Capítulo 44 - Feliz ano novo

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Evan tinha saído daquele quarto feito um foguete, seus olhos emanavam ódio, eu sabia que ele não iria deixar aquilo barato. Jason entrou pela porta e me olhou feio, possivelmente tinha visto Evan ou ele mesmo teria dito algo ao meu marido. Ele sabia que em algum momento, Evan seria um problema para nós, e eu também. Mas, surpreendentemente, Jason não disse uma só palavra, apenas me abraçou, sussurrou que tudo ficaria bem, e depositou um beijo na minha testa.

— Vocês… São lindos juntos. — Escutamos a voz dela, logo chamando nossa atenção.

— Olivia, meu Deus, você acordou! — Me sentei novamente perto da cama e segurei sua mão.

— Eu vou chamar o médico. — Assenti para Jason que logo saiu do quarto.

— Como você se sente? 

— Péssima, como se um trator tivesse passado por cima de mim. — Sua voz era bem rouca e baixa, resultado do estrangulamento.  — O que aconteceu?

— Não vou acreditar que você não se lembra Olivia, não adianta mais esconder nada de mim. — Ela engoliu seco, desviou seu olhar do meu e foi quando ela notou os seguranças dentro do quarto.

— Vai travar uma guerra com ele, Richel, eu não quero que você se machuque. 

— Eu não vou deixar que ele chegue perto de você, nunca mais. Eu disse que, se o Evan encostace o dedo em você outra vez, eu iria te proteger, e vou cumprir essa promessa. — Olivia me olhou novamente. — Infelizmente não posso matá-lo, mas eu não vou deixar ele se aproximar de você de novo!

— Richel, por favor, eu não quero que se meta em problemas, eu posso…

— Bom dia, Olivia. — O médico entrou no quarto a interrompendo, agradeci mentalmente por isso. 

Nós escutamos atentamente tudo que o doutor falava sobre o estado dela, contou das costelas quebradas, do estrangulamento, do braço direito quebrado, e que graças a Deus ela estava fora de perigo, mas foi por pouco, se tivessem demorado mais alguns minutos para encontrá-la, Olivia estaria morta. Eu via em seus olhos marejados a tristeza, o nojo, o pavor que ela estava sentindo naquele momento, o esforço que fazia para não chorar. 
Depois que o médico saiu, ficamos ali mais um pouco, conversamos sobre o que seria feito quando ela saísse daquele hospital, todo cuidado e proteção que ela teria, e também, para onde ela iria. Pensei em contar a ela como Alice estava e o que tinha acontecido, mas achei que não era um bom momento, apenas disse que ela estava bem, que tínhamos a encontrado.

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Passei a manhã e a tarde toda naquele hospital, entre o quarto da Alice e da Olivia, alguns disseram que eu havia ficado paranóica por conta de todos os ocorridos, mas eu só estava preocupada, Evan e Melissa estavam em qualquer lugar, e não sabíamos o que eles podiam fazer. Aproveitei que estava ali e conversei com uma boa psicóloga referente a Alice, ser sequestrada, acorrentada, atingida por um tiro, minha filha iria fazer cinco anos dali um mês, era tão pequena, sua saúde mental me preocupava. A médica me garantiu que conversaria com ela, me pediu que tivesse muita paciência, que desse a ela muito amor e carinho, e que todos ao redor dela deveriam fazer a mesma coisa. Alice teria alta em cinco dias, os médicos queriam ela em observação.

۝

Os dias se passaram e era véspera de ano novo, estavam todos em casa, Alice e Olivia também, a segurança havia sido reforçada, Jason achou melhor que todos se mudassem para a nossa casa, seria mais seguro, era grande e tinham quartos de sobra. Era fim de tarde quando fui ver como minha princesa estava, Alice ficava a maior parte do tempo no quarto dela desde que voltou para casa a dois dias, não falava com quase ninguém, apenas eu, Jason, Ryan, e Olivia.
Abri lentamente a porta de seu quarto e a vi deitada no chão de barriga para baixo colorindo um livro que havia ganhado de natal do Ryan, ela cantarolava baixo alguma coisa que eu não conseguia entender, mas aquela cena fez meu coração pulsar. Alice estava mais quieta do que antes, mal falava com as pessoas, comia pouco, mas quando estava no quarto dela com um de nós quatro ou até mesmo sozinha, ela se sentia livre para ser quem ela era antes, brincava, ria, conversava e adorava comer os doces que levávamos para ela durante todo o dia, ela se sentia segura perto de nós, nas duas noites em que ela estava em casa, acordava gritando de medo por conta de algum pesadelo, só dormia bem quando alguém estava com ela. Na primeira noite, ela pediu para dormir comigo e com Jason, aquela foi a segunda vez que eu e ele dormimos na mesma cama, com Alice entre nós dois, na segunda noite, Olivia dividiu a cama com a nossa filha. Ficava me perguntando até quando aquilo ia durar, não nego que sinto falta da minha pequena extrovertida, e me culpo todos os dias por ter feito ela passar por tudo aquilo.

Por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora