Seis

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-Já se passaram das três. -disse Walsh olhando para o relógio de seu quarto.

-Preciso ir dormir. 

-Aula? -perguntou encostando sua cabeça no batente da janela.

-Sim. -formo um bico manhoso nos lábios.

-Certo, pensa no que eu te disse. 

-Discordo, mas irei pensar. -sorrio colocando os pés no chão- Olha, na próxima vez, de um soco no meio da cara do seu irmão por mim.

-Terei o prazer. -rio me afastando da garota.

Natasha e eu passamos alguns longos minutos conversando, soube o motivo da ultima briga e em como a Sra. Walsh escolheu estar ao lado do neto. Kevin é um verdadeiro babaca. Ando em passos lentos até a porta de ferro, dou uma ultima olhada para a garota que acena e pula para dentro de seu quarto, sigo em frente subindo os degraus da escada com preguiça, quando vão arrumar o elevador desse prédio? Dou um pequeno pulo ao chegar no ultimo degrau do meu andar e me assusto com uma sombra grande parada em frente a janela do hall que ficava entre as portas de ambos os apartamentos. 

Bill esta encostado na janela de frente para a escada com os braços cruzados, ele usa um óculos redondo que estranhamente cai como uma luva em seu rosto, aquele homem assustadoramente atraente que conheci a dois dias conseguiu ficar ainda mais bonito. 

-Cristo. -levo uma mão ao peito me assustando- O que faz aqui?

-Nada. -responde em um tom calmo mas sério.

-Nada? -coloco as mãos nos bolsos no roupão- Sabe o quanto isso é esquisito, não é? Ficar ai parado, na frente do meu apartamento.

-Não estou em frente ao seu apartamento. 

-Esta.

-Estou em frente ao meu. -ele aponta para a porta de seu apartamento que estranhamente esta aberta. Okay, ele esta certo.

-Tudo bem. -vou andando até a porta do meu apartamento.

-Devo me preocupar? -ouço sua pergunta e me viro o olhando.

-Desculpe, o que disse?

-Devo me preocupar?

-Com o que?

-Minha vizinha tem me espionado quase todas as noites. -aperto os dedos na maçaneta da porta, droga, ele realmente me via.

-Não. -o que? Estou praticamente afirmando para ele que o espionei todos esses dias- Se esta esperando um pedido de desculpas, então, me desculpe. -sim, acho que é isso que ele estava esperando. 

Bill não me responde de volta, pelo contrário, ele descruza os braços e caminha em minha direção, parando a pouco centímetros como na primeira vez que nos vimos. Parece que todas as vezes eu esqueço do quão alto ele é. 

Dou alguns passos para trás até encostar na parede, tentando de alguma forma manter uma certa distancia dele, o homem tem algo que me faz querer recuar e ao mesmo tempo me jogar nele a cada vez que se aproxima desse jeito. Ele apoia um braço na parede ao lado da minha cabeça e se curva ficando quase na altura dos meus olhos, posso sentir sua respiração tocar minha pele, posso sentir o seu cheiro. Puxo o ar tentando respirar e ao mesmo tempo sentir o seu perfume, que é muito gostoso, uma mistura de amadeirado com algo refrescante, é como chuva.

-Vou deixar passar.  -sussurra se afastando. 

Não sei se a minha alma ou minha mente continuam presente, de alguma forma o meu corpo ainda se mantem em pé mesmo que eu quase não sinta minhas pernas, a maneira com o meu coração acelerou me deixou sem ar, com dor no peito, isso não é normal. Sinto meus dedos escorregarem pela a maçaneta da porta e só percebo que ainda estou parada, sem dizer uma palavra, quando escuto o barulho da janela se abrir e o vento bater em meu rosto. Bill abriu a vidraçaria do hall e agora se debruça nas grades do parapeito.

Apartamento 62Onde histórias criam vida. Descubra agora