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⊹ Kyuubi narrando ⊹


|NO PASSADO |

Dezembro de 2007

Assim que passei pelos portões do reformatório eu respirei fundo, finalmente a liberdade. Olhei para o céu noturno e a lua estava cheia, olhar para o céu escuro fora da minha cela era uma das melhores sensações.

- Vê se não apronta nada, Kyuubi-san. Não quero ter que ver sua cara novamente - disse o guarda que tinha aberto o portão pra mim e eu acabei por rir

- Não prometo nada hein - pisquei pra ele e acenei com a mão.

Quando olhei para frente, me surpreendi ao ver a figura alta tão conhecida por mim. Ele parecia um pouco mais alto do que antes, estava com os traços maduros, mas ainda tinha seu cabelo loiro preso em uma trança para exibir sua tatuagem de dragão.

Não pude conter a emoção, não estava esperando que alguém fosse me buscar. Corri em sua direção e joguei meus braços ao redor da sua cintura o abraçando com força.

- Isso tudo é saudades? - perguntou com seu costumeiro deboche. Ele devolveu o abraço, colocando o queixo em cima da minha cabeça e me apertando contra seu corpo, enquanto eu tinha meu rosto escondido em seu peito.

- Se contar isso pra alguém eu vou dizer que é mentira - não iria admitir em voz alta, mas eu senti uma falta absurda do Ken, até mesmo dos momentos que brigamos.

A gente se separou do abraço depois de um tempo e nos olhamos meio encabulados, pude jurar que vi o rosto dele vermelho. Mas aquele era o Draken, ele não ficava corado.

- Você não mudou nada - Draken falou ao me medir da cabeça aos pés por longos minutos.

- Ei, eu tô mais gostosa e tenho mais tatuagens iradas - falei em minha defesa

- Continua a mesma tampinha de sempre - falou de forma maldosa.

- Tsc, você nem discordou quando eu disse que tava mais gostosa - informei com um sorriso atrevido.

O garoto me olhou irritado: - Cala boca e vamos dá o fora daqui - pegou o capacete em sua moto e colocou em minha cabeça - Todos estão ansiosos pra te ver, Mikey não para quieto desde ontem e se eu tivesse deixado tinham feito uma cerimônia aqui na frente. Você tinha que ver todos jogando pedra, papel e tesoura para ver quem ia vim te buscar.

- E pelo jeito o mais chato ganhou - dei uma risada e o loiro bufou. Esperei Draken montar sua moto, logo subi atrás dele e abracei sua cintura para me segurar.

- Tô vendo que quer ficar agarrada no chato - Ken falou alto, por cima do barulho do motor da sua moto que tinha acabado de ligar.

- Você não está reclamando, Ken-chin- afirmei e o belisquei na região do abdômen.

- Pare de me apalpar sua pervertida e não me chama por esse apelido idiota - eu ri ao ouvir seu tom irritado e ele logo começou a se mover para longe dali.

•••

Aproveitei ao máximo a viagem, sentia falta da sensação de andar de moto, do vento batendo contra o meu rosto e a adrenalina da velocidade. Observava todo o caminho, as mínimas coisas, fazia tanto tempo que não via aquelas ruas, nada parecia ter mudado.

Mas conforme Draken dirigia, eu me sentia nervosa. Tinha passado dois longos anos no reformatório e se tudo tivesse mudado? Principalmente a visão dos meus amigos ao meu respeito, pelo menos o Ken parecia normal comigo e ele tinha até ido me buscar.

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