornell andava de um lado para o outro como se fosse uma fera dentro da jaula.
-Amanhã pela manhã, se encarreguem de levar a Rainha até a Torre Vermelha. Ela ficará lá até que eu a mande sair. Refeição e água uma vez ao dia. Agora saiam e deixe-me sozinho.
O criado e o chefe da cavalaria se entreolharam assustados  e saíram com uma reverência.
Arved porém, estava desolado.
Todos amavam Cornell, e pensaram que a linda e gentil princesa Beatrice traria o rei novamente a vida.
Mas estava acontecendo exatamente o contrário, e não havia nada que ele, um velho criado pudesse fazer para ajudá-lo.
Como iriam levar a rainha para a torre vermelha!? Há muito tempo que não havia correções daquele tipo no reino de Dalibor. Com a rainha, nunca!
Certamente eles iriam cumprir com as ordens reais. Como sempre faziam Era  dever e obrigação, mas sei coração se compadeceu.
As coisas tendiam a piorar, diante do que estava acontecendo.
O Velho criado se retirou para seus aposentos pensativo e cabisbaixo, deixando o rei sozinho com seus antigos demônios que devoravam sua mente e o seu coração.

O REI SEM CORAÇÃO concluído Onde histórias criam vida. Descubra agora