Capítulo 18

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S/n Grimes

Voltei para casa e encontrei Carl em um dos quartos. O garoto estava deitado na cama olhando para as paredes sem graça. Estava tão distraído que nem me viu entrar.

— Então, esse será o seu quarto? - pergunto, olhando em volta.

— Estamos dormindo todos na sala, então... - ele deu de ombros.

— Por enquanto. - eu disse séria, sentando na beira da cama. — Vai mais pra lá. Quero deitar também.

Carl revirou os olhos e chegou um pouco mais para o lado, deixando espaço suficiente para que eu me deitasse ali também.

— No que tanto está pensado? - eu perguntei.

— Esse lugar... - ele murmurou, ainda olhando para as paredes. — O que acha daqui?

— Parece ser seguro, as pessoas são gentis. Nós temos água, energia, comida... - respondo.

— Eu gostei daqui. - confessou. — Gostei das pessoas também. Mas elas são fracas. - olhei para o meu irmão, enquanto o mesmo continuava com o olhar longe. — E eu não quero que a gente fique fraco.

— Não vamos. - digo com total certeza, abraçando o menino.

Quando anoiteceu, todos arrumamos nossas camas improvisadas na sala novamente. Papai levantou de novo no meio da noite e saiu de casa, enquanto eu lutava para tentar dormir.

Virei para um lado, virei para o outro, mas nada. Eu fechava os olhos e ficava em pânico. Pensei em pegar o meu MP3 e ouvir alguma coisa de novo, só assim para eu me acalmar, mas eu não o encontrava em lugar nenhum.

Estava escuro, todos dormiam e eu não queria fazer barulho para não acordá-los. Subi as escadas, olhei no quarto onde eu e Carl estávamos e não encontrei nada. Quase revirei aquela casa, mas não consegui encontrar a porcaria daquele MP3.

— Procurando isso? - uma voz rouca ecoou atrás de mim, fazendo meu coração bater mais forte por causa do susto.

Eu estava na cozinha, virada para o balcão com um copo d'água em cima do mesmo. Quando olhei para trás, vi Daryl segurando meu aparelho de som com os fones ainda conectados a ele. Respirei aliviada e fui correndo até ele para pegar o que era meu.

— Opa! - o caçador riu fraco, levantando um pouco mais a mão, impedindo que eu conseguisse pegar meu MP3.

— Daryl, por favor... - implorei.

— Vem! Tente pegar. - ele me desafiou, balançando o aparelho.

— Sabe que eu não vou conseguir, então me dê logo essa porcaria. - começo a ficar impaciente.

— Porcaria? - franziu o cenho. — Achei que gostasse dessa porcaria.

— Eu gosto. - digo séria. — Eu sempre fui boa em gostar exatamente daquilo que não serve pra mim.

— Talvez devesse procurar algo melhor. - ele disse, agora, com a voz mais calma e baixa, o que a deixava ainda mais rouca.

— E se eu não quiser outra coisa? - o questiono, olhando no fundo dos seus olhos azuis. — E se eu quiser essa porcaria mesmo sabendo que ela não serve pra mim?

— Você merece mais. - ele falou, descendo seus olhos para os meus lábios. — Não merece essas porcarias.

— Ainda estamos falando do MP3? - pergunto com um sorriso fraco.

— Claro. - ele assentiu, finalmente me entregando o aparelho. — Eu já vou dormir. - disse um pouco nervoso. — Deveria fazer o mesmo.

Eu apenas forcei outro sorriso e esperei ele voltar para a sala. Deitei no meu canto assim que ouvi a porta ser aberta outra vez, vendo meu pai entrar.

Love in chaos II - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora