Capítulo 18 - Emboscada

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Quase duas semanas haviam se passado, e nada de novo havia acontecido, tudo estava bem, bem demais para o meu gosto, a paz que reinava naquela casa era estranha.
O tráfico estava indo bem, havia um novo carregamento chegando, tudo indicava que os negócios com Dominic estavam quase fechados, tínhamos novos compradores de armas interessados nas nossas cargas, quem olhasse jamais acreditaria nas coisas que passamos desde que iniciamos aquela união.

Mas naquela manhã, a tensão era grande, finalmente nossa carga de drogas chegaria, e Jason colocou na cabeça que iria ele mesmo fazer a escolta do caminhão antes que passasse a fronteira. Era arriscado, mas nada que alguém falasse iria fazê-lo mudar de opinião.

— Então eu vou com você! — Cruzei os braços o olhando.

— Você não vai a lugar algum, ainda está se recuperando.

— Eu já estou bem Jason, não tem que me tratar dessa forma, você não me deixa participar de nada fora da casa ou do galpão. Já chega! — Aumentei o tom de voz. — Eu também sou a chefe aqui, e se eu digo que vou fazer a escolta, eu vou.

— Você é muito teimosa, o médico ainda não te deu alta definitivamente, ainda está tomando os remédios.

— Foda-se! — Foi minha última palavra antes de sair do escritório, o deixando lá sozinho, sem chance de resposta.

۝

Já tinham se passado algumas horas, já estava pronta para sair, só faltava a última conversa com o pessoal. Jason me olhava com uma cara nada boa, não gostava da ideia de que eu iria junto com ele, mas eu não aguentava mais ficar naquela casa parada, eu sentia falta da adrenalina, do poder, sentia falta de me sentir útil.

— Como vocês já sabem, Jason e eu iremos fazer a escolta do caminhão junto com alguns dos seguranças que nós selecionamos de nossa confiança. Sabemos que as coisas saíram do controle e provavelmente alguém de dentro está nos traindo, então vamos tomar cuidado com tudo que vamos fazer daqui pra frente.

— Não vou aceitar ordens de uma mulher... — Escutei um dos seguranças sussurrar, mas eu pude ouvir.

— Quem não estiver gostando pode se retirar e não voltar mais, sabem as consequências. — Olhei a todos, principalmente àquele segurança que havia sussurrado, mas ele ali ficou, apenas me olhando assustado. — Todos entenderam?

— Sim chefe! — Todos responderam, inclusive àquele.

— O que disse? — O encarei, com um sorriso no rosto.

— Sim... — Engoliu seco. — Chefe! — Vi Jason sorrir satisfeito.

— Tem certeza que vai Richel? Está pronta pra isso? As coisas podem ficar feias. — Madson ainda estava preocupada com meu bem estar.

— Nada do que fale vai fazer ela mudar de ideia. — Jason respondeu no meu lugar, estava encostado próximo a porta de braços cruzados. — A carga de hoje não é grande, é apenas um caminhão pequeno, mas sabemos a importância do conteúdo que tem. A metanfetamina que adquirimos é muito difícil de se conseguir, normalmente temos aqui em Los Angeles laboratórios que as produzem, mas a nossa veio de fora, a Richel conseguiu esse carregamento com muito esforço e nós não podemos perder. O que vamos lucrar com esse lote, é muita grana, podemos vender a grama por trezentos dólares, é bastante dinheiro em jogo.

— Vamos tentar monitorar vocês, aquela região é complicada, sabe disso.

— Nós conhecemos Chris, por isso vamos nós mesmos fazer a escolta. — O respondi.

Nada mais tinha que ser dito, Jason e eu saímos de lá indo diretamente ao ponto de encontro. Durante o caminho, como sempre, ficamos calados, nós dois não tínhamos muito o que conversar, nunca tínhamos tempo a sós e quando tínhamos era um momento tenso como aquele que estávamos tendo.

— Nunca foi fazer uma escolta? — Ele quebrou o silêncio, notando minha inquietação.

— Na verdade não, Matthew sempre ia fazer esse tipo de coisa. Não nego que estou um pouco nervosa, mas nada exagerado, logo passa.

— Deve ser o calor da emoção. — Apenas concordei com a cabeça, voltando ao silêncio.

۝

Quase duas horas depois, já havíamos chegado no lugar onde passaria o caminhão para verificarmos a carga. Jason pediu aos seguranças que ficassem longe, escondidos, seríamos só nós dois na linha de frente esperando a carga chegar, ele daria um sinal caso algo estivesse errado.
A hora marcada já tinha se passado, o caminhão estava atrasado, Jason já estava visivelmente irritado com a pequena demora, já passava pela cabeça dele mil e um motivos daquilo ter acontecido.

— Olha lá. — O vi suspirar mais aliviado ao ver o caminhão chegando. — Vamos!

Arrumei a arma na minha cintura e sai do carro, Jason fez o mesmo. O caminhão encostou e o motorista desceu, nos cumprimentou e disse que o pagamento dele já tinha sido feito, Jason me olhou desconfiado, o motorista ao notar, disse que o fornecedor daquela carga, havia pedido um valor a mais em relação a droga, e nesse valor era incluso o pagamento dele. Expliquei ao Jason em voz baixa, que quando fiz o negócio tinha achado um valor alto pela quantidade pequena de metanfetamina que havia conseguido, e possivelmente aquele valor a mais que paguei, seria mesmo para o pagamento daquele homem, ao me ouvir parecia mais tranquilo.

— Podem olhar, está tudo aí como combinado. — Disse ele, abrindo a porta traseira do caminhão.

— Eu fico aqui fora, sobe e olha se tá tudo certo. — Apenas assenti, e com ajuda dele, subi.

Tirei algumas caixas de cima que cobriam o que realmente ele estava levando, abri as de baixo e vi que estava tudo ali, era metanfetamina pura, meus olhos brilharam ao ver aquelas caixas cheias, a quantidade de dinheiro que viria junto com tudo aquilo, seria enorme.

— Tudo certo pelo que parece, no galpão vamos olhar com mais cuidado e mais calma.

— Vocês são os compradores? Normalmente eu só falo com seguranças, ou com o porta voz. Nunca com a chefia. — O homem perguntou curioso assim que saí do caminhão.

— Não, não somos. — Respondi rápido, sabia que Jason poderia dizer que sim, ele adorava se vangloriar. — Apenas viemos verificar e fazer a escolta, nada mais.

— Tudo bem, então podemos ir para o outro ponto? É onde deixo a carga correto?

— Sim. — Jason respondeu, ríspido, não gostou muito do homem e nem das suas perguntas.

Mas antes que nós pudéssemos chegar ao nosso carro, algumas viaturas policiais nos cercaram, olhei tudo aquilo um tanto assustada, não esperávamos por aquele tipo de coisa.

— Merda!

— Levantem suas mãos, agora! — Um dos policiais gritou, e assim fizemos.

— Uma emboscada!

Ao nos abordarem, alguns daqueles homens pediram que o caminhão fosse aberto, perguntaram nossos nomes mas nem precisamos responder, alguns deles já nos conheciam, pela nossa fachada, poderíamos dizer que éramos conhecidos.

— Senhor, venha ver. — Um outro homem, sem o uniforme tradicional da polícia, foi chamado.

— Aquele desgraçado! — Jason murmurou. O conhecia de vista, era o novo delegado daquela região.

— Metanfetamina? — Ele olhou Jason sorridente. — Vocês estão presos por tráfico de drogas.

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