Capítulo 25 - Primeiro

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Camila Cabello  |  Point of View






Minha cabeça deveria estar soltando fumaça no momento, estou tão reflexiva com aquela maldita carta. Pode ser um trote, mas é tão assustador.

Se for alguém mesmo do meu convívio? Céus! Um agente ou meus amigos? Não pira... Calma...

— Camila? – Olhei para o Chan. — Pare de pensar na Lauren, vai tomar um tiro novamente se não se concentrar.

— Não é nisso que estou pensando.

— É o que?

— Recebi... – E se for ele? Não! Ele não faria isso. — Só estou pensando em uma missão aí.

— A do ônibus, não? Vai ser complicada mesmo.

— Vai sim. – Alcancei meu copo para DJ e ela encheu com café.

— O FBI vai ajudar? – Dane? Ele tem um ar meio debochado, mas até então achei que fosse normal... Aqueles metidos são assim. Como se o FBI fosse o centro das organizações. Ah eu vou surtar.

— E como estão as coisas com Lauren?

— Ela está melhor, ela já consegue me tocar aos poucos e saímos sozinhas quando ela voltou do spa.

— Nossa... Que evolução. – DJ falou e eu sorri pra ela.

— Sim.

— E o menino? O Doninho não tem ciúmes mesmo?

— Não. Ele nem tem motivos para ter ciúmes, eu faço tudo junto com ele, agora que a Nic voltou a dar aulas, ele tem ficado bastante na minha casa, as vezes ele até pede para chamar o Pat, ele já se acostumou com a presença dele.

— Acha mesmo que vai dar certo? – Chan perguntou e eu fiquei o encarando.

— Já está tudo certo para mim. Não preciso de mais nada.

Um silêncio se acomodou ali e logo fomos chamados para a sala de treinamento... Mais novatos.

×××

Estava jogando basquete com os meninos e Lauren nos observava, mas pouco, a atenção dela era na tela do laptop. Ela já começou a escrever o livro e sou a principal incentivadora disso, dei o laptop, pedi para um escritor que eu resgatei uma vez para conversar com ela e a orientar.

— Papa! Presta a atenção. – Pat disse irritado e eu o peguei colocando no meu ombro e arrancando uma gargalhada
dele.

— Você é muito nervosinho. Estou admirando sua mama, olha como ela é linda.

— Eu sei, mas nós vemos ela o tempo todo. – Ela abraçou meu pescoço. — Você não enjoa? – Eu gargalhei e o deixei no chão.

— Você anda muito argumentador, mocinho.

Meu bip começou a apitar e eu corri até minha mochila. Era uma missão e eu coloquei meu moletom, beijei os meninos e disse para Doninho ligar para mãe dele busca-lo, mas provavelmente o Mike vai levar ele para casa.

— Estou indo, Lo.

— Se cuida, viu? Não faça loucuras.

— Tudo bem.

— Que horas vai voltar?

— Não sei... – Olhei no relógio. — Não tem um tempo certo, mas acho que antes do almoço estarei na minha casa, pois parece bem simples. Ela ficou na minha frente e tentou me abraçar... Eu acho que foi isso, ela se inclinou duas vezes, mas não me tocou.

— Me liga assim que completar essa missão. Se cuida.

Ela tocou meu rosto e eu sorri para ela.


×××


O plano era invadir um ônibus cheio de presidiários e não morrer. Eles estavam sendo transferidos e um deles tinha um contato muito forte aqui fora, acabou sequestrando o ônibus, eles estão rodando há dias, mas o FBI achou que resolveria sem nossa ajuda, mas é muito arriscado para eles.

— O FBI só fez merda, deu tempo para esses babacas pensarem e conseguirem armamento.

— Depois nós que somos os brutos sem cérebro.

— Somos, mas sem nós essa cidade estaria um caos. – O ônibus estacionou em um posto e a van acelerou. Era bem no interior da cidade, nunca tinha vindo para essas bandas.

Invadimos o ônibus, cinco conseguiram entrar e o motorista arrancou, impossibilitando os outro de subir. Foi tudo muito rápido, mas vi de relance a van nos seguindo.

— Time SWAT, mãos aos céus e clamem por piedade. – Chan disse e um sacou a arma, mas eu atirei bem na testa dele.

— Quem mais vai tentar?

— Cabello... – DJ me cutucou e olhei para ela. Ela apontou para frente e só vi o ônibus invadir o precipício, e me segurei nos ferros, o impacto com o chão fez os vidros estourarem e segurei Dinah contra meu corpo quando ela foi lançada para frente.

Os presos começaram a sair do ônibus e correr no matagal. Saímos do ônibus e começamos a persegui-los, logo o resto da equipe estava descendo o despenhadeiro, mas a visão deles era melhor que a nossa, pois eles estavam correndo para lados específicos.


×××


Perto da meia noite voltamos ao prédio, havíamos deixado os presidiários nos verdadeiros destinos. Foi um perrengue
encontrar todos, quando juntamos quinze, quase desistimos do outro, eu estava muito cansada e ninguém o achava. Aí fizemos uma troca, aliviaríamos a de quem contasse onde o outro estava e finalmente conseguimos voltar para casa.

Sentei na frente no meu armário e tirei minhas botas, meu colete e meu capacete. Cruzei os braços e fechei os olhos.

— Obrigada, Mila. – Dinah beijou meu rosto e eu fiz positivo para ela, estava cansada até de falar.

— Camila? – Abri meus olhos quando escutei a voz de Mike.

— Mike! O que houve? Aconteceu alguma coisa?

— Preciso que você venha para a minha casa.

— Lauren? Aconteceu alguma coisa?

— Não. Eu só preciso de você lá. Estou desde as três horas da tarde te esperando aqui.

— Mas o que houve, Mike? Não me deixa preocupada.

— Você demorou muito, Lauren precisa ver você.

— Mas ela está bem?

— Vamos logo, Camila.

— Mas eu estou um lixo, preciso de um banho e eu nem sei se consigo caminhar. – Mike me pegou e colocou sobre seu ombro. — Obrigado.

Ele não estava muito feliz, não sei bem o porquê disso, mas não falou comigo até chegarmos na casa dele. Entramos e eu estava mancando, minha perna doía de caminhar naquele terreno cheio de buracos e leiveiros. Cheguei perto da mansão e Lauren esperava sentada na escada da varanda.

— Lo? – Ela ergueu o rosto e me encarou. Ela parecia estar chorando e correu na minha direção. Ela chocou o corpo contra o meu... AI CARALHO ELA ME ABRAÇOU!

— Você disse que voltaria de manhã.

— Eu disse que não tem um tempo certo pra isso.

— Que susto, Camz. Você não pode fazer essas coisas.

— Confesso que esperei muito que você me abraçasse, mas tinha que ser justo quando eu estou com uma inhaca dessas?

— Fiquei tão preocupada com você!

— Eu não podia ter te dado um horário. Eu não tenho horário, Lo. – Ela se afastou. — Meu cheiro normal não é esse, okay? – Ela sorriu.

— Você está com um cheiro ótimo... Cheiro de quem voltou e eu não vou achar ele ruim.

Ela estendeu a mão para mim e me levou para comer alguma coisa.

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