Capítulo 07 - Reforço

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Camila Cabello  |  Point of View






Estava com Tatum e DJ escrevendo o relatório sobre a invasão, sempre nos juntamos para escrever, pois se um
esquece algum detalhe o outro complementa.

— Cabello... – Olivia entrou na sala. — O chefe espera você.

— Obrigada. – Sorrindo ela deixou nossa sala. — O que será que houve?

— Espero que ele nos elogie pela missão, pois ela não vai sair da minha cabeça nunca mais. – Tatum falou e eu assenti.

— Se foi torturante para nós, imagine para elas.

— Nem me fala. – Dinah exclamou. — Eu sonhei com aquele cheiro. Na verdade, acho que estou fedendo aquele lugar ainda.

Eles seguiram o diálogo e eu caminhei até a sala de Michael Fassbender, mais conhecido como chefe. Bati na porta e entrei.

— Com licença, Chefe.

— Bom dia, Cabello. Parabéns pela missão e não imagina quantos elogios eu recebi por vocês terem ajudado mesmo depois de terem feito a parte de vocês. Mas... Você não vai aceitar a proposta deles, vai?

— Claro que não, Chefe. Eu amo a nossa corporação, nunca a deixaria. Só quando me aposentar.

— Perfeito, Cabello, mas... Eles realmente estão empenhados em você.

— Eu não vou sair daqui. Fique tranquilo.

— Bom... Eles conseguiram uma autorização com o secretário, querem você e mais um ou dois agentes de sua preferência para dar um reforço no galpão das mulas. Fica em Tampa... Quatro horas de viagem. Podem ir com nossa van e armamento pesado.

— Mas nós...

— Ordens, Cabello. Precisam de escolta lá, pois a vigilância lá deve estar pesada agora. E eles acham que você está bem inteirada ao caso e será de grande valia.

— Tudo bem, estamos terminando o seu relatório, partimos a noite.

— Ótimo. Se cuidem e me mantenham informados. – Assenti e sai lá, falando com DJ e Tatum sobre nossa viagem.

×××

No final da tarde, resolvi passar no hospital e ver como as meninas estavam. A maioria foi liberada para seus países e darão o testemunho por vídeo. A menina que quebrou a pélvis estava se recuperando bem, conseguiram encontrar a família dela.

Cheguei ao quarto de Lauren e quando abri a porta, ela pulou, sentando na cama e arregalando os olhos.

— Me desculpe. Eu tento ser cuidadosa.

— Você não tem culpa. – Ela se recostou.

— Como se sente?

— Estranha, mas acho mágico ter água limpa disponível sempre que tenho sede. – Falou assim que ergueu o copo que estava ao lado de sua cama.

— Recebe alta quando?

— Minha avaliação com a psicóloga é amanhã. E as outras meninas?

— A maioria está nas casas com os pais. Vão dar depoimentos por vídeo. – Ela assentiu. — Eu sou da SWAT, como você já sabe, mas me convidaram para ir hoje ao galpão que ficam as mulas. As crianças que saiam de lá eram levadas para tampa.

— Meu filho está lá?

— Eu não sei, mas é possível. Você pode me falar como ele é? – Ela mordeu o lábio e parecia pensar.

— Parecido comigo, tem uma cicatriz com um D atrás da orelha.

— Como?

— Duhamel marcou o primogênito dele.

— A podridão desse cara ultrapassa qualquer lógica.

— Você não faz ideia. – Ela começou a chorar e eu tirei um lenço do bolso para entregar a ela, mas quando estendi minha mão, ela se afastou e gritou, uma enfermeira correu para o quarto.

— Desculpe, é só um lenço... Não vou machucar você. – Falei e deixei o lenço perto dela.

— Está tudo bem aqui? – A enfermeira perguntou a Lauren e ela assentiu.

— Foi involuntário.

— Tudo bem, eu entendo. – Fiquei perto da porta e a enfermeira saiu. — Você vai ficar bem. – Falei solidária e ela me encarou por um tempo.

— Acho que nunca vou ficar bem, mas se meu filho voltar para meu colo, talvez eu melhore um pouco.

— Vou achar ele para você.

— Você não pode achá-lo... Meu pai disse que você só resgata pessoas e mata bandidos. Não investiga.

— Mas esse caso é meu. Me chamaram para ajudar e eu disse que ia te ajudar. Eu vou.

— Você tem filhos?

— Tenho. O Adônis, ele tem dez anos e está viajando com a turma para o Egito. Eles foram fazer um trabalho.

— Adônis? – Assenti. — Você que escolheu?

— Sim. Foi uma briga convencer minha ex-esposa, mas eu fui bem insistente.

— Eu gostava de Mitologia. – Ela ficou pensativa. — Me deixe sozinha, preciso descansar.

— Claro. Me desculpe.

Sai dali fechando a porta e corri para a casa de Tatum, pois estava atrasada.

×××

Chegamos ao hotel que nos foi designado e ficamos aguardando orientações do FBI.

— Foi ver a tal Lauren?

— Sim. Avisei que acharam para onde os meninos eram levados.

— Vão nos deixar acompanhar os testemunhos delas?

— Acho que sim. Somos parte do caso.

— Não sei se tenho estômago. – Tatum falou e eu assenti.

— Fiquei menos de uma hora no mesmo ambiente com Lauren, em vezes espaçadas e com pouquíssimos diálogos, fiquei embrulhada.

— Se apegou na Lauren, Cabello? – Tatum perguntou e eu o encarei.

— Não. Só a acho uma mulher muito forte, desde os quatorze anos por lá, sendo torturada desde tão jovem e ela está lúcida... Tem uma visão clara. Já a moça quebrada teve um retardo, age como uma criança ainda. São traumas permanentes. Eu li na ficha dela... Trauma permanente.

— Eu me mataria no segundo dia. – Tatum disse. — Me matariam, eu não conseguira ficar como aquele tal de Vincent. Olhando, ajudando, não concordando e sendo neutro. Eu mataria os clientes a socos.

— Aquele sorriso cínico do Duhamel ele é tão confiante como se a prisão fosse nada.

— Bom, Camila... Você fez a prisão ser um nada para ele, pois agora ele está em uma cela com o Vincent, assistindo TV e comendo da mesma comida que os policiais, – Fiquei encarando DJ.

— Olha pra frente, Camila! Quer nos matar! – Ele disse puxando o volante e me fazendo olhar para a estrada.

— Eu não tinha pensado nisso. – Apertei o volante. — Agora eu lembrei porque só faço o trabalho braçal... Estou me sentindo culpada por ter ajudado ele.

O silêncio se instaurou no carro e durou o resto da viagem.

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