𝐩𝐡𝐲𝐬𝐢𝐜𝐚𝐥

09

─✧ kyuubi n a r r a n d o '-

| NO PASSADO |

Julho de 2008

Quanto mais eu esfregava minha mão com detergente na pia, mais suja de sangue minha mão parecia ficar. As lágrimas desciam pelo meu rosto à medida que eu ficava mais desesperada ao sentir o cheiro ferroso.

Eu nunca tive a intenção de matá-lo, apenas não deixaria ele fazer aquilo comigo. Fazia tempos que queria me livrar daquelas mãos nojentas que sempre me torturaram, nunca achei que teria que sujar as mãos dessa forma. Não me arrependo, mas sentir o sangue dele em minhas mãos era perturbador, aposto que era algum tipo de maldição.

Ouvi a campainha tocar e ignorei, continuei ensaboando minha mão e me permiti chorar mais um pouco. Nos últimos dias as lembranças dos meus últimos dias ao lado daquele homem asqueroso estavam vivas em minha mente.

- Kyuubi, abre já essa porta - era a voz do Draken - A gente deu o tempo que você precisa, você não pode afastar todo mundo assim.

Ignorei mais uma vez e continuei a chorar. Nesses dias fiquei apenas isolada em minha casa, ignorando qualquer visita dos meninos, eu até mesmo me escondia no banheiro sempre que um deles entrava com a chave reserva.

Sabia que não era o certo, eles se preocupavam comigo, mas em momentos assim a minha mente simplesmente me gritava para ficar sozinha. Porque eu merecia estar sozinha. Então ou eu estava comendo porcaria e vendo anime, ignorando que deveria viver minha vida, ou eu passava horas lavando minhas mãos, como se pudesse limpar o que eu fiz, porque de alguma forma me sentia suja por não ter arrependimento. E minha mãe vivia para me dizer que deveria me arrepender dos meus pecados.

- Kyuubi, já chega! - Draken gritou lá de fora e logo em seguida ouvi a porta abrindo e fechando com força.

- Vão embora! - esfreguei as mãos com mais força ao gritar irritada.

- É só eu, okay? - mesmo que não tivesse virado para vê-lo, sabia que ele tinha parado bem atrás de mim porque pude sentir sua presença - O que está fazendo?

Sua voz estava suave, parecia querer me transmitir conforto, eu solucei baixinho colocando mais sabão na mão e neguei com a cabeça, sem coragem para encarar ele.

- Kyu? - Draken me chamou pelo apelido que apenas ele usava e aquilo me fez chorar mais.

- O sangue... - engasguei por um momento - Ele não sai, Ryu. Não sai.

Ryu era abreviação do sobrenome dele, eu era a única, além de Mikey, que podia chamar Draken por outro nome.

Draken se aproximou de mim, ficando ao meu lado, e colocou suas mãos junto das minhas embaixo da água. Delicadamente ele foi tirando todo sabão que tinha dos meus dedos.

- Não tem sangue aqui, tá vendo? É apenas suas mãos - seus dedos massageavam os meus sem pressa alguma - Suas mãos já estão limpas.

Neguei com a cabeça, chorando cada vez mais. Ainda não podia encarar ele, me sentia suja. Draken desligou a torneira, pegou minhas mãos nas suas e fez com que eu me virasse de frente para ele, fechei os olhos para não ver sua expressão. Não queria ser repreendida por ele.

- Ei, abre os olhos. Sim? - neguei com a cabeça - Eu prometo que isso vai passar tá bem, mas você precisa me deixar te ajudar.

- Não quero ter que te dar trabalho - murmurei.