Capítulo 33 - Confidente

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Eu não sabia como reagir, na minha garganta se formou um nó, eu não esperava por aquilo, acho que ninguém esperava. Aquela pergunta saiu tão espontânea, parecia até simples de responder. Olivia me encarava abismada, eu podia sentir o olhar de Jason em mim, esperando alguma reação.

— Eu conversei com ela, mas não achei que seria tão direta... - Olivia sussurrou.

- Eu... Eu... - Era impossível dar uma resposta, fui pega desprevenida.

- É ou não é? Mamãe disse que era, que eu saí da sua barriga. - Pra ela parecia tão simples.

- E-Eu sou sim, também sou sua mamãe. - Vi seus olhinhos brilharem.

- E ele é meu papai também? - Alice apontou para o Jason que quase se engasgou. A menina era inteligente, sabia que Jason era meu marido, e se eu era mãe dela, consequentemente ele seria o pai. Mas ela não deu tempo de responder. - Que legal, eu tenho duas mamães e dois papais. - Alice sorria radiante.

Olivia Jones

- Olivia eu... - Richel ainda estava em choque com o ocorrido repentino.

- Nem eu estava preparada Richel. - Dei uma leve risada. - Vamos conversar? A sós. - Levei meu olhar a Jason, que já estava se aproximando.

- Brinca comigo? - Alice o chamou para brincar de boneca e ele me olhou com súplica.

- Se vira aí com a tua "filha". - Dei risada, me lembrando da recente pergunta da minha pequena.

Segurei Richel pela mão e a levei até o andar de cima, nos tranquei em meu quarto e me joguei na cama, bati a mão para que ela se deitasse ou até mesmo sentasse ao meu lado. Ela deu uma leve risada, eu estava parecendo uma adolescente louca por fofocas com a sua melhor amiga.

- Me desculpa o susto que ela deu com aquela pergunta, eu conversei com ela, mas nunca achei que ela entenderia tão rápido e nem que fosse agir dessa forma.

- O que você disse a ela? - Richel perguntou fitando o teto.

- Quando você trouxe o DNA, trouxe junto uma foto sua grávida e uma foto com a Alice recém nascida. Eu me sentei, mostrei a ela a foto e ela me perguntou quem era, eu disse que era ela bebezinha, então ela apontou você e disse que era a moça, minha amiga, e eu joguei na lata que era mãe dela.

- Mas minha mamãe é você. - Alice me olhava confusa, minha filha era inteligente mas ainda muito novinha para entender.

- Tá vendo a minha amiga com esse barrigão? - Ela assentiu. - Você estava na barriga dela, era você aí dentro.

- Eu mamãe? - Ela arregalou os olhos, me fez rir. - Então eu era bem pequenininha, né?

- Você era bem pequenininha quando estava na barriga dela.

- Mas... Porque ela não ficou comigo? Ela não me amava? - Vi seus olhinhos marejarem, Alice era muito sentimental, qualquer coisa ela chorava, fosse de felicidade ou tristeza.

- Claro que te amava meu amor, mas um homem mau roubou você dela e deu você pra mim. - Vi sua boquinha se formar em um perfeito O, era hilário como Alice mudava de humor repentinamente.

- Então... Você não é minha mãe? - E olha ela lá de novo, com bico e olhos marejados.

- É claro que sou sua mãe. - A peguei colocando em meu colo e acariciando seus cabelos. - Eu sou sua mamãe de coração. - Coloquei a mão no peito dela demonstrando. - A Richel é sua mamãe de sangue. - Peguei a foto mostrando ela ao lado da Richel ainda bebê.

- E ela entendeu assim, tendo duas mães, uma de sangue e a outra de coração, podendo amar as duas e receber amor das duas. - Respondi simples, olhando também para o teto.

- Ainda não sei como reagir, eu vim preparada pra uma rejeição ou pra uma confusão, mas não pra uma aceitação. Estranho né? - Richel virou seu rosto me encarando.

