Capítulo 86 - Ele

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Camila Cabello  |  Point Of View





Estávamos na casa de Demi. Lauren tem uma expressão estranha e não sorriu desde que chegamos. Pat está com Selena no escritório dela, já faz uma hora, mais de uma hora na verdade.

— Ele está demorando. – Lauren disse e eu assenti.

— Selena é ótima. Não se preocupem, ela estagiou com crianças e se saía muito bem com elas.

— Eu sei, mas Lauren e Adônis não acham uma boa ideia. Nem Pat gostou.

— É necessário.

Depois de mais dois cafés, Pat entrou na sala, tinha uma expressão tristonha e correu para Lauren, a abraçando e chorando demais.

Selena me chamou e caminhei até o escritório com ela.

— Camila... Esse menino tem muitos problemas. De confiança, de autoestima e tem fortes recordações da vida com o pai.

— Sabia que não era pouca coisa, mas Lauren não queria ele assim. – Falei apontando para sala, onde Adônis e Lauren tentavam acalmar a Pat.

— Você está salvando a vida desse menino. Eu não sei o que poderia acontecer se não acompanhássemos ele. A primeira coisa que vocês devem fazer... É levar ele ao túmulo do pai dele.

— O QUE?

— Camila, ele precisa enterrar o passado, ele me falou muito sobre o pai dele e foi como se ele pudesse o fazer mal.

Patrick precisa entender que não vai acontecer, não tem possibilidade do pai voltar.

— Lauren vai detestar isso.

— Só uma dica médica e é a primeira, conforme for passando vou pedir mais coisas. Vocês precisam levar isso a sério.

— Está me pedindo para levar meu filho ao encontro do psicopata que eu matei. Acha que vai ser simples? A Lauren vai ficar em frente ao túmulo do cara que torturou ela... Acha que vai ser legal?

— Lauren não precisa ir... Mas uma de vocês tem que ir. Ele precisa sentir o apoio de vocês. – Ela me encarou por um tempo.

— O que?

— Tem outra coisa que ele falou muito.

— No que?

— Na sua morte. – Um frio percorreu minha espinha.

— Como assim?

— Ele entende seu trabalho, Camila. Ele sabe que cada vez que você sai pode ser a última que vai te ver. Ele que me falou isso, disse que ama a Papa e a Mama dele, mas tem muito medo que tudo acabe. Viver com vocês é um paraíso pra ele, e ele fala sobre seu trabalho de maneira agoniada. Ele é um ótimo menino, Camila, mas é uma bomba relógio.

— Tão grave assim?

— Se trabalharmos duro conseguiremos. – Assenti, e abracei Selena.

— Obrigado.

— É uma honra, Capitã.

Fui até a sala e Pat ainda chorava. O peguei no colo e ele abraçou meu pescoço.

— Ele não vai voltar.

— Você não sabe se vai.

— Eu sei. – Olhei para Lauren. — Você fica um pouco aqui. Quero levar ele a um lugar.

— Claro.

Ela nem me questionou, então fui com ele para o carro e liguei para Normani, perguntando onde haviam enterrado
Duhamel.


×××


Cheguei ao cemitério e novamente peguei Pat no colo, ele está muito pesado, enorme.... Mas fica como um bebê quando se fragiliza por conta do pai. Fui até o pavilhão que Normani indicou e procurei pelo nome dele.

— Olha aqui. – Meu Deus... Que isso funcione. — Olha, garotão.

— É ele... – Ela falou tocando o retrato da lápide. — Mas ele morreu? Morreu mesmo? Não é só tipo só pra mim?

— Não. Ele está morto e nunca mais vai poder fazer mal a ninguém perto de você. Muito menos a você.

— Nunca mais... – Ele tocou novamente a foto. — Ele morreu... Como ele morreu?

— Bom... Ele era uma pessoa que fazia muitas maldades, tipo de maldade que outros criminosos não perdoam, então
eles acabaram batendo muito nele. Foi assim.

— Hum... – Ele limpou o rosto. — Ele não vai mais poder me tocar. Isso que importa. – Ele me encarou. — Você é minha papa. Só você... Ele nunca foi nada meu. Só você.

— E você é meu filho. Legítimo... Não importa o que falem. – Ele sorriu e colou a testa na minha. — Eu não sei como sua mama vai enxergar isso. Vamos voltar.

No caminho recebi uma mensagem de Lauren me comunicando que estava indo para casa. Mudei a rota e logo estava lá com ela. Pat abraçou ela e Adônis e o puxou pela mão para o quarto. Lauren ficou me encarando.

— Foram aonde?

— Não fique nervosa, por causa da nossa menininha. – Ela sentou. — Olha... Selena falou que para ele se libertar do pai, precisava ter certeza que ele estava morto.

— Você levou ao túmulo dele?

— Exatamente. – Ela me encarou por um tempo.

— Minha psicóloga disse o mesmo, mas não tive coragem. Como ele reagiu?

— Bem diferente do que eu esperava. Ele falou que eu sou a única papa dele. Não teve choro... Ele perguntou como ele morreu, me enrolei um pouco, mas acho que ele aceitou.

— Será que vai funcionar?

— Espero que sim. Selena falou com você?

— Sim. Ela me explicou, mas não esperávamos você ir lá.

— Se você quiser ir... Eu levo você.

— Não sei.

— Acho que com sua gravidez assim é melhor esperar. Mais pra frente se quiser ir levo você. O que me diz?

— Concordo. – Me deitei no sofá e fiquei de frente pra ela, acariciando sua barriga ao perto do meu rosto.

— E você, minha princesinha? Como está? – Encostei minha orelha ali. — Minha princesinha vai ser muito mimada. Você sabe que sim, né? – Lauren sorriu e tocou minha bochecha.

— Você é tão fofa, Camz. – Ergui meu rosto.

— Fofa? – Fiz uma careta e ela sorriu, selando nossos lábios.

— Um amor. – Ela me abraçou.

— Acha que ela vai ser apegada a mim?

— Claro que vai, amor. Porque não seria?

— Não sei. Eu fico pouco em casa...

— Isso não impede os meninos de venerarem você.

— Eles estão distantes...

— Camila... O que houve? Você está muito estranha ultimamente. Os meninos não se afastaram. Não pense bobagens.

— Talvez.

Ela me puxou e ficou fazendo carinho nos meus cabelos e beijando minha testa sempre que podia.

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