Três

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Nós duas travamos, olhamos uma para a outra com os olhos arregalados, o vizinho não poderia estar ali, poderia? É claro que sim. Me levanto do sofá no mesmo instante em que a campainha toca pela segunda vez.  

-Estamos ferradas. -olho em direção a porta sentindo o meu coração disparar.

-Não estamos. -voltou meu olhar para Natasha que puxou o ar entre os pulmões- Não sabemos se realmente é ele.

-Claro que é. Deixa de baboseira. -levo uma mão a minha nuca a coçando, preciso parar com esse habito.

-Tenho o plano. -ela sussurra se levantando do sofá- Vamos manter a calma e fingir que nada aconteceu.

-Como se ele fosse cair nessa. -novamente a campainha toca- Que merda. 

-Que insistente. -Natasha vai saindo do quarto na frente.

-Espera, espera, o que diremos se ele nos perguntar algo?

-Nada. Não somos obrigadas a dizer. -estamos ferradas e Natasha é completamente maluca. Vou andando atrás de si até chegarmos na porta de entrada, paro em frente a porta apenas encarando a maçaneta por alguns segundos. 

-Madison. -ouço um sussurrar e olho para Natasha.

-O que foi? 

-A porta.

-Não sei se consigo. -esfrego uma mão na outra tentando de alguma forma transferir o meu nervosismo para outro lugar que não fosse o meu coração.

-Consegue. Vai. -ela aponta para a porta com a cabeça.

-Certo. -dou um único passo em direção a porta e seguro na maçaneta, sinto minhas mãos suarem, olho para a garota ao meu lado que cruza os braços e apenas acena me incentivando a continuar. Sem pensar muito, giro a maçaneta e abro a porta.

Parado em frente a porta esta um homem alto, talvez tenha cerca de dois metros de altura, ele esta com um dos braços apoiados no batente da porta e sua cabeça debruçada sobre o mesmo. Subo o meu olhar para seus olhos e posso jurar que nesse instante eu não sinto mais o meu coração. Estes são os olhos mais intensos e profundos que eu vi em toda a minha vida, são verdes nos tons do mar caribenho. 

Não sei por quanto tempo permaneci o encarando, mas percebo o quanto quando sinto a presença de Natasha ao meu lado e sua voz um tanto quanto simpática, ela sabe mesmo como ser falsa.

-Oi. -olho para ela.

-Hey. -o homem endireitou o corpo ao se afastar do batente da porta, nossa, ele consegue ser ainda mais alto.

-Podemos ajudar em algo?

-Sim. Quem é a moradora? -ele olha para nos duas, e é nesse momento em que eu me sinto em um cinema mudo, vejo os lábios de ambos se moverem, mas não ouço som algum.

-Ela. -Natasha olha em minha direção e cutuca levemente o meu braço ao perceber que eu ainda estou estática olhando para o vizinho. 

-Desculpe. -balanço a cabeça recobrando minha consciência-  Como posso ajudar? 

-Posso ver o seu quarto? -ouvi isso mesmo?

-Como é? 

-O seu quarto. -disse sério.

-Não. -afirmo franzindo o cenho.

-Não sei qual a  sua intenção aqui senhor...? -disse Natasha o encarando.

-Bill. -respondeu desviando o olhar para ela.

-Pois bem, Bill, não irá entrar nesse apartamento. 

Apartamento 62Onde histórias criam vida. Descubra agora