- Nossa filha é inteligente demais. - Seu sorriso foi imenso e contagiante, não pude deixar de sorrir. - Mas vamos aliviar a tensão, o que queria conversar?

- Aliviar realmente, eu não estou mais aguentando esconder isso de todos e eu preciso contar.

- Você está grávida? - Brinquei começando a rir em seguida.

- Estou. - Richel deu de ombros.

- Era brincadeira, fala aí o que você realmente... - Me calei, analisei a resposta e me sentei rapidamente na cama a encarando. - Você o que? - Falei um pouco mais alto que o normal. - Ah meu Deus, Richel!

- De quatro semanas. - Seu sorriso era leve, pude notar que apesar da alegria de estar grávida ela também estava preocupada.

- Meus parabéns, meu Deus. - Não pude me conter, tive que abraçá-la. - É do Jason? - A olhei por alguns segundos, já sabia do tal contrato, então, tive dúvidas.

- É sim... - Richel baixou o olhar. - Foi um erro Olivia, nosso casamento é uma mentira, ele é noivo da Melissa. Como vamos contar isso a ela? Sem contar que ele age diferente comigo a um tempo.

- Como diferente? - Me ajeitei na cama, totalmente interessada no assunto. A muito tempo não me sentia assim, uma completa adolescente, me sentindo bem, viva, e principalmente, com uma amiga.

- Ele é carinhoso, me deu flores no meu aniversário, foi ele que descobriu que a Alice era minha filha. Quando sofri aquele acidente, Madson disse que ele não saiu um minuto do meu lado, colocou a aliança de volta no meu dedo, cuidou de mim, se preocupou comigo. Agora com o sequestro, ele colocou essa cidade de ponta cabeça pra me achar, mesmo estando se recuperando do último atentado, quando ele me viu acordada ele correu e me beijou, e depois que soube do bebê, até nome já escolheu. - Richel olhava sua mão esquerda, mais especificamente pra aliança de casamento. - Éramos inimigos, disputavamos território, poder, dinheiro. Nossa relação era apenas um contrato, e agora as coisas estão saindo fora do meu controle.

- Você está apaixonada. - Sorri, ela me olhou incrédula.

- Não estou apaixonada Olivia, é apenas uma confusão.

- Continua falando isso até você se convencer, quem sabe dá certo. - Fui surpreendida por um travesseiro que ela jogou em mim. - Ei! - Dei risada, sendo acompanhada por ela.

Richel Decker

Olivia e eu seguimos conversando por um bom tempo, ela me confessou que seu casamento com Evan não estava indo bem, e que estava de olho em um dos seguranças, me mostrou pela janela do quarto quem era. Bonito, alto, loiro de olhos claros, todo tatuado. Me disse que ele sempre a olhou com outros olhos, carinhoso, gentil, sempre a ajudava em tudo, mas nunca fez nada, com medo do que Evan poderia fazer com ele e até mesmo com sua amada.

- Sempre pensei que Evan era o amor da minha vida, mas nos últimos tempos venho notando que ele era um lobo em pele de cordeiro. Acho que se eu não tivesse a Alice, nem aqui eu estaria mais. - Senti amargura em seu tom de voz. - Mas eu não aguento mais...

Ela não queria continuar aquele assunto, mesmo eu querendo ajudá-la, por sua sorte, fomos interrompidas pela risada gostosa da Alice vinda da sala. Saímos do quarto de fininho e descemos as escadas devagar.
Pegamos Jason e a menina brincando ainda no tapete, ele fazia cócegas nela e imitava uma voz de monstro, se denominava monstro da cosquinha e dizia que só soltaria ela se ela lhe desse vários beijos.
Meu coração se encheu de amores por causa daquela cena, senti uma sensação tão gostosa quando vi os dois daquele jeito.
Sentia um mix de sentimentos que nem mesmo eu podia explicar.

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