Capítulo 31

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S/n Grimes

— Você fica bem usando a minha camisa. - Daryl falou, me encarando dos pés a cabeça.

— É, eu sei. - digo convencida.

Estava quase amanhecendo, nós dois passamos a madrugada inteira acordados. Daryl estava deitado na minha cama apenas de cueca, enquanto eu abotoava sua camisa larga em meu corpo com as mangas cortadas.

— Não precisa fechar todos os botões. - ele disse, com os olhos fixos na pequena abertura em meus seios. — Vem cá! - bateu duas vezes no espaço livre ao seu lado.

Fui engatinhando até ele com um sorriso malicioso, caindo sentada na cama ao meu assustar com o som de passos pelo corredor. Não tinha como ser o meu pai ou qualquer outra pessoa, não naquela hora.

Eu conheço os passos de todos nessa casa. Depois de tanto tempo dormindo escondido com o Daryl, eu meio que passei a conseguir diferenciar os passos de cada um.

— Fique atrás de mim. - o caçador disse sério, vestindo sua calça rapidamente.

Com o peito nu e com o meu corpo coberto apenas pela sua camisa larga, mas não muito comprida, nós dois saímos do quarto lentamente com nossas armas em punho.

Saímos do quarto e encontramos aquele homem estranho que meu pai e o Daryl trouxeram e prenderam mais cedo sentado nos degraus da escada. Ele admirava um quadro aleatório, enquanto Carl apontava uma arma para sua cabeça.

Não demorou muito para Glenn e Abraham também aparecerem. Logo em seguida, Michonne e meu pai também saíram do quarto.

Do mesmo quarto.

Os dois estavam ofegantes, suados. Meu pai terminava de fechar o zíper da sua calça, com o peito descoberto e o cabelo um pouco úmido pelo suor. A blusa de Michonne estava pelo avesso e a faixa que vive em sua cabeça estava bem mal colocada.

Eu e Carl ficamos encarando os dois com surpresa e confusão. Pensei em dizer algo, perguntar algo, mas meu pai foi mais rápido.

— Por que a minha filha tá usando a sua camisa? - papai olhou para a camisa que eu vestia, olhando para Daryl e o seu peito nu.

— Pai, não é o que você está pensando. - foi a primeira coisa que consegui dizer. — Quer dizer... É o que você está pensando, mas não do jeito que você está pensando. Digo... não é exatamente o que você está pensando... A gente só... meio que... fez aquilo que você está pensando.

— Disse que queria conversar. - ele me ignorou, olhando para o homem sentado no chão. — Vamos conversar.

Meu corpo estava gelado e os meus ombros tensos. Qualquer um podia ver como meu pai estava atormentado, mas ele apenas nos ignorou.

Olhei para Daryl e o vi com o mesmo olhar que o meu, um olhar preocupado e assustado. Também olhei para Glenn, que tentava me passar confiança por meio dos seus olhos puxados.

— Vista alguma coisa descente e desça. - papai voltou a olhar para mim, falando com a voz rude e autoritária.

Eu apenas abaixei a cabeça e voltei para o meu quarto, vestindo apenas a calça que estava jogada no chão. Desci as escadas com hesitação e encontrei todos sentados em volta da mesa, incluindo Daryl.

O caçador estava com a cabeça baixa, a levantando apenas para olhar em meus olhos. Papai fuzilava nós dois com aquele olhar intimidador e furioso, me deixando ainda mais nervosa.

— Como conseguiu sair? - papai perguntava, olhando diretamente para o estranho que dizia se chamar Jesus.

— Um guarda não cobre duas saídas. - ele respondeu. — Nem janelas no terceiro andar. Nós se desfazem e trancas são abertas. A entropia vem na ordem, certo?

Love in chaos II - Daryl DixonOnde histórias criam vida. Descubra agora