REM

Capítulo 18 - Natural

Camila Cabello | Point of View

Acordei com um pulo e olhei para os lados do quarto escuro. Apenas a luz do celular piscava e o barulho dele vibrando sobre a mesa de cabeceira. O nome Lauren piscava e minha cabeça doía por conta da luminosidade de tela nos meus olhos.

- Oi, Lauren. Algum problema? Você está bem?

- Estou. - Ela ficou em silêncio por um tempo. - Porque me chamou de Lo?

- Como?

- Na nossa conversa, você disse Lo. Me chamou assim porque? - Me arrumei, escorando minha costas da guarda da cama, escorei minha cabeça ali. - Está ai?

- Sim. Só estava me arrumando aqui. - Ela respirava pesado. - Você está bem mesmo?

- Não. Eu tive um pesadelo... Eu os tenho todas as noite, mas eu fiquei pensando nisso.

- Bom... Lo é um apelido legal, não é? Eu não sei mesmo porque te chamei assim, foi natural.

- Mark era meu namorado. Foi ele quem tirou minha virgindade e eu não lembrei dele.

- O cara do parque?

- Sim. - Ela ficou mais tempo em silêncio. - É como se a vida antes daquela noite não existisse mais.

- Nada do que você viveu até hoje precisa existir, Lauren. Você pode sim viajar, estudar ou trabalhar. Pensa assim, lógico que existem pessoas muito ruins, mas você não pode viver com medo.

- Não é uma escolha, Camila. Acha que eu quero gritar em parques, bater em você ou me assustar do meu pai.

- Eu sei que você não escolhe, mas se ficarmos falando isso sempre pra você, quem sabe sua mente se habitue com a ideia... Ou me acerte um soco no rosto de novo. - Ela soltou uma risadinha.

- Me desculpe por aquilo. Você tocou meu ombro quando falou e eu estava sem casaco.

- Não precisa se desculpa. Falar tocando nas pessoas é um péssimo hábito mesmo. - Ela suspirou e ficamos em silêncio novamente. - Já assistiu Glee?

- O que?

- Uma série musical. Eu adoro ela.

- Não... Eu sei o que é, mas uma agente SWAT com um filho adolescente e que leva tiros o tempo todo assiste Glee?

- Opa... Agora eu não sei se assisto mais. - Ela soltou outra risada e eu acabei sorrindo por fazer ela sorrir.

- Você é uma falsa durona, Camila.

- Não acha muita doideira se nas minhas folgas eu visse filmes policiais?

- Eu achei que fosse, pois Pat só fala desses filmes horríveis que vocês assistem.

- É que eu falo um pouco do meu trabalho para os dois e eles enlouquecem, preciso acalma-los.

- Você está levando meu filho para o mal caminho, Camila.

- Vai ser o meu substituto. - Novamente o silêncio se instaurou. - Adônis fala em SWAT só pra me agradar, ele gosta mesmo é de basquete, mas o meu garotão é um agente já.

- Ele não pode ser seu substituto, ele não é seu filho.

- Ele me chama de papa, querida. Ele é bem meu filho, na verdade.

- Você gosta muito dele, não é?

- Eu amo aquele moleque, Lauren. Eu resgatei muitas pessoas, mas esse menino... Não tem como não se apaixonar.