Capítulo 21

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S/n Grimes

Ninguém tinha voltado da festa ainda, apenas eu e Daryl estávamos em casa. O homem estava terminando de se vestir, enquanto eu continuava deitada com a respiração ofegante.

Daryl estava estranho. Essa noite não foi como as outras, e não apenas por causa do sexo intenso. Nós não conversamos. A gente sempre conversava depois de uma noite juntos. Ele deitava ao meu lado e eu falava um monte de idiotices, ele ria e me chamava de maluca. Mas dessa vez isso não aconteceu.

Confesso que estou começando a me cansar desses joguinhos. Ele transa comigo e depois finge que nada aconteceu. Ele finge que não tem nada rolando entre nós, e talvez não tenha mesmo.

Talvez eu esteja apenas me iludindo. Talvez eu só esteja insistindo em algo que nunca existiu.

Mas só tem um jeito de saber se algo está ou não rolando aqui, e esse jeito é contando a verdade.

— Daryl, eu preciso muito falar com você. - iniciei a conversa, me cobrindo com o lençol fino da cama.

— Diga. - ele disse seco, sem olhar diretamente para mim.

— Olha, eu... eu venho tentando te falar há algum tempo, mas... mas eu simplesmente não consigo. Eu só... nunca tenho coragem de dizer. - eu estava confusa, me atrapalhava nas minhas próprias palavras.

— Diga agora. Eu estou te ouvindo. - o caçador finalmente me olhou, agora, um pouco impaciente.

— Tá, eu... eu estou gostando de você, Daryl! - digo de uma só vez. — E quando eu digo isso, quero dizer eu estou apaixonada por você. Isso é bem louco e talvez idiota. - eu ri sem graça, nervosa e muito envergonhada. — Achei que você deveria saber disso.

— Ér... - ele evitava olhar para mim, vestindo sua roupa mais rápido. — Eu preciso ir antes que seu pai chegue!

Então ele foi embora e me deixou ali, sozinha e completamente destruída.

A única coisa que eu queria fazer agora era chorar. Não por ter sido rejeitada, e sim por ter sido usada.

É assim que eu me sinto, usada.

Esse tempo todo, a única coisa que o Daryl queria comigo era se divertir. Eu que fui uma tonta e fiquei presa em uma realidade que nunca existiu.

Mas não adianta chorar agora. Não mais.

Eu tomei um banho, voltei para o meu quarto e me joguei na cama. O colchão ainda estava quente, os lençóis bagunçados e seu cheiro impregnado nos travesseiros. Tudo me fazia lembrar dele.

Tirei aqueles lençóis e arrumei toda a cama de novo, me jogando nela outra vez. Eu virei de um lado para o outro, mas não consegui dormir.

Aquela sensação, o aperto em meu peito, não me deixava dormir. Eu não parava de pensar no quanto tinha sido idiota, na vergonha que eu tinha acabado de passar.

Sentei na cama e envolvi meus joelhos com as mãos, olhando para um canto qualquer. A porta foi aberta de repente, chamando minha atenção. Olhei para o lado e vi meu irmão parado me encarando.

Ele sabia o que estava rolando, sabia que eu não estava bem. Então ele veio até mim e sentou ao meu lado, me puxando para um abraço apertado.

Deitei minha cabeça em seu peito e deixei algumas lágrimas caírem, enquanto o garoto acariciava o meu cabelo e deixava um beijo no topo da minha cabeça.

Carl passou a noite inteira ali comigo sem dizer nada, nem precisou. Ele apenas ficou ali me fazendo companhia.

No meio da noite, fingi dormir para que meu irmão pudesse ir. Eu vi o dia amanhecer, vi a claridade invadir o meu quarto e ouvi o som dos pássaros. Em um outro momento aquilo seria bonito de se ver e ouvir, mas agora parecia triste.

Love in chaos II - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora