Quinze

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Sentada na mesa observo o casal a minha frente procurando algo que justifique as traições do outro, mas não existe, não quando ele a olha como a única mulher existente no mundo, a um céu existente em seus olhares, um que possui suas próprias estrelas, mas tem algo que me incomoda, o seu sorriso. O Bill não é um homem de muitos sorrisos, mas todos que vi são abertos mostrando todos os seus dentes, mas com ela, não, eles são fechados sem mostrar seus dentes. 

Apoio o queixo em minha mão desviando o olhar para eles dois, Alex esta contando alguma piada que não entendo mas a minha irmã parece se divertir com ela, rio baixo apenas para entrar na onda dos outros na mesa. Natasha foi a embora a poucos minutos, me deixando com os quatro, de vela, e não poderia ser mais desconfortável. Pego o hashi brincando com este em meu prato tentando me distrair com meus próprios pensamentos, não havia reparado no desenho dos pratos até então, são lindos, deve ter sido um trabalho difícil, será que é feito a mão? Isso é porcelana? Rio soprado, no que estou pensando. Largo o hasi e ergo meu olhar encontrando com os de Bill que me encara, o que se passa em sua cabeça? Desço o olhar notando os dedos de Melissa se entrelaçarem com os dedos de Bill, que discretamente solta sua mão, porque? Franzo o cenho sem entender.

-Madison? -ouço uma voz ao fundo me chamar, olho em direção a minha irmã.

-Sim? 

-Qual o nome daquele seu cachorrinho de pelúcia? -que pelúcia, o meu Fred? Porque ela esta falando de Fred?

-O Fred? -a questiono.

-Esse mesmo. Ela não o largava de jeito nenhum, saia o puxando pelo o braço por toda a casa, era muito fofo de ver mas a minha mãe ficava revoltada, porque todo o pelo do cachorro grudava no tecido de Fred e minha mãe tinha que lavar toda semana. -todos riram baixo- Até que um dia a Maddie fez um escândalo para minha mãe não lavar ele de forma alguma, chorou, se jogou no chão, gritou, até que minha mãe cedeu. Resultado, quando ela acordou o Fred já estava na secadora.

-Ela me enganou. -resmungo.

-Porque não queria lavar o Fred? -pergunta Alex.

-Fred era um cachorrinho lindo e todo pretinho, minha mãe o lavava tanto que foi desbotando, e eu achava que ele estava doente, por isso não quis que ela continuasse o lavando. 

-Doente? Que fofo. -olho para Melissa- Você tinha toda razão, eu a apoio. Também cuidava das minhas pelúcias com muito cuidado porque achava que elas também sentiam dor. Chorava sempre que tia Deise os colocava dentro da maquina e eu os via ali rodando e rodando, era muito triste, para mim a lavagem os machucava.

-Não é mesmo? Parecia muito cruel coloca-los ali dentro com agua e sabão e os deixarem rodando. -explico a olhando com os olhos um pouco arregalados.

-Como sentiriam dor se eram feitos de espuma? -Alex nos questiona.

-O Sebastian não era feito de espuma. -Melissa olha para o cunhado.

-Que Sebastian? Fala daquela raposa vesga? -ri alto se ajeitando na cadeira- Preciso contar essa história. 

-Não, Alex. -Bill se manifesta, o olho de relance, ele esta bebendo uma garrafa de cerveja.

-O que foi? Esta com vergonha irmãozinho? 

-Não, é só uma história tola. 

-Deixo-o contar, amor. -Melissa se endireita na cadeira apoiando um dos braços na mesa- Continue Alex, adoro sua versão da história. -Bill revira os olhos bebendo um pouco mais da cerveja.

-A história é muito longa, e envolve esses dois aqui -aponta para o casal-  A tia da Mel, Deise, é uma das melhores amigas da minha mãe, ela é uma pessoa maravilhosa e muito engraçada, preciso lhe apresentar.

Apartamento 62Onde histórias criam vida. Descubra agora