— Não Richel, ele não, é o meu melhor amigo, é o meu irmão. — Jason esbravejava, estava inconsolável.
Desde que Ryan não ficou ao lado dele no roubo, Jason não queria falar com ninguém além de mim, dizia que eu trazia paz a ele, e o bebê ajudava também.
— Não pode ser… — Ele se recusava a chorar, mas eu via seus olhos marejados.
— Talvez seja um engano Jason, talvez Ryan tenha um motivo maior pra não aceitar.
— Ele nunca me abandonou Richel, entende? Nunca me deixou na mão. — Seus olhos visivelmente vermelhos do choro reprimido encontraram os meus. — Já passamos por situações bem piores, mas Ryan nunca saiu do meu lado. — Sua voz era amargurada.
Eu não sabia mais o que dizer, era impossível consolá-lo.
Duas semanas se passaram e não tivemos mais notícias do Ryan, Jason jurou vingança, mesmo que ele fosse seu melhor amigo, afirmava que era o traidor, porque segundo ele, Ryan jamais o abandonaria. As coisas estavam calmas, calmas até demais, Chaz havia saído do coma, Melissa estava melhor do que nunca, era estranho como tudo estava dando certo. E sobre o roubo, Jason ficou tão incrédulo que o adiou para o mês seguinte, assim teríamos tempo de nos organizar, e eu ficaria mais longe ainda por conta da gravidez ter avançado.
Era manhã do dia vinte e quatro de dezembro, Olivia tinha deixado Alice comigo, disse que teria que resolver muitas coisas com Evan e ninguém melhor que a mãe para cuidar, não é?— O que você acha mamãe? — Sorri a escutando, não foi difícil ela me aceitar e me chamar de mãe, mas pra mim era como se fosse a primeira vez. Meu corpo se arrepiava, eu sentia como se tivessem borboletas no meu estômago.
— Aí é um ótimo lugar, meu amor. — Estávamos na sala, colocando mais decorações na enorme árvore de natal que o exagerado do Jason quis comprar. Ela já estava pronta, mas Alice quis tanto ajudar a arrumá-la que fiz questão de comprar mais alguns enfeites para que ela colocasse.
— Bom dia. — Jason descia as escadas, sua feição denunciava que ele ainda estava cansado.
— Papai Jason! — Alice correu em sua direção. Ela também o chamava de pai, na sua cabecinha funcionava assim, se estávamos casados e eu era mãe dela, ele era pai também, simples assim.
— Oi bonequinha. — Ele a pegou no colo. Alice era tão afetuosa com todos, tão carinhosa. Era fácil ganhar sua atenção e carinho. — Está animada tão cedo?
— Já passa das dez, Jason. — Me levantei do chão indo em sua direção e dando um beijo em sua bochecha. — Mel já levantou, está na cozinha, disse que vai fazer o seu café.
— Aquela mulher vai colocar fogo na cozinha, como você permitiu isso? — Colocou Alice em meu colo e foi correndo pra lá, me deixou ali, rindo.
Passamos o resto da manhã terminando de decorar a casa, estava completamente enfeitada, muito bonita por sinal. A árvore completa, com uma bela estrela no topo, meias em cima da lareira, um belo papai noel no jardim enfeitando o lugar.
A neve caía lá fora de forma calma, Alice brincava com Matt e Christian, fazia bolas de neve e atirava neles, dava cada gargalhada que meus olhos chegavam a encher de lágrimas. Quanto tempo eu perdi da minha bonequinha! Imagino como foi sua reação ao ver neve pela primeira vez, como foi brincar com ela. Aquilo me deixava triste, mas eu era grata, eu a tinha, minha filha estava comigo, e nada mais importava.
Já passava das nove da noite e o pessoal estava começando a chegar, sentia o cheiro delicioso dos últimos preparativos da ceia de natal do quarto, estava saindo do meu longo banho quando o senti.
Fui para o closet e escolhi um vestido vermelho, clássico, junto com saltos pretos; com certeza Jason iria surtar pelo tamanho dele; passei creme hidratante pelo meu corpo e acabei por perder mais tempo na minha barriga, sorrindo ao ver o volume que tinha ali, meu bebê, meu filho, um legítimo McKane Decker. Dois sobrenomes fortes.
Saí de meus devaneios quando escutei duas batidas na porta e logo em seguida Jason entrou por ela.
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Por Contrato
AksiyonVocê seria capaz de tudo por vingança? Eu sim! Fui contra meu próprio pai, fui contra meus amigos, fui contra mim mesma, pela minha filha. Ela era o único objetivo, o único motivo pelo qual eu lutava, ela, era minha força para concretizar a minha vi...