Capítulo 36 - Atitudes

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Camila Cabello  |  Point of View






Entrei na mansão Jauregui e Mike assistia ao jogo. Sentei ao lado dele e peguei a pipoca que estava sobre a mesa de centro. Não havia mais abraços e cumprimentos, pois eu já era quase um móvel daquela casa, de tanto tempo que passava ali.

— E esse papel? – Entreguei a ele. — Processo de mudança de nome? Já?

— Sim. Eu usei meu cargo para conversar com o juiz e explicar toda a situação. Eu sei que é errado, mas eu tenho pressa para isso. – Ele me encarou por um bom tempo. — Desculpe, mas já estou em um rolo com sua filha. – Falei brincando e ele sorriu.

— Ao contrário do que você pensa, nem todos tem atração por você. – Levei a mão ao peito.

— Credo! Estou chocada. – Ele bateu no meu braço, apenas um empurrão de leve.

— Isso aqui – Ele ergueu o papel.

— É um papel. – Ele revirou os olhos, já perdendo a paciência comigo.

— Não. É bem mais que isso. – Ele colocou o papel sobre a mesa de centro. — É a prova do quanto você é nobre.

— Pare, Mike. Eu quero isso, vocês falam como se fosse o maior sacrifício do mundo, mas olha aquele moleque... Vai ser uma honra que ele tenha meu nome.

— Eu sou bem velho e nunca cheguei nem perto de uma pessoa como você.

— Com ego inflado?

— Esse é seu defeito, você é uma chata em relação a isso, mas no resto... Tenho sorte em receber você em minha casa.

— Eu que sou sortuda demais.

— Lauren te contou sobre a faculdade?

— Sim. Estou tão animada por ela, espero que ocorra tudo bem.

— Eu também.

Ficamos ali e assistimos o final do jogo, depois os outros acordaram e tomamos café.

×××

Lauren falava com a coordenação na faculdade, perguntava o que precisava levar e os horários das aulas. Ela encerrou a ligação.

— E então?

— Bom... Basicamente se eu levar um laptop não preciso me preocupar com mais nada.

— Ótimo.

— Ela vai me mandar um e-mail com o cronograma de aulas e material.

— Perfeito. – Peguei o papel que estava na mesinha de centro. — Eu apressei as coisas, agora com a faculdade você vai ficar sem muito tempo e o Patrick vai ter um derrame de tanto nervosismo. – Encarei os olhos dela atentos a folha. — E eu também estou com pressa, falei direto com o juiz e já é processo ganho. Só precisamos preencher essa folha.

— Tudo bem. – Ela levantou. – Vou pegar o documentos que pedem aí.

— E eu vou preenchendo minha parte enquanto isso. – Ela assentiu, não costumo tomar iniciativas nas demonstrações de afeto, mas com a empolgação de registrar o menino e estar cada dia mais apaixonada por Lauren, a puxei pelo braço para dar um selinho nela, mas ela apenas gritou e me acertou um tapa estalado no rosto.

— Oh meu Deus, Camila. Me desculpa, eu não... Me desculpa.

— Está tudo bem. – Falei acariciando onde ela acertou. — Só vou ficar cega desse olho. – Ela sorriu.

— Me desculpa, Camila. Foi impulsivo. – Fui tocar seu rosto, mas contive minhas mãos.

— Não me peça desculpas, foi um ato bem idiota de minha parte.

— Pensei que isso tinha acabado. – Lauren olhou para o tapete ao meu lado. — Pensei mesmo que essa fase tinha acabado.

— Você está nervosa, Lauren. Faculdade, estamos dando um passo na nossa relação, é normal ficar receosa. Não se martirize, eu gosto de levar uns tapas às vezes.

— Não é engraçado, Camila.

— É sim, Lo. Não fica assim, é um momento feliz. – Segurei a mão dela com cuidado e acariciei. — Vai pegar os documentos, nada aconteceu.

Ela levantou e caminhou até as escadas. Pressionei minha língua contra a parte interna da minha bochecha, essa mulher é muito forte. Vou ficar sem maxilar da próxima.

×××

Sai da casa de Lauren e tinha mais três horas até buscar Doninho na casa de Nicole. Fui a um clube, tomar um banho de piscina, pois a do meu prédio está interditada... Desde que me mudei para ele. Preciso mesmo trocar de apartamento.

— Chefe! – Olhei para o lado e Cory estava ali.

— Monteith! Curtindo a folga?

— Sim. Minha esposa está viajando com nossa filha e fico me sentindo estranho na casa sem elas. – Ele disse olhando para a água.

— Elas estão aonde?

— Na casa dos pais da minha esposa. Fica perto, mas eu sinto falta.

— E porque não vai ver elas?

— Estou de plantão.

— Nossa... Eu não sabia que vocês iam viajar.

— Mas ela foi porque eu estou de plantão. Ela fica irritada comigo, está tudo bem, amanhã a tarde elas voltam. – Assenti.

— Eu não me lembrava que você tinha uma filha.

— Ela está com sete anos já.

— Eu sempre quis uma garotinha, quando minha ex-esposa engravidou eu achei que era, mas veio meu garotão e foi tão incrível quanto, não estou reclamando, mas eu achei que era garota.

— Mas você ainda pode ter, nós já estamos tentando um menino também. – Fiquei encarando ele por um tempo.

— Talvez.

— Você está com aquela moça que resgatamos naquela vez ainda?

— Estou. – Sorri para ele.

— Deve ser complicado.

— Já foi mais complicado.

— Não deve ser uma relação convencional.

— Não é uma relação ainda, estamos vendo no que vai dar. – Ele assentiu.

— Apesar que... Relação convencional é quando as duas pessoas se gostam. Vocês se gostam, pois já faz um tempão e ainda estão lutando por isso. Eu gosto de quando as pessoas lutam pelo amor, horrível ver as pessoas de hoje em dia desistindo tão fácil das coisas. Como se nada tivesse valor... E não tem, pois se tivesse elas estariam ali, na luta, não importa a dificuldade que se enfrente.

— Acho que você é um dos poucos que pensa assim, meus amigos me acham bem idiota por estar tentando.

— Eu te acharia idiota se desistisse dela, pois está na cara que você gosta dela.

— Como não conversamos esse tempo todo?

— Não sei, mas hoje a noite podemos ir a uma balada e conversar mais.

— Sua mulher não vai ficar irritada?

— Ela disse que se eu sair com alguém responsável não tem problema... E você é minha chefe, tem como ser mais responsável que isso?

Sorri e neguei, acabei aceitando o convite para sair um pouco.

REMOnde histórias criam vida. Descubra agora