Capítulo 24 - Senti sua Falta

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Camila Cabello  |  Point of View






Três meses, dois dias, oito horas, quinze minutos e quarenta segundos... Contados e contando ainda, pois não estávamos no mesmo ambiente. Estou com o carro parado na frente da mansão dos Jauregui, um buquê enorme de flores... Nunca perguntei qual ela gostava, ela não me parece gostar de flores... Que droga! Eu não devia ter trazido flores... Meu Deus, estou sucumbindo de nervosa.

— Pode abrir. – Disse ao segurança e os portão de ferro começaram a se arrastar, pararam quando o espaço era suficiente para eu cruzar.

Eu estava muito ansiosa, torcendo para que ela estivesse bem e que Pat estivesse sorrindo, pois nos últimos dias estava complicado de fazê-lo sorrir. Ele estava com saudade, Mike e Clara estavam bem perdidos sem ela, e eu... Bom... eu nem preciso citar o quanto quero ter ela por perto novamente.

Entrei na mansão e Mike estava na sala, me abraçou e conversamos um pouco. Logo Clara desceu as escadas, nem pareciam as mesmas pessoas, estavam sorridentes e até a casa parecia mais confortável.

— Lindas flores.

— Ela vai achar exagerado? Ela gosta de flores? Eu fiquei arrependida depois, não falamos sobre flores. Acho melhor entregar para a você, Clara. – Ela apertou meu ombro.

— Calma, Camila. Ela gosta de flores. – Ela me olhava e sorria. — Filha a Camila chegou! – Ela disse ao pé da escada e eu fiquei encarando ela por um tempo. Ela estava esquisita.

Quando Lauren apareceu, eu me segurei na guarda do sofá, ela estava de cabelos soltos, não estava com o moletom e vestia um short. A camiseta era comprida e ela estava magnífica. Eu me tremi inteira e não me lembro de ter ficado assim por qualquer mulher que tenha passado na minha vida.

— Minha nossa! Lauren! – Ela sorriu, céus! Eu quero morrer!

— Me arrumei um pouco para você.

— Você está linda. Você é linda, mas está magnífica. – Estendi as flores para ela. — Eu trouxe para você.

— São lindas... Acredita que eu acabei de comentar com minha mãe que nunca tinha recebido flores na vida? Passou em um filme e divaguei sobre isso.

— Que honra, então. – Sorri pra ela e ela entregou as flores para a mãe.

— Aonde você pode me levar? – Fiquei a encarando por um tempo e interpretando a frase.

— Vamos sair?

— Sim. Eu acho que consigo.

— Podemos ir ao cinema e depois jantar. O que acha?

— Gostei da ideia.

— E o Pat?

— Ele não dormia direito, ficou um pouco comigo e capotou.

— Vamos ser só nós duas?

— Sim.

Eu estava muito feliz, nossa... Ela vai sair comigo. É um encontro, não é? Eu vou é levar ela antes que ela desista.

×××

Lauren estava muito melhor, mas ainda tinha medo e ficava encarando os lados sempre. Levantei e a chamei, caminhamos até a última fileira e a fiz sentar bem no último banco.

— Pronto! aqui você tem a visão do cinema inteiro e para alguém tocar em você vai precisar cruzar por mim.

— Isso vai ser bem difícil, não?

— Lógico! Está falando com uma agente que lutou com um homem com o dobro do peso. E eu tinha uma bala no ombro me fazendo sangrar.

— Você fica realmente convencida quando fala do seu emprego. Você realmente é devota a tudo que se dedica.

— Eu passei muito tempo me condenando por ser diferente. – Ela me encarava atenta. — Sofrendo por não ser uma menina ou um menino definido. Parecia que nada ia dar certo pra mim. Ai eu me casei e logo segurei o Doninho... Nossa, me senti muito foda. Ele virou meu amuleto, parece que depois dele tudo mudou, mas não foi, eu só me senti suficiente quando ele nasceu e agora eu consigo me ver uma pessoa normal.

— Foi difícil na adolescência?

— Sim. Por mais que eu ficasse com as garotas e fizesse certo sucesso... Eu não me bastava entende?

— E quando entrou na policia?

— Nossa! – Ela sorriu. — Eu me senti útil. Como quando trocava o Doninho, sabe? Era incrível, eu salvava vidas e quando me chamaram para a SWAT... Eu quase morri de felicidade.

— Agora me diz uma coisa... Como em vários agentes, várias organizações... Várias coisas indo contra, como você conseguiu me salvar? Você ainda se preocupou comigo e ficou até no hospital por perto.

— Eu não sei, Lauren. Eu fiquei com tanta raiva naquele dia, eu queria poder entrar na cabeça de vocês todas e arrancar tudo de ruim que passaram. Eu me senti culpada por não ter resgatado vocês antes.

— Não estava em sua alçada.

— Mas me senti! Eu me sensibilizei com você, mas fui me apaixonando depois. Eu fiquei submersa naquela missão por muito tempo, eu fiz questão de prender quem o fez e faltava encerrar esse ciclo sabe? Pensei em me afastar, mas quem disse que eu consegui, cada dia eu estava mais próxima a vocês e com mais vontade de te ajudar.

— Eu senti sua falta. – Sorri pra ela, pois ela disse do nada.

— Eu também senti, Lo. Nossa... eu tinha que consolar o Pat, mas acabava chorando junto com ele.

— Agora eu finalmente fui liberada. Só preciso ver a psicóloga três vezes por mês.

— Menos cansativo que todo o dia, mas você se sente bem?

— Eu só não quero mais ser a vítima, Camila. Como você mesma disse, eu sobrevivi e preciso fazer algo útil... Eu preciso ajudar outras pessoas.

— Isso é incrível Lo. É isso mesmo, você precisa focar em algo novo.

— Acho que vou escrever um livro. – A encarei por um bom tempo.

— Meu Deus! Que maravilha, Lauren, nossa... Queria abraçar você. Saiba que queria ter te abraçado agora. Parabéns
mesmo. – Estendi minha mão e ela tocou a minha.

— Acha mesmo que pode ser bom?

— Claro! Vai ser um peso a menos nas suas costas e também um alerta para todos os pais... Para as próprias adolescentes. Isso vai ser fantástico não devia ter me contado, pois agora vou te incomodar até fazer. – Ela sorriu.

— Pode cobrar.

Arrumei minha postura e ficamos conversando sobre o livro. Fiquei achando incrível e feliz por ela estar melhorando.

